Sob as Regras do Clã

Capítulo 29

Meu pai ficou conosco três dias. No último dia, enquanto ele observava seus homens preparando a caravana de volta, ele se aproximou de mim.
  – Aiden, meu filho.
  – diga, meu pai.
  – eu sinto muito… sabe, por…– ele se atrapalhou, eu nunca tinha visto meu pai se atrapalhar. – eu sinto muito por ter me desentendido contigo.
  – já ficou no passado.
  – tive a impressão de que não tinha contato a Eleanor sobre nosso acordo. E sinto muito por isso também.
  – nós já nos entendemos.-- eu fui seco, não queria prolongar ainda mais.
  – porém, Aiden…
  Oh, céus, ele não ia parar de falar?
  – você fez o acordo e eu exijo que Aderyn esteja na linha de sucessão. Quando eu partir, ela ficará em meu lugar.
  – meu pai, eu sinto muito.
  Ele imediatamente mudou sua expressão.
  – como assim, sente muito?-- ele exclamou, se alterando.
  – eu não vou decidir nada sobre o futuro de Aderyn. Ela vai decidir em qual clã irá ficar.
  – isso é uma bobagem!
  – eu não quero definir o destino de uma criança que acabou de nascer.
  – você tem uma responsabilidade, Aiden. Ou melhor, tinha. Você foi criado para ficar no meu lugar, ser o senhor do Clã Mackenzie. Abriu mão de tudo para ficar com Eleanor aqui. E eu permiti. Eu só te peço que me dê uma certeza de que, quando meu corpo estiver embaixo dessa terra, terá alguém com meu sangue ocupando meu lugar.
  Quando terminei de escutar seu discurso, me simpatizei com ele. Apesar de tudo, ele tinha um desejo verdadeiro. Sua vontade era intrínseca e sincera.
  – meu pai, quando o senhor partir desse mundo, e Aderyn não estiver pronta para assumir o Clã Mackenzie, eu assumirei. Eu escolhi vir ficar com Eleanor, mas isso tem um preço muito alto. Não estou disposto a pagar minha liberdade com a liberdade de Aderyn.
  Ele ficou boquiaberto.
  Então, percebi que Eleanor estava logo atrás de mim e tinha ouvido tudo. Mas não me adiantava nada mentir para ela de novo. Nossa situação era complicada perante as regras.
  – vejo que seu amor por Eleanor e Aderyn é verdadeiro, meu filho. Vejo que te criei bem. Não existe nada que um homem bom não faça, por aquele que ele luta e ama.-- meu pai falou, suspirando, com as mãos nos meus ombros.
  – não há nada que eu não faria por elas.
  – tudo bem, Aiden. Não fique aflito por isso. Eu estou voltando para meu Clã e pretendo continuar vivo por muito tempo. E, aliás, vocês vão ter mais filhos para brigar por títulos.
  Ele deu um sorriso de lado e saiu de perto, indo conversar com seus homens.
  Eleanor veio até mim, silenciosamente, e segurou minha mão.
  – Aiden, quando eu morrer, se minhas últimas palavras não forem: Eu te amo, saiba que é porque eu não tive tempo.
  Meu coração bateu forte de amor e eu abracei ela bem perto de mim.
  – eu te amo, Eleanor Grant Mackenzie. Bem mais do que eu posso expressar.
  Meu pai logo terminou de organizar a caravana e se despediu de nós, partindo para minha antiga casa.
  Prometi a ele que o visitaria em breve, quando Aderyn fosse um pouco maior. Eu sentia muita saudade de casa, dos meus companheiros e do meu clã.
  Por mais que os Grant estavam completamente diferentes, com uma vida bem mais leve e menos deprimente, ainda não chegava aos pés do meu lar.