— Vai ficar tudo bem, Charlie, eu prometo. — Morgan sussurrou contra o cabelo de Charlie, no momento em que ambos se sentaram na sala de espera da emergência do hospital veterinário mais próximo, mesmo sabendo que não tinha como garantir isso a Charlie.
Nada naquela situação fazia muito sentido: Sawyer estava ótimo naquela manhã, quando Charlie tinha saído para ir a aula e agora, de repente, precisou ser atendido no pronto-socorro. Ele não era um veterinário, mas provavelmente doenças podiam ser tão imprevisíveis em animais quanto em humanos. Porém, ainda assim... Algo lhe dizia que alguma coisa estava errada.
— Isso é tudo minha culpa... — Charlie soluçou contra seu peito, fazendo com os pensamentos dela imediatamente se voltassem apenas para ela — Se eu não tivesse sido tão desatenta nos últimos dias e não ter perdido tanto tempo reclamando que ele não gostava de mim tanto eu queria, eu poderia ter percebido que alguma coisa estava errada... Eu poderia...
— Não, Charlie... — ele sussurrou, tentando acalmá-la — Nada disso é culpa sua. Ele estava bem quando você saiu hoje de manhã e eu também não notei nada de anormal quando passei em casa à tarde, antes de ir buscar você. Com certeza não era algo que poderíamos ter evitado, então, por favor, não se culpe. — ele pediu, sentindo seu coração se partir um pouco mais a cada nova lágrima que escorria pelo rosto dela — Sawyer vai ficar bem, eu garanto.
— Mas e se ele não ficar...? — ela choramingou, não parecendo querer saber a resposta daquela pergunta — E se ele...?
— Não pense assim... — ele beijou sua testa, enquanto começava a tentar enxugar suas lágrimas.
— Eu fiquei tão feliz quando você me deu ele, porque pensei que finalmente poderia voltar a estar rodeada por animais, como eu vivia antes do meu avô morrer... E agora isso... — ela murmurou, enquanto todo o seu corpo balançava por causa dos soluços — Eu... Eu não quero perder mais ninguém.
— Eu sei.
— Eu só queria ter mais tempo com ele... — ela chorou, desolada — Assim eu poderia mostrar a ele como eu o amava. Nem sequer importa se ele gosta de mim ao não...
— Eu sei como você se sente... — Morgan suspirou, colocando uma verdade mais profunda dentro daquela frase do que pretendia — E por isso que eu sei que vai ficar tudo bem. Você e Sawyer ainda tem muito tempo pela frente juntos, Charlie. Em breve, tudo isso não vai ter passado de um susto.
Descansando o rosto dela confortavelmente contra seu ombro, Morgan deixou que ela chorasse o quanto fosse necessário, enquanto o tempo se passava e, mesmo assim, ninguém aparecia para dar notícias a eles sobre seu gato. Por fim, após uma infinidade de ofegos e soluços que aos poucos foram diminuindo, Charlie pareceu se acalmar um pouco, ou pelo menos o suficiente para erguer a cabeça e começar a tentar enxugar seu rosto inchado de tanto chorar.
— Droga, eu arruinei sua camisa... — ela se desculpou, com a voz baixa e rouca, ao perceber que o tecido por cima do ombro dele estava completamente úmido — Sinto muito...
— Isso não importa. — ele dispensou o assunto, dando um beijo em sua testa, que estava um pouco mais quente do que o normal — Se sente melhor?
— Melhor não, mas um pouco mais calma, sim. — Charlie contou, esfregando seus olhos com força — Sinto muito, você deve estar me achando ridícula... Eu sei que as outras pessoas devem achar que é exagero chorar tanto assim só por um gato que eu tenho há menos de duas semanas...
— Outras pessoas podem achar isso, mas eu não eu. — Morgan discordou, veemente — Eu conheço você, Charlie. Sei que você passou a amá-lo com todo o coração no momento em que o viu pela primeira vez. E os únicos que deveriam ter vergonha por julgar um amor assim, é quem não tem um coração grande o suficiente para carregar tanto afeto, quanto você. — ele assegurou, fazendo-a sorrir — Ele é seu gatinho e uma parte sua. Não se desculpe por estar com medo de perder alguém que você ama, não importa se ele tem duas pernas ou quatro patas.
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Como Seduzir o Seu Marido
RomanceDesde os 17 anos, Charlie Foster é apaixonada por Morgan Sullivan, o gentil sócio de seu pai que rapidamente se tornou seu melhor amigo. Agora, aos 20, e depois de várias tentativas frustradas de fazer Morgan vê-la como mulher, Charlie se vê impedid...