Capítulo 4 - Morgan

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Havia muitas coisas que Morgan esperava de Anthony Manson, desde contravenção até ele tentar burlar o contrato dos dois e conseguir dinheiro de maneiras ilícitas. O que, sendo sincero, ele até mesmo sabia que Anthony estava tentando encontrar maneiras para fazer, mas não conseguia por conta de sua vigilância.

Porém, ele jamais esperaria que seu sócio morresse daquela maneira repentina.

Sentado na sala de espera do hospital, com uma Charlie abatida aconchegada em seu colo, Morgan encarou a porta por onde o médico do pronto-socorro havia acabado de sair, depois de lhes dar a notícia que Anthony havia falecido depois de um infarto fulminante. De fato, ele já estava morto antes mesmo deles conseguirem uma ambulância para tirá-lo da mansão.

Com a cabeça dolorida por toda aquela situação, Morgan buscou em sua memória qualquer indício de que Anthony pudesse estar doente ou se sentindo minimamente mal nos últimos dias, mas não achou. Ele parecia igual ao que sempre foi: obcecado pelo trabalho e pronto para arrancar cada centavo de quem se descuidasse perto dele. É claro que infartos podiam acontecer a qualquer momento, mas ainda assim, ele nem sequer sabia que Anthony tinha qualquer problema cardíaco e agora, tão repentinamente... Ele estava morto.

E Charlie havia perdido seu último parente de sangue.

Sentindo seu coração apertar ao vê-la apoiar a bochecha contra seu ombro, enquanto soluços ocasionais faziam seu corpo estremecer, Morgan a abraçou com mais força, desejando ser capaz de impedir que toda aquela dor a alcançasse. Porém, como tudo o que ele podia fazer era ficar ao seu lado, como havia lhe prometido mais cedo, ele apenas beijou sua testa, ansioso por consolá-la de alguma maneira.

— Vai ficar tudo bem, eu prometo... — ele murmurou contra o cabelo dela, de maneira quase inaudível.

— Mas que merda... — Charlie lamentou, fechando as mãos em punhos contra o peito dele — Eu sei que eu sempre o xingava e reclamava da personalidade dele, mas... Eu nunca quis que ele me deixasse. Nunca nem sequer tivemos a oportunidade de ser pai e filha de verdade...

— Eu sei, querida...

— Acho que uma parte minha sempre quis que, algum dia, magicamente, ele passasse a se importar, apesar de eu não querer admitir isso nem para mesma... — Charlie desabafou contra seu pescoço, com a voz embargada — Quer dizer, como eu poderia simplesmente dizer para o meu avô que queria ser próxima do homem que tinha se casado com minha mãe apenas por causa do dinheiro dela e traído ela durante a gestação inteira, até que ela morresse sozinha no meu parto, enquanto ele estava desperdiçando o patrimônio dos Foster por aí? Eu sempre soube que tipo de pessoa era. Não apenas por conta de tudo o que meu avô me contava, mas também porque ele nunca ligou para mim. Nunca me visitava, nunca ia às minhas festas de aniversário, nunca me visitava... Eu era apenas uma criança indesejada que ele foi forçado a ter para garantir uma fortuna. — ela engoliu em seco, amargurada — Mesmo quando eu era muito criança, eu sabia que Anthony não merecia ser chamado de pai...

— Você teve o seu avô. — Morgan beijou sua têmpora, enquanto a apertava ainda mais contra seu peito — Isso é tudo o que importa.

— Sim. Aiden Foster foi o melhor pai que eu poderia ter tido. — ele a ouviu murmurar tristemente — É por isso que eu nunca quis ter nada a ver com Anthony e mantive o máximo de distância dele. O que também era o que ele queria de mim, diga-se de passagem. Talvez, se vovô não tivesse morrido e eu tivesse sido forçada a morar com ele até completar 21 anos, nós dois ainda fingindo que o outro não existia... — Charlie choramingou e, em sua voz vacilante, Morgan pôde ouvir seu coração se partindo — Talvez eu ainda estivesse secretamente fantasiando que, um dia, ele decidiria que gostaria de ser meu pai de verdade. Mas, agora... Isso realmente nunca vai acontecer.

Como Seduzir o Seu MaridoOnde histórias criam vida. Descubra agora