Capítulo 50 - Morgan

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Todos os livros e artigos científicos que Morgan havia lido sobre bebês durante a gravidez de Charlie diziam que, para que seu filho dormisse bem, era importante criar um ambiente calmo e silencioso na hora da soneca. Porém, sua esposa não era muito boa nisso.

— Você passa o dia inteiro sujando a fralda e vomitando... — ele a ouviu brincar dentro do banheiro da suíte, com os sons de beijos molhados enchendo o ambiente — Como consegue cheirar tão bem?

Ao ouvir a gargalhada contente de sua filha, Morgan não pode deixar de sorrir, mesmo sabendo que toda aquela agitação faria Poppy levar muito mais tempo para pegar no sono. Mas, bem, ela era filha de Charlie, então, obviamente, não era uma simples mamadeira, um quarto escuro e um pouco de ruído branco que iria magicamente diminuir a energia infinita que tinha dentro de si.

Ouvindo seu filho dar um longo bocejo, Morgan desviou a atenção para Patrick que, depois um banho relaxante e de ter vestido seu pijama, estava claramente pronto para dormir, muito diferente de sua irmã gêmea. Sentindo seu coração derreter como sempre acontecia quando ele olhava para seus filhos, Morgan o levantou do trocado, ninando-o por um momento entre seus braços, enquanto distribuía beijos suaves por sua cabecinha coberta de cabelos castanhos. Diferente de Poppy, que aos quatro meses ainda tinha poucos fios negros crescendo em sua carequinha, Patrick tinha os cabelos cor de chocolate grossos e levemente encaracolados exatamente iguais aos de sua mãe, apesar da pouca idade. E Charlie não estava mentindo ao dizer que cheirava maravilhosamente.

— Se você continuar movendo os braços desse jeito, vai acabar voando como um passarinho. — ele ouviu a esposa dizer, um pouco sem fôlego, antes de sair pela porta do banheiro com a filha dos dois se revirando nos braços, olhando tudo ao redor como se fosse a primeira vez — Deus, como uma coisinha tão pequena pode ter tanta energia?

— É o que eu me perguntava o tempo todo, quando conheci você. — ele brincou, fazendo Charlie bufar.

— Eu daria uma cotovelada em você, se a sua filha não estivesse girando como um peão. — ela resmungou, caminhando até o berço de Poppy — Vamos lá, amorzinho, está na hora de você e seu irmão dormirem... — assim o corpinho da bebê encostou no colchão, porém, ela começou a chorar alto, fazendo Patrick se revirar nos braços de Morgan — Oh, querida, por favor... Eu e seu pai carregamos vocês dois no colo o dia inteiro. Também precisamos de uma pausa, sabia?

— Patrick está quase pegando no sono. Por que você não coloca ele para dormir, enquanto eu cuido da Poppy? — Morgan ofereceu, fazendo-a suspirar de alívio imediatamente — Ela é minha filha, afinal. — ele brincou.

— Só quando eu estou cansada demais para lidar com esse furacãozinho. — dando um último beijo em Poppy, Charlie a deixou choramingando no berço, indo tirar o filho dos braços de Morgan — Vamos, meu anjinho. Você é calmo e obediente como a mamãe, não é? Não puxou ao impulsivo e energético do seu pai...

Rindo, Morgan apressou-se em ir até sua filhinha chorosa, começando a beijar sua bochecha gordinha até que ela estivesse risonha e brincalhona mais uma vez. Olhando para aquele rosto rosado, apesar dos gêmeos estarem crescendo mais rápido do que ele gostaria, era como se Morgan fosse transportado para o momento exato em que eles nasceram, 4 meses e 16 dias atrás. É claro, por causa das ultrassonografias, ele e Charlie já sabiam que seriam pais de dois bebês, e estavam vivendo todos os medos, inseguranças e alegrias que isso trazia. Porém, o médico os havia preparado para a possibilidade de Poppy e Patrick acabarem nascendo prematuros e terem que passar algum tempo em uma incubadora, antes de poder ir para casa com eles. E foi exatamente isso o que aconteceu.

Depois de terem ficado nos braços dele e de Charlie por alguns minutos, eles passaram os próximos cinco dias cada um em uma caixinha transparente. Foram longas e quase insuportáveis 120 horas em que Morgan havia praticamente montado guarda na maternidade, esperando que Charlie se recuperasse da cesariana e visitando seus filhos com frequência o suficiente para deixar as enfermeiras até mesmo um pouco irritadas. Felizmente, Poppy e Patrick era tão fortes e determinados quanto a mãe e foram liberados até mesmo antes do que os médicos esperavam. E, por mais que alguns dias ter dois bebês fosse exaustivo e um peso quase grande demais para recarregar, sempre que ele se lembrava de suas minúsculas figuras quando nasceram, pequenas o suficiente para quase caberem perfeitamente em sua mão, uma parte dele não conseguia deixar de ficar feliz e orgulhosa ao ver seus bebês gordinhos e saudáveis rindo e se agitando ao redor.

