Capítulo 22

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A jornada foi longa.
  As chuvas deixaram a estrada quase intransitável. Eu e meus homens levamos mais de dois dias para chegar até a cidade.
  Estava completamente exausto com a garoa que tinha nos assolado e com a lama que estava em todos os lugares.
  Mas quando avistei homens de guarda nos muros da cidade, percebi que a coisa estava séria por ali.
  Fomos parados nos portões, tendo que informar quem eu era de fato. Após um breve interrogatório, minha entrada foi permitida.
  Fiquei preocupado com a segurança de Eleanor, visto que a cidade estava isolada. Poucas pessoas ousavam sair de suas casas e havia vários soldados patrulhando.
  Quando chegamos no castelo, fomos recebidos por soldados também.
  – Quem é você?-- o homem perguntou, ríspido.
  – Aiden Mackenzie. Estou aqui para ver a Senhora Grant.-- eu informei, já impaciente.
  – ela te espera?-- o homem continuava grosseiro e minha paciência estava no fim.
  – ele é meu marido, George!-- Eleanor berrou, surgindo, tão impaciente quanto eu, porém, ainda belíssima.
  O soldado fez uma reverência e saiu.
  Eleanor veio em minha direção e, em seus olhos, estava todo o amor que eu precisava. Se atirou em meus braços no abraço mais quente que eu tinha sentido na vida, seus lábios procuraram os meus e em instantes estávamos aos amassos.
  Meu corpo reagiu instantaneamente e se eu não me controlasse, acabaria possuindo ela ali mesmo.
  Me afastei rapidamente.
  – senti sua falta, minha querida…– sussurrei, tocando seu rosto.
  – não esperava você aqui, Aiden.-- ela disse, me encaminhando para dentro do Castelo.
  – vim assim que recebi sua carta. Porém, a estrada estava intransitável.
  – oh… tivemos dias bem chuvosos por aqui.-- ela respondeu, abrindo a porta de seus aposentos.-- entre, Aiden. Teremos privacidade aqui.
  Eu obedeci.
  Seria difícil para alguém me reconhecer quando eu estava diante dela. Eleanor era a senhora dos meus pensamentos, sentimentos e do ar que eu recebia em meus pulmões. O sangue em minhas veias pulsava por conta dela.
  Ela fechou a porta atrás de mim e, novamente, lançou-se ao meu pescoço. Beijando-me até que me faltasse ar. Mas não me importava. Suas mãos percorreram meu pescoço e desceram pelo meio peito, procurando uma forma de retirar todas as minhas roupas.
  Meu coração batia desesperado, eu retirei seus vestidos e fiquei decepcionado quando percebi que ainda tinha o espartilho por baixo de tudo. Decidi que não retiraria, teria que me contentar com seu corpo levemente coberto.
  Enquanto beijava seus seios, a empurrei para a poltrona mais próxima. Virei-a de costas, beijando seu pescoço. Segurei seus cabelos em minha mão, deixando seu ombro e pescoço totalmente livre para beijos e mordidas.
  Eleanor não se segurava, gemendo ofegante, empurrando seu corpo contra o meu, ansiando por um contato entre nós.
  Logo não resistiu, ergui suas anáguas, me deleitando com a visão de seu traseiro virado para mim, esperando por mim. Ergui meu kilt e a penetrei rapidamente. Ela colocou um dos joelhos sobre a poltrona para se firmar melhor. Pois minhas investidas eram sedentas e firmes.
  Segurei seu quadril, me movimentando com precisão.
  Seu corpo era quente e o desejo escorria entre nós. Com a outra mão, segurei seus cabelos, chupei seu pescoço lentamente, fazendo com que ela gemesse dolorosamente.
  Aquilo não durou muito, dado o excesso de luxúria e desejo que havia entre nós. Quando terminamos, eu não estava nem um pouco satisfeito ainda. Porém, ela já estava com as pernas bambas.
  Sentei-me na poltrona e a coloquei no meu colo.
  – ah, como senti sua falta…– ela sussurrou, acariciando minha barba por fazer.
  – você não tem ideia de como desejei estar contigo.
  Ficamos em silêncio por um momento. Então, ela perguntou, olhando-me nos olhos:
  – por que veio, Aiden?
  Eu a olhei, confuso.
  – por que está perguntando isso?-- eu respondi, após um instante – pensei que fosse claro.
