Capítulo 1 - Charlie

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Um pijama do Bob Esponja, sem sombra de dúvida, não podia ser considerado uma roupa sexy.

Charlie tinha tentado se enganar durante toda aquela semana, quando percebeu que não tinha sequer uma única roupa que poderia fazê-la parecer sedutora, mas, agora, se vendo diante do espelho com a calça folgada e a longa blusa de mangas compridas, ela não tinha como negar.

Não havia como Morgan parar de vê-la como uma criança, enquanto ela continuasse a se vestir daquele jeito.

Bufando, frustrada, ela se trocou rapidamente, deixando o pijama cair sobre a pilha torta de roupas amassadas em uma das cadeiras de seu quarto. Com sorte, talvez ela conseguiria passar em alguma loja para comprar algo que a valorizasse um pouco mais, antes que Morgan a visitasse naquela noite. O fim da puberdade havia sido muito favorável para ela, apesar de seu melhor amigo parecer não perceber isso.

Às vezes era difícil acreditar que ela e Morgan se conheciam há apenas 3 anos, ao invés de uma vida inteira. Desde seus 17 anos, era ele quem tornava aquela casa e a presença de seu pai e sua madrasta minimamente suportável. Ela estava naquela mansão há menos de 6 meses quando eles se conheceram e, se Morgan não tivesse insistido em visitá-la e tornar sua vida muito mais feliz, mesmo que para isso tivesse que aturar as investidas de Samantha e a ganância de Anthony, ela certamente já teria ficado louca.

Se ele ao menos se desse conta que poderia tornar sua vida infinitamente melhor com alguns beijos...

Era compreensível que ele se mantivesse fisicamente distante quando eles estavam se conhecendo e ela tinha apenas 17 anos, mas... Droga, ela estava completando 20 anos naquele dia. Talvez não fosse idade o suficiente para finalmente receber a herança de seu avô e se livrar daquele inferno em formato de casa, mas certamente já era idade o suficiente para saber o que ela queria.

E o que ela queria era estar nos braços dele. De todas as maneiras possíveis. De preferência não apenas sem aquele pijama ridículo, mas sem qualquer roupa. Em nenhum dos dois.

Com mais um suspiro frustrado, só que dessa vez por um motivo completamente diferente, Charlie agarrou sua mochila ali perto e saiu de seu quarto, trancando a porta atrás de si para evitar que Samantha pudesse tentar lhe pregar alguma peça enquanto ela estivesse fora. A relação entre elas nunca havia sido exatamente pacífica, mas parece que saber que Morgan preferia muito mais a companhia de Charlie a dela havia ferido mortalmente seu ego. O mesmo ego que era o equivalente a 90% do corpo de Samantha e sua personalidade. Desde então, durante os últimos três anos, ela fazia questão de separar um momento de seu dia apenas para atormentar Charlie o máximo possível.

— Indo correr atrás do Sr. Sullivan de novo? — ao som da voz venenosa atrás de si, Charlie revirou os olhos; aparentemente, de fato não se podia pensar no diabo sem que ele aparecesse — Quando vai se dar conta de que garotas insossas não são o tipo dele?

— Eu não sei, Samantha... — com um meio sorriso, Charlie se virou para encarar a mulher loira, envolta em uma vestido de seda e mais joias do que parecia possível que um ser humano poderia suportar no pescoço, que a olhava com puro desprezo — Diferente do que aconteceu com você, ele nunca me disse isso diretamente.

— Oh, é mesmo? — sua madrasta tentou disfarçar a careta de irritação com um sorriso maldoso — E o que ele disse a você? Que via você como um bebê estúpido ou uma criancinha inconsequente?

— O que Morgan me diz ou deixa de dizer não tem nada a ver com você, Samantha. — sem se deixar abater pelas provocações dela, Charlie fez questão de abrir um largo e luminoso sorriso, deixando claro que Morgan jamais havia lhe dito qualquer coisa negativa — Talvez, se você se preocupasse mais com o que Anthony tem a dizer, ao invés de insistir em se preocupar apenas com o sócio dele, Morgan não olharia você com tanto desprezo. Oh, e, se bem me lembro, ele mesmo disse isso a você, com todas as letras, da última vez em que vocês dois se encontraram e você tentou se jogar em cima dele. Tudo isso depois de ele ter gentilmente te lembrado que você é uma mulher casada, é claro.

Como Seduzir o Seu MaridoOnde histórias criam vida. Descubra agora