Capítulo 1

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  Caminhei pelo castelo sem rumo.     Olhando as paredes de pedras frias eram como se me aprisionassem, me sentia perdido em um labirinto. Entrei nos meus aposentos, ainda tentava assimilar tudo que havia acontecido há alguns minutos.

  Um casamento. Com uma viúva Grant.

  O que eu diria para Ophelia?

  Não pensava em me casar com ela, embora fosse perdidamente apaixonado. Nunca tínhamos conversado sobre um casamento, nossos assuntos eram outros.

  Mesmo assim, não queria viver o resto da minha vida com uma estranha, ao invés dela. 

  Vesti meu melhor kilt. Penteei meus cabelos, que chegavam aos ombros. Me olhei no espelho por alguns instantes e respirei fundo.

  A música do banquete estava muito mais alta e eu podia ouvir gargalhadas do pessoal. Estavam felizes pela trégua. Estavam felizes, pois diversos pais de família estavam em casa de novo.

  Eu, como futuro líder, devia assegurar a felicidade e bem estar do meu povo.

  Sabia o que tinha que fazer. Não importa o preço, eu cuidava do meu povo.

  Desci para o salão do pátio, todos estavam eufóricos. As arandelas e as lareiras estavam acesas, uma luz aconchegante pairava no ar. Haviam risos e danças em todo recinto, casais se beijavam e famílias se abraçavam, a comida estava sendo servida. Em uma harmonia plena, todos estavam completos.

  Entre as mulheres, Ophelia ria e comia uma coxa de frango, despreocupada. A admirei por um instante, como se o tempo tivesse parado. Cabelos ondulados, meio avermelhados, sorriso aberto, olhos pequenos e escuros, seu corpo era magro e esguio. A mulher mais linda daquele lugar.

  Devo ter me demorado no olhar, pois ela percebeu. Sorriu para mim de uma maneira que meu corpo reagiu. Ela tinha um poder sobre mim, mesmo à distância. Ophelia apontou para a cozinha e eu entendi.

  Em instantes estávamos trancando a porta entre beijos acalorados. A luxúria inundava seu olhar e eu desejava seu corpo mais do que tudo.

  Sem dizer nenhuma palavra, tomei sua boca com a minha enquanto ela retribuía toda minha paixão. Ela se sentou na mesa de madeira e me enlaçou com as pernas, extasiada. Suas mãos tateavam meu corpo, que estava pronto para fodê-la ali, da forma mais animalesca que pudesse. 

  Em meio a tanto desejo, voltei a minha consciência normal. Soltei-me de seu abraço e me afastei.

  – o que houve, meu senhor? – ela perguntou, confusa.

  – tenho algo para te falar.

  – não pode esperar um pouquinho?

  – não, é importante. 

  Ela ajeitou o vestido desgrenhado, colocou uma mecha de cabelo atrás da orelha e disse, descendo da mesa:

  – o que pode ser tão importante assim, a ponto de interromper uma rapidinha na cozinha?

  – eu vou me casar. – confessei, rápido e sem rodeios, não queria prolongar o sofrimento.

  Tão rápido quanto aquelas palavras saíram da minha boca, a expressão que Ophelia se transformou.

  Pude ver a decepção surgindo, no lugar do tesão que havia ali. Como se meu peito estivesse sendo destroçado.

  – do que está falando? Isso não é brincadeira que se faça.-- ela exclamou, incrédula.

  – Eu jamais brincaria com uma coisa dessas, Ophelia.

  – é essa a razão da trégua?

  Ela era muito inteligente, mais um dos motivos para eu ser louco por ela. Sem que eu respondesse, ela continuou:

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