  – veio me visitar? Quantos dias pretende ficar?-- ela insistiu, e eu percebi que ela não estava entendendo nada.
  – eu vim para ficar com você.
  Eleanor ficou boquiaberta, em silêncio.
  – vim ficar aqui contigo.
  – por quanto tempo?
  – bom, eu não pretendo voltar tão cedo.
  Ela se levantou, pensativa. Ajeitou as mangas de sua fina camisola. Deu alguns passo e voltou sua atenção a mim:
  – você deixou seu pai e seu clã?
  – meu pai encontrou uma saída para mim. Eu pude vir ficar contigo.-- comecei a explicar, pois ela estava confusa.
  – mas você não é o único herdeiro de seu pai?-- ela exclamou, incrédula.
  – meu pai ainda está vivo e eu desejo que continue assim por mais alguns anos. Ele não precisa de mim.
  – Aiden, você renunciou ao seu lugar de direito?
  Percebi que Eleanor não estava lidando bem com aquilo, o que me deixou levemente decepcionado.
  – Eleanor…– eu disse, me levantando para conversar melhor – nós tínhamos conversado sobre nossas alternativas para ficarmos juntos: você renunciaria, eu renunciaria ou uniria os clãs. Eu jamais pediria que renunciasse, depois de tudo que passou. A união dos clãs seria impossível, visto a confusão que apenas um boato instaurou. Então, restou a mim. E eu decidi deixar tudo para ficar contigo.
  Ela piscou e balançou a cabeça negativamente.
  – não acredito que fez isso!
  – bom, confesso que você não está tendo a reação que eu esperava.
  – como esperava que eu reagisse? Você largou a sua vida, tudo! Eu estou apavorada!-- ela se agitou, erguendo uma mão na testa.
  – ei, calma. É uma escolha minha. Já está feito.
  – Aiden, esse clã está ruindo! Eu duvido muito que consiga sobreviver até o fim do mês! Os amotinados só aumentam e eu não sei mais o que fazer para aquietar o povo! Você abriu mão de uma posição garantida em um clã estável, para vir ficar comigo nesse lugar deprimente!
  Eu a segurei pelos ombros e a trouxe para mim, quando percebi que lágrimas brotavam em seus olhos.
  – Eleanor, querida…
  – você não deveria ter feito isso…– ela resmungou, chorando.
  – Eleanor, me diga o que está acontecendo por aqui. Em detalhes.
  Eleanor engoliu o choro e me contou. Ela me disse tudo sobre o tal boato da união dos clãs, que deixou grande parte dos anciãos do clã revoltados, fazendo com que esses homens influentes entre o povo se unissem aos primeiros desertores, que não a aceitavam como líder.
  Como o cenário por ali era tempestuoso, bastava uma fagulha para criar uma explosão catastrófica.
  Dia após dia, Eleanor se viu perdendo aliados. E era de se esperar, afinal um boato dessa proporção sobre uma líder recém assumida era devastador.
  Tudo que ela pode fazer, foi ordenar patrulhas para sua segurança e da cidade. Tinha que manter aquele forte protegido de espiões.
  Quando ela terminou de falar, eu respirei fundo. Teria sido mais fácil se ela tivesse renunciado aquele lugar maldito e ido ficar comigo. Mas eu não pediria isso a ela jamais.
  Eleanor tinha que provar aquele povo desgraçado e ingrato, que ela era a pessoa ideal para liderar a todos, custe o que custar.
  – Eleanor…– eu falei, tentando tranquilizar minha esposa – eu não vou mentir para você.
  – diga, Aiden.-- ela respondeu, suspirando e enxugando as últimas lágrimas.
  – você corre grande perigo de perder seu lugar. Você é uma mulher poderosa em um lugar que isso não é bem visto. E uma rebelião pode derrubar reinos, o que dirá um clã desestabilizado como esse.
  – e você diz isso para me tranquilizar?-- ela retrucou, irritada.
  – estou sendo sincero.
  Ela piscou.
  – mas eu creio que podemos retomar o controle desse lugar. Se você confiar em mim.
  – eu sempre confio em você, Aiden – ela segurou minha mãos.
  – certo. Vamos ao trabalho.
  Nós nos vestimos adequadamente e fomos ao salão de reuniões. Convoquei os anciãos dali e todos os conselheiros.
  Eram homens grosseiros, na maior parte velhos ignorantes. Porém, tinham seu lugar de palavra ali. O território Grant era imenso, era necessário muitos homens para manter tudo funcionando, exceto pelo fato de que não estava funcionando.
