Capítulo 33 - Charlie

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Fazia apenas três dias desde que tinha recebido a notícia sobre a perda do abrigo, mas, para Charlie, parecia ter se passado um século. E cada novo momento era um misto angústia e pavor de que, a qualquer momento, alguém surgiria exigindo que eles colocassem mais de 70 animais indefesos no meio da rua, para que o novo proprietário pudesse tomar posse. Oliver, o marido de Vivian, e os advogados que Morgan tinha se disponibilizado para ajudar no caso estavam fazendo o melhor que podiam, mas... Apesar de ser injusto e revoltante, tudo havia sido feito dentro da lei e, por isso, não parecia haver muito que eles pudessem fazer. Ela até mesmo tinha dado a ideia de eles fazerem um abaixo-assinado com assinaturas da pessoas da comunidade ao redor para tentar convencer os funcionários da banco da importância do local, mas os advogados não pareceram achar que isso seria algo útil. Não parecia existir salvação para o abrigo, afinal.

Por isso, ela tinha decidido ir até o escritório de Morgan naquele dia, para dizer que aceitaria a ideia dele de fazer uma proposta melhor que a da outra pessoa que estava tentando comprar o terreno do abrigo. Era a melhor opção que eles tinham. Talvez a única, na verdade. E, além de tudo isso, eles estavam falando de Morgan. Ele era a pessoa mais gentil e altruísta que ela conhecia. Era praticamente impossível que qualquer coisa de ruim aconteceria, se ela dependesse dele para resolver esse problema.

Mas isso era justamente o que estava corroendo-a por dentro: ela ia depender dele. De novo. Como se ela fosse a criança e ele o adulto. Como se ele fosse o único capaz de ajudar e resolver os problemas em que ela se metia, enquanto Charlie... Era apenas ela mesma.

Segurando a alça de sua bolsa ainda mais apertado, quase ao ponto de fazer suas mãos doerem, Charlie tentou lançar aquelas inseguranças idiotas para longe de sua mente e ser mais otimista. Morgan tinha dinheiro o suficiente para aumentar em até quatro vezes a proposta de compra que havia sido feita, o que significava que o abrigo estava a salvo. E em menos de um ano, ela também teria dinheiro o suficiente para se equiparar a ele e os dois seriam iguais, finalmente. Ela seria capaz de fazer as coisas para ele tanto quanto ele fazia por ela. Naquele mesmo dia, inclusive, ela daria o primeiro passo para provar isso. Não era muito, é claro, já que era muito mais um empurrãozinho para jogar Morgan na direção certa do que um presente de verdade, mas... Ainda assim, ela esperava que ele gostasse.

Finalmente passando pelas portas de vidro do prédio onde ficava o escritório de Morgan, Charlie se recusou a se deixar intimidar enquanto andava até o balcão de informações na recepção, embora ela tivesse que admitir que as paredes de mármore e os detalhes em vidro, quando comparado com as roupas simples e baratas que ela estava usando, eram um pouco intimidadores. Assim como o olhar que a recepcionista, uma mulher loira de meia-idade usando uma maquiagem impecável e um terninho perfeitamente alinhado, lhe lançou ao vê-la se aproximar.

— Olá. — Charlie sorriu, tentando ser o mais simpática possível, embora a única reação que conseguiu foi que a mulher erguesse uma sobrancelha, medindo-a de cima a baixo — Meu nome é Charlotte Sullivan e eu gostaria de ver meu marido, Morgan Sullivan, no décimo quinto andar, por favor. Poderia avisar a ele que eu cheguei?

— Você é a esposa do Sr. Sullivan? — a recepcionista perguntou, com um extremamente cético — Sério?

— Sim, eu estou falando sério... — Charlie resmungou, tentando manter a compostura — Pode apenas avisar a ele que estou aqui? Tenho certeza de que ele vai esclarecer esse mal-entendido...

— Oh, claro... — a senhora riu, desdenhosa — É claro que eu vou interromper a rotina atarefada do homem que é dono deste prédio inteiro apenas para avisar a ele que uma adolescente estar dizendo ser sua esposa. — a recepcionista rolou os olhos, voltando a olhar a tela do computador — Escute, queria, se é realmente esposa dele, por que não telefona para ele e pede que ele venha te buscar? Oh, é claro, porque você não tem o número dele...

Como Seduzir o Seu MaridoOnde histórias criam vida. Descubra agora