Capítulo 8 - Morgan

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— Isso nunca vai acabar? — Charlie suspirou, parecendo exausta, enquanto se deixava cair dramaticamente no sofá do apartamento dele.

— Mudanças costumam ser sempre exaustivas. — Morgan riu, organizando a última caixa na entrada do corredor — Na verdade, tivemos sorte por você ter trazido poucas coisas.

Olhando para a pequena pilha de caixas e mochilas cheias dos pertences de Charlie, Morgan sorriu, indo se sentar ao lado de Charlie no sofá, tomando cuidado para evitar o lugar onde Sawyer estava completamente entretido com uma caixa, que Charlie havia esvaziado apenas para que ele pudesse brincar.

— Realmente precisamos organizar tudo isso hoje? — Charlie choramingou, fazendo-o rir novamente.

— Não, podemos fazer uma pausa por hoje e comer alguma coisa. Não é como se as caixas fossem fugir, afinal. — observando Sawyer cravar suas garras no papelão da caixa e reduzir boa parte dela a algumas tiras, ele acabou por comentar — Embora eu não possa garantir que elas vão amanhecer inteiras.

— Oh, está bem. Uma pausa para o lanche e depois eu vou tentar prevenir o assassinato das caixas. — Charlie suspirou, levantando-se sem muita vontade — Droga, preciso encontrar um arranhador para esse demoniozinho o mais rápido possível, antes que ele fique obcecado pelo seu sofá mais uma vez.

— Podemos sair e comprar um amanhã. — ele prometeu, seguindo-a até a cozinha.

— Nada disso! — Charlie parou em frente a ele, determinada — Só porque estamos morando juntos, não significa que você tem que me bancar! Assim que conseguirmos nos casar, a primeira coisa que vou fazer é sair e procurar um emprego em uma lanchonete ou coisa assim. É claro, eu vou precisar pedir que Vivian reduza meus horários no abrigo... — ela abriu um sorriso torto, claramente tentando disfarçar o quanto aquilo a entristecia — Mas está tudo bem, vai ser só por um ano, afinal...

— Não. — ele a interrompeu, sério — Seu trabalho voluntário é tudo o que você mais ama, Charlie. Não posso permitir que abra mão dele só porque acha que precisa me pagar por alguma coisa. Pode arrumar um emprego se quiser, é claro. — ele sorriu, afagando o topo da cabeça dela — Desde que isso não impeça você de continuar fazendo o que realmente quer. Quanto ao resto, não precisa se preocupar.

— Mas... Você já está fazendo tanto por mim... — o lábio inferior dela se esticou naquele biquinho adorável que ele tanto amava, mas que sempre o forçava a desviar o olhar para outro lugar.

Desde aquele beijo, estava se tornando cada vez mais difícil para de olhar para a boca dela. Mais até do que o normal.

— Bem, tecnicamente, você pode pensar que tudo o que eu comprar a partir de agora não passa de um adiantamento da sua herança, que vai estar comigo daqui em diante. — ele deu de ombros, mesmo sabendo que jamais permitiria que ela tirasse um centavo daquele dinheiro para pagar algo a ele — Agora, pare de se preocupar com algo tão sem importância e me deixe ir até a cozinha. A mudança foi cansativa e eu sei que você deve estar com fome.

— Você é tão teimoso... — ela bufou, encarando-o por um longo momento, até que seus grandes olhos castanhos ganharam um brilho vibrante — Mas, infelizmente para você, eu também sou bastante teimosa. Agora, vá em frente. — dando um passo para o lado, ela deixou o corredor livre para ele — Eu vou tomar um banho antes de comer, está bem?

— Perfeito. Vou estar esperando por você. — ele prometeu, dando mais um afago no cabelo dela, antes de avançar até a cozinha, onde, para sua surpresa, Sawyer o seguiu, subindo na bancada da pia enquanto o observava pegar os ingredientes dentro dos armários.

Dividindo seu tempo entre preparar alguns sanduíches para Charlie e eventualmente acariciar a cabeça felpuda de Sawyer, Morgan se surpreendeu ao perceber que, inconscientemente, estava sorrindo o tempo todo, o que era raro. Apenas passar tempo com Charlie costumava deixa-lo de tão bom humor, mas, desde que os momentos deles juntos eram contados, quando ele conseguia escapar do escritório e de Anthony e Samantha para esgueirar-se no quarto dela na mansão dos Manson ou no abrigo de Vivian, era quase estranho para ele se sentir feliz por tanto tempo. Geralmente, seus dias eram cheios de tédio e irritação, até o curto momento em que Charlie aparecia para alegrá-lo, não o contrário.

Como Seduzir o Seu MaridoOnde histórias criam vida. Descubra agora