Aquilo era ser pai, ele tinha descoberto nos últimos quatro meses: estar morrendo de cansaço, em estado de preocupação constante e explodindo de amor, tudo ao mesmo tempo.

— Esse é o meu menininho... — ele ouviu Charlie elogiar e se virou para ver Patrick dormindo pacificamente no berço.

— Está na hora de você fechar seus olhos também, mocinha... — Morgan murmurou no ouvido da filha, observando-a lutar para se manter acordada, mesmo que não estivesse sendo muito bem sucedida — Isso, minha princesa... Durma um pouco para recarregar suas energias e poder brincar muito mais, amanhã.

— Como se ela precisasse recarregar... — Charlie gargalhou baixinho, quando ele finalmente conseguiu deitar Poppy no berço sem que ela despertasse — Mas, ao menos agora podemos tirar um cochilo também... — ela estava esticando as costas, quando seus olhos de repente pararam na entrada do quarto dos bebês, se estreitando imediatamente — Aí está você!

Confuso, Morgan virou a cabeça na direção de onde ele estava olhando e viu Sawyer parado ali perto, afastando-se assim que percebeu que eles o tinham visto, balançando a cauda como se não desse a mínima para nada no mundo.

— Você acha mesmo que ele está fazendo isso? — ele questionou a esposa, rindo.

— Só tem uma forma de descobrir! — Charlie esfregou as mãos, conspiratória — Vamos para o nosso quarto! E não se esqueça de deixar a porta entreaberta.

Na ponta dos pés, os dois se afastaram do quarto dos bebês, precisando apenas atravessar o corredor de sua casa para chegar até a suíte que dividiam, ligando o ponto da babá eletrônica que havia ali imediatamente. Por algum tempo, a pequena tela apenas mostrou os gêmeos dormindo pacificamente e Morgan chegou a imaginar que os miados que eles tinham ouvido algumas vezes fossem apenas uma impressão. Porém, quando a fresta que estava aberta na porta do quarto cresceu um pouco mais, não havia dúvidas: Sawyer tinha voltado para o quarto e estava escalando os móveis que havia lá um por um, até finalmente chegar ao local onde o berço de Poppy estava, encostado contra uma das paredes.

Rindo, os dois observaram o gato esticar a patinha e pousá-la suavemente na cabeça do bebê, lambendo um pouco logo em seguida, antes de pular até o berço de Patrick e fazer o mesmo com ele.

— Eu sabia que esse pequeno resmungão não odiava os bebês coisa nenhuma! — Charlie exclamou, como se aquele fosse um momento de glória — Espere só até eu contar a ele amanhã que agora sabemos que ele vai todas as noites fazer carinho escondido neles!

— Eu não sei se ele vai entender o que você disser... — Morgan gargalhou — Mas, faça mesmo assim. Vai ser divertido.

— Você que acha que ele não nos entende! — ela bufou, se jogando na cama de casal pesadamente, fazendo que o roupão que usava praticamente se abrisse — Ele gosta de manter essa pose de malvado e rabugento, mas, amanhã, eu vou acabar com isso!

— É claro que vai... — ele a incentivou, indo se deitar ao lado dela para poder beijar seu pescoço.

— O que é isso, Sr. Sullivan? Está tentando me seduzir? — ela brincou, com os olhos castanhos muito pesados.

— De maneira nenhuma. O única de nós dois que tem talento para isso é você. — ele negou, abraçando-a contra seu peito — Além disso, eu não teria energia para isso, nem se quisesse. E, além disso, lembre-se do que o médico disse: temos que voltar a fazer amor aos poucos e com cuidado.

— Ele disso isso há um mês inteiro, atrás... — ela começou a reclamar, mas foi interrompida por seu próprio bocejo.

— Está na hora de você fechar seus olhos, mocinha... — com os próprios olhos já fechados, ele repetiu para ela o que havia dito a Poppy, fazendo a esposa bufar.

— Bem, você tem sorte que eu estou um pouco cansada demais para isso agora, marido... — ela resmungou, descansando o rosto contra o ombro dele — Mas prometo que, amanhã mesmo, vou acordar pronta para seduzir você de novo...

— E eu vou estar esperando ansiosamente por isso, esposa. — ele prometeu, dando a ela um beijo de boa noite.

Como Seduzir o Seu MaridoOnde histórias criam vida. Descubra agora