  Algo estava errado.
  Eleanor se assentou em sua cadeira e os breves cochichos se cessaram, todos queriam ouvir o que ela tinha a dizer.
  – Agradeço pela presença de vocês. Mesmo que seja vossa obrigação, alguns deixaram de comparecer. Isso não será tolerado – ela começou, firme e elegante, exigindo respeito dos presentes – Como podem ver, temos visita hoje, nessa reunião. Meu marido Lorde Aiden James William Mackenzie, do Clã Mackenzie. – ela apontou para mim – Está aqui para acabar de uma vez por todas com esse boato sem fundamento, a respeito da integridade do clã Grant.
  Houve alguns cochichos e um senhor se levantou.
  – Minha Senhora – ele começou a se manifestar, fazendo uma reverência – o que o Lorde Mackenzie faz aqui?
  – ora, como assim?-- ela respondeu, friamente – Ele é meu marido. Esse Castelo também é a casa dele. Os assuntos do clã, também lhe dizem respeito.
  – me disseram que ele tinha um plano…
  – quem te disse, Lorde Lovat?-- ela interrompeu, levemente alterada, suas veias do pescoço estavam começando a ficar aparentes.
  – bem, eu…– ele tentou se explicar, mas foi incapaz.
  – Lorde Lovat, por acaso o senhor se lembra de quem nos ajudou a passar pelo inverno? Me lembro de que, quando eu assumi a liderança, esse castelo não tinha nem lenha para se aquecer! Os senhores já eram conselheiros de meu pai e se provaram incapazes de cumprir essa função.-- ela declarou, autoritária, se levantando – Quando me sentei nessa cadeira, com meu marido ao meu lado, esse clã estava à beira de um colapso. O povo estava perecendo e tínhamos problemas com todos os vizinhos. Mas Lorde Aiden ficou ao meu lado até que sobrevivessem ao inverno.
Estamos aqui hoje, por conta dele.
  Um silêncio constrangedor tomou conta daquele lugar, e os conselheiros não tinham resposta para aquilo. Lorde Lovat simplesmente se sentou, calado.
  – nos reunimos aqui hoje, para por fim a esse boato infundado sobre uma possível união entre nosso clã e o Clã Mackenzie.-- ela anunciou, decidida. – e vocês, como meus conselheiros e homens de confiança, estão encarregados de normalizar essa situação.
  – oh, Lady Eleanor!-- exclamou general Gordon, se levantando – Tem a mim e a meus homens para fazer o que precisa ser feito. Solicito permissão para investigar e prender todos amotinados!
  – o senhor, General Gordon, é meu homem de confiança! Tem minha permissão para fazer o que for preciso para normalizar nosso clã.
  Ele fez uma reverência.
  – Lady Eleanor, vou me reunir com os camponeses a fim de assegurar a todos que nossa integridade está intacta.-- anunciou Graham, imitando o companheiro.
  – o apoio e a segurança dos camponeses é essencial para manter nosso clã de pé, lorde Graham. Soube que os rebeldes estão invadindo propriedades dos camponeses leais. O General Gordon lhe prestará apoio nessa jornada, pois é possível que estejam com reféns no interior – ela respondeu, determinada.
  Aquilo continuou por mais alguns minutos e todos os conselheiros lhe prestaram apoio, exceto os que sequer compareceram a reunião, que seriam exonerados de seus cargos.
  Eleanor foi perfeitamente capaz de ordenar aquela assembleia, mostrando sua autoridade a eles. Não foi necessário que eu abrisse a minha boca.
  Quando todos foram dispensados, ela segurou a minha mão sob a mesa.
  – como me sai? Acha que vamos sair dessa?-- ela questionou, aflita.
  – você foi maravilhosa. Acredito que todos agora sabem que você é a verdadeira líder daqui. E que vai fazer de tudo pelo bem do seu povo.
  Ela respirou fundo.
  – obrigada, Aiden.
  – eu não fiz nada. Nem abri minha boca.
  – não seja modesto, sua presença é o maior apoio que eu posso precisar. Só de você estar do meu lado, eu estou tranquila.
  Ela se inclinou e me beijou carinhosamente. Depois encostamos nossas testas e ficamos alguns segundos, apenas apreciando nossa presença.
  Mas não podia ficar a toa por muito tempo.
  Havia muito trabalho a fazer ali.

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