Capítulo 46 - Morgan

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— Dessa forma, pelos crimes anteriormente listados, os jurados entendem que a ré constitui um perigo para toda a sociedade e, principalmente, para as vítimas afetadas por seus crimes. Assim, esse tribunal condena Samantha Jocelyn Jones Manson à pena de 65 anos de prisão, sem direito à condicional, a serem cumpridos a partir desse momento.

Ao som da batida do martelo do juiz, os gritos coléricos de Samantha começaram a encher a ampla sala do tribunal, mas Morgan não olhou na direção da figura histérica e quase fantasmagórica que ela havia se tornado desde sua prisão. Ao invés, ele abraçou Charlie com ainda mais força contra o peito, começando a guia-la para fora dali, enquanto acariciava o local onde estava a cicatriz nas costas dela, por debaixo de suas roupas. Era um hábito que ele tinha adquirido meses atrás, depois que ela tinha finalmente sido liberada não apenas do hospital, mas também das trocas constantes de curativo. Agora, o ferimento era nada mais do que uma marca rosada e disforme perto do quadril dela, mas Morgan sabia que jamais seria capaz de olhar para aquela cicatriz sem ver a imagem dela desacordada e ensanguenta em seus braços novamente.

Algumas vezes, a cadeira parecia leve demais para Samantha, especialmente quando aquela memória de Charlie quase morta voltava para atormentá-lo, como naquele momento.

— Foi a melhor coisa que poderia acontecer. — Charlie disse ao seu lado, claramente sabendo que direção seus pensamentos tinham tomado e querendo consolá-lo — Ela queria uma vida de luxo e conforto às custas da vida dos outros e agora vai conseguir exatamente o oposto disso. É a punição que mais vai fazê-la sofrer, se você parar para pensar.

— Sim, acho que sim... — Morgan suspirou, sabendo que deveria deixar aquele assunto de lado, pelo bem da vida tranquila e feliz que ele estava construindo ao lado da mulher que amava — Ao menos a justiça foi feita e nunca mais teremos que vê-la novamente.

— Isso mesmo... — Charlie o consolou, ficando na ponta dos pés para poder beijar sua mandíbula — Agora, vamos. Vamos para casa! Nossos bebês estão esperando por nós. — ela disse, com um sorriso radiante, começando a puxá-lo pela mão para fora do tribunal, e ele gargalhou ao ver o quão genuinamente feliz ela estava, agora que Sawyer havia começado a ser um pouco mais carinhoso, depois que ela tinha voltado do hospital.

— Antes de nós irmos... — Morgan esperou até que eles estivessem sozinhos dentro do carro, antes de abrir o porta-luvas e puxar de lá de dentro um pequeno papel dobrado e entrega-lo a ela — Acho que isso pertence a você.

— Ah... — os olhos de Charlie se iluminaram com surpresa e compreensão, enquanto ela aceitava o papel com hesitação — Então... Já está tudo pronto?

— Abra e verá. — ele pediu, embora soubesse que seu sorriso devia ser resposta o suficiente para aquela pergunta, especialmente porque ele foi ficando mais e mais feliz conforme Charlie desdobrava o pequeno papel e começava a ler os detalhes da transferência bancária que ele havia feito alguns dias atrás.

— Bem... — um sorriso nervoso brincou no rosto dela, sem nunca se formar de verdade — Isso é ótimo! Agora posso pagar todos os empréstimos que fiz para fazer as reformas no abrigo e pagar o que eu devia a você...

— Não comece com isso. — ele a interrompeu, analisando a expressão dela com cuidado — O que há de errado, amor? Achei que ficaria feliz em receber a herança do seu pai. Afinal, foi o próprio tribunal que decidiu que a clausula de idade não deveria se aplicar mais, agora que você é a única herdeira possível. E, bem, esse dinheiro é todo da família da sua mãe, no final...

— Eu sei... E eu estou feliz, juro. É só que... — ela abraçou o papel contra o peito suspirando — Não sei, é difícil explicar. Passei os últimos três anos, desde que meu avô morreu, achando que a vida iria seguir de um jeito muito diferente, por mais que eu não quisesse. Achei que teria que passar mais alguns anos aturando meu pai e Samantha e esperar até completar 21 anos para finalmente ter a liberdade com que sempre sonhei...

Como Seduzir o Seu MaridoOnde histórias criam vida. Descubra agora