Capítulo 20 - Charlie

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— Não, nada de massa de bolo para você, Sawyer.

Mesmo com uma das mãos ocupada com a tigela cheia de farinha e ovos que estava misturando, Charlie ainda foi capaz de tirar Sawyer de cima da bancada, impedindo que ele enfiasse o focinho na massa de bolo dentro da assadeira que ela tinha abandonado ali perto.

— Isso não é bom para você. — ela falou, com uma vozinha fofa, mesmo que a expressão no rosto dele não fosse muito amigável — Você tem sua própria dieta especial agora, lembra? — quando Sawyer soltou um miado mal-humorado, Charlie apenas riu, beijando o espaço entre suas orelhas — Pode reclamar o quanto quiser, bebê, mas eu não vou deixar você ficar doente de novo.

Deixando seu gatinho rabugento no chão, perto de onde Matilda estava deitada com as patas para cima, tirando um cochilo, Charlie voltou a sua odisseia de massas de bolo, perguntando-se o que havia feito de errado dessa vez. Como Morgan precisou resolver uma emergência em seu escritório muito mais cedo do que o normal, naquela manhã de sábado, ela se viu entediada e sem nada para fazer, já que todas as suas atividades da faculdade já estavam feitas e aquele era seu dia de folga no abrigo. Por isso, mesmo que uma parte dela estivesse tentando lhe avisar que aquela talvez não fosse uma boa ideia, Charlie resolveu que iria fazer uma surpresa para Morgan e tentar assar uma fornada de cupcakes, seguindo a receita secreta dos Collen que ele tinha lhe ensinado, pouco depois de Sawyer finalmente ter tido alta do hospital veterinário, duas semanas atrás.

Porém, aquilo era muito mais do que uma tentativa de deixa-lo feliz e agradecer por ele ter dividido algo tão importante com ela, Charlie tinha que admitir. Era o primeiro passo que ela daria em semanas para fazer seu plano seguir em frente. Depois do que tinha acontecido com Sawyer, ela simplesmente não tinha conseguido mais reunir forças dentro de si para tentar seduzir Morgan e muito menos quebrar a determinação de ferro que ela estava começando a se dar conta que ele tinha. Tudo o que ela queria, naquelas últimas duas semanas, era apenas ficar grudada o máximo possível a ele, até que eles não pudessem distinguir onde ela começava e ele terminava.

Assim, graças aos esforços dele e a tranquilidade dela, as coisas tinham voltado a ser como era antes. Ele sorria para ela e era atencioso como sempre, mas mantinha uma distância perceptível. Ela podia tocá-lo e conversar com ele o quanto quisesse, mas agora ele mantinha as portas de seu quarto, banheiro e escritório trancadas. Ela tinha pensado que deixar aquela calcinha no travesseiro dele seria o empurrão final que ele precisava, mas ele aparentemente estava decidido a fingir que aquilo nunca tinha acontecido.

Aquele idiota teimoso...

Por isso, ela estava decidida a fazer com que aqueles cupcakes ficassem no mínimo comestíveis, para tentar fazê-lo baixar um pouco a guarda novamente e poder retomar seu plano de onde ele tinha parado. Porém, ao levantar a espátula de dentro da tigela e perceber que aquela massa totalmente líquida estava longe se parece com mistura impecavelmente cremosa que Morgan havia lhe ensinado, Charlie se deu conta de que talvez aquele plano iria demorar mais do que ela esperava. Aquela já era sua terceira tentativa e, mesmo assim, ela ainda havia sequer conseguido chegar no estágio de colocar a massa no fogão. A primeira tentativa tinha virado uma espécie de cimento que a fez decidir jogar tudo no lixo, inclusive a tigela. A segunda parecia um rio poluído, por causa da cor estranha e dos pedaços estranhos que tinham se formado no meio da massa molenga. Ela tinha até mesmo sido teimosa o suficiente para colocar aquilo dentro de uma forma untada, mas tivera coragem de enfiar aquele desastre no fogão de Morgan e ameaçar explodir tudo, na melhor das hipóteses.

Quem tinha achado que aquela era uma boa ideia, mesmo?

Ela estava quase terminando de virar a terceira massa dentro da sacola de lixo, para impedir que Sawyer tentasse roubar um pouco de novo e arruinasse todo o seu período de recuperação, quando seu celular tocou. Deixando a tigela junto com a montanha de recipientes que ela tinha sujado naquele dia, Charlie caminhou até a mesa da cozinha, onde tinha deixado o aparelho carregando. Porém, ao olhar para a tela e perceber que se tratava de um número desconhecido, Charlie hesitou por um momento, perguntando-se quem poderia ser. Mas, ao se lembrar de que havia dado seu número para uma quantidade significativa de documentos e pessoas na faculdade, ela acabou decidindo atender.

Como Seduzir o Seu MaridoOnde histórias criam vida. Descubra agora