Capítulo 26 - Morgan

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12 horas inteiras. Esse era o total de tempo que Charlie estava fora de casa, sem que Morgan fizesse a menor ideia de onde ela estava. Era também o máximo de tempo que ele já havia ficado longe dela desde que eles tinham se casado, mas não era hora de pensar naquilo. Batendo a porta do carro ao entrar no banco do motorista, ele pensou em parar por um momento e tentar respirar fundo para se acalmar, mas logo se deu conta de que não havia tempo para isso.

Não até que ele tivesse certeza de que Charlie estava bem e que estava segura.

Quando ela tinha saído de casa naquela manhã, parecendo furiosa e abalada como Morgan jamais tinha visto, ele tinha se convencido de que o melhor era manter distância por algumas horas, para que ambos pudessem se acalmar e colocar a cabeça no lugar certo. Ele achava que saberia onde encontra-la, afinal. Charlie passaria cinco longas horas na universidade e, quem sabe, aquele fosse o período de tempo que ela precisava para pensar no que ele havia dito e reavaliar melhor o que queria. Mesmo que, secretamente, uma parte dele, a parte mais egoísta e visceral, não queria que ela fizesse isso. Havia um lado que queria apenas ceder, tomar Charlie em seus braços e nunca olhar para trás.

Mas Morgan sabia que não podia fazer isso. Ou, pelo menos, achava que sabia. A coisa certa a fazer, aparentemente, era pensar no que era melhor para Charlie. E certamente o melhor para uma jovem de espírito livre e personalidade vibrante como ela não era se relacionar com um velho tolo e apaixonado como ele, que logo começaria a querer algo mais sério e duradouro com ela. Droga, eles mal tiveram alguns poucos momentos de intimidade e ele já estava tendo devaneios sobre tornar aquilo um casamento de verdade e não apenas na cama. E talvez aquela fosse a verdade que ele estava hesitando tanto em admitir para Charlie, não apenas com medo de como ela reagiria, mas também por medo do que aconteceria com ele mesmo, se, no final, ela não quisesse nada além do corpo dele.

Como ele poderia dizer a ela que estava sendo egoísta, pois temia por seu próprio coração? Que aceitar o que ela queria significava que talvez Charlie saísse machucada, mas, quando se tratava dele, aquilo era uma certeza: ele a teria por algumas vezes em sua cama, até que ela se cansasse dele e depois teria que permanecer o resto da vida apenas como seu amigo, quando ele queria muito mais.

Havia uma definição de inferno mais cruel do que aquela?

Bem, aparentemente havia: a versão em que ele não sabia onde Charlie estava. E, pior, ela parecia estar determinada a evita-lo a todo custo. Naquela manhã, quando ele a tinha visto pela última vez, parecia uma excelente ideia simplesmente dar a ambos a manhã inteira para se acalmarem e depois ir até a universidade busca-la, para que pudessem conversar melhor. Mas ali estava ele, com a cabeça explodindo de preocupação e o coração disparado, depois de rodar o campus inteiro e não achar nenhum sinal dela. A única pista que ele tinha era o que Ava, a colega nem um pouco simpática que sua esposa obviamente não gostava, havia lhe dito sobre Charlie ter pegado uma rota diferente de saída, que ela não sabia qual era. E aquela era única coisa útil entre as milhares de insinuações que ela fez para ele, antes de Morgan finalmente perceber que nada mais sairia dali e ir embora.

Apertando o volante quase ao ponto de quebra-lo, ele desobedeceu a todas as regras de trânsito existentes, enquanto acelerava o máximo que o carro permitia, em direção ao abrigo de Vivian. Era ali que Charlie estaria, com certeza. Ele conhecia sua rotina como ninguém e ela nunca perdia um dia de seu trabalho voluntário. Por isso, era ali que ele a encontraria. Ele tinha que encontrar.

Parando na frente do abrigo com um barulho agudo alto enquanto seus pneus deslizavam pelo asfalto, Morgan praticamente arrancou a porta do carro e também a da pequena casa, certo de que devia estar com um olhar quase maníaco no rosto, a julgar pela expressão de Vivian quando ela ergueu a cabeça do computador colocado sobre a mesa de trabalho em que estava sentada, para encará-lo, alarmada.

Como Seduzir o Seu MaridoOnde histórias criam vida. Descubra agora