Morgan se lembrava de um dia ter ouvido algum investidor idoso e grosseiro comentar que o casamento era uma luta diária. Porém, ele jamais poderia ter imaginado que sua luta seria contra as reações de seu próprio corpo.
Fazia exatamente dois dias que ele e Charlie estavam oficialmente casados e morando juntos sobre o mesmo teto, mas, de alguma maneira, parecia que todo o momento de entrar em seu apartamento era igualmente o céu e o inferno. Respirando fundo antes de girar a maçaneta da porta de entrada, sentindo-se um pouco mais leve por ter finalmente levado a certidão de casamento dos dois para os advogados de Samantha naquele dia, Morgan entrou em casa, sendo recebido imediatamente pelo som de vidro quebrando.
— Sawyer! — ele ouviu Charlie exclamar, aparentemente de algum lugar perto da sala de estar — De novo? Eu acabei de limpar os cacos do outro vaso! Sério, o que você tem contra ornamentos de vidro? Nunca vi você derrubar os de plástico...
— Manhã agitada? — ele sorriu quando finalmente os encontrou, perto da lareira, com Sawyer lambendo uma das patas sobre a mesa de centro e Charlie agachada no chão, cercada pelos restos estilhaçados de um dos vasos que costumavam enfeitar a prateleira acima da lareira.
— Esse gato tem prazer de destruir tudo o que é visivelmente caro. — Charlie estreitou os olhos para o gato, que apenas a encarou com indiferença — Sorte sua por ser tão fofo!
— Está tudo bem, não era nada tão importante assim... — Morgan tentou apaziguar a situação, notando que a prateleira agora estava completamente vazia, não podendo deixar de sentir falta de...
— A boa notícia é que eu salvei esse aqui. — Charlie sorriu, tirando de dentro das almofadas do sofá um porta-retrato simples de vidro escuro, que mostrava a imagem de Morgan, aos sete anos de idade e com um dente da frente faltando no sorriso, com seus pais ao seu lado, em um parque. Enquanto Robert estava ao lado da esposa e longe do filho, com a mesma impressão indecifrável que ele manteve intacta durante sua vida inteira, Isabella estava abraçando o filho pelos ombros, ajoelhada na grama, dando um sorriso cintilante na direção da câmera — Sawyer tentou, mas eu consegui pegar antes que caísse no chão. — Charlie contou, cheia de alívio — Nós não poderíamos perder essa preciosidade, é minha foto preferida.
— Sério? — ele riu, constrangido — Não é nada demais...
— Nada demais? Retire o que disse! — ela bufou, inflando as bochechas enquanto abraçava o porta-retrato contra o peito, como se estivesse com medo de que ele ouvisse e se ofendesse — Essa foto é uma das coisas mais lindas e preciosas que existem no mundo. E eu não permito que ninguém diga o contrário, nem mesmo você!
— E o que tem de tão precioso nela? — ele ergueu uma sobrancelha, embora estivesse se divertindo bastante com sua reação adorável e apenas quisesse provoca-la um pouco.
— Está brincando? Olhe só para você! — ela apontou para sua versão criança, com um brilho encantado no olhar — É a coisa mais adorável eu já vi em toda a minha vida! Por que as suas sardinhas desapareceram? — ela fez um biquinho, olhando atentamente para a criança na foto — Você ficaria tão adorável se ainda tivesse elas hoje em dia... E olhe só a sua mãe. Ela parece ser a melhor pessoa que já existiu sobre a face da terra.
— Bem, ela era. — ele sorriu tristemente, enquanto as lembranças agridoces daquela época fizeram seu peito apertar levemente.
— Seu pai parece um professor rígido de matemática, mas pelo menos ele ficou bonito na foto também. — ela comentou distraidamente, embora ele pudesse perceber, pelo brilho preocupado em seu olhar, que ela estava tentando distraí-lo de sua melancolia.
— Você acertou de novo. — sua risada, dessa vez, foi genuína — Ele nunca foi professor, até onde eu sei, mas rígido certamente era uma palavra que o definia bem. Ele odiava erros, especialmente no escritório. Uma vez tive que impedi-lo de demitir uma equipe de pesquisas estatísticas inteira, apenas porque o gerente cometeu um erro de impressão no relatório.
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Como Seduzir o Seu Marido
RomanceDesde os 17 anos, Charlie Foster é apaixonada por Morgan Sullivan, o gentil sócio de seu pai que rapidamente se tornou seu melhor amigo. Agora, aos 20, e depois de várias tentativas frustradas de fazer Morgan vê-la como mulher, Charlie se vê impedid...