Capítulo 34

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O tempo dedicado aos vermes que atentaram contra a vida de minha filha surtiram efeito. Em cinco dias, Duncan e Gordon conseguiram arrancar deles toda a informação que precisávamos.
  No fim das contas, um pequeno grupo de desertores que eram contra o governo de Eleanor, que haviam conseguido escapar das perseguições, planejavam raptar Aderyn e mantê-la em cativeiro, para exigir que Eleanor renunciasse seu lugar em troca da vida da bebê.
  Porém, Jones deu mais trabalho do que o esperado, o que os obrigou a abandoná-lo pelo caminho. O que atraiu a atenção das patrulhas.
  Logo o grupo se dispersou, terminando com alguns homens no vilarejo, onde mantiveram algumas mulheres reféns para tomar cuidado da criança.
  Foi onde os encontramos.
  Graças a dedicação de Duncan, descobrimos onde o tal grupo de desertores se reuniam, conseguindo assim, capturar todos os outros.
  Eleanor finalmente conseguiu se vingar de todos aqueles vermes que ousaram tocar em sua filha, quando, um a um, foram pendurados pelo pescoço na entrada da cidade.
  De fato, as coisas funcionavam assim nas Terras Altas.

  Após esses eventos, Duncan retornou para Leod, para o lado de meu pai. Quando ele partiu, foi como se parte de mim também partisse, já que ele representava muito mais que só um primo.
  Duncan era a personificação dos Mackenzie em minha alma. E no profundo de mim, consegui dizer adeus ao meu povo verdadeiramente.
  Um longo luto.
  Mas quando consegui usar um kilt com as cores dos tartã dos Grant sem me sentir que estava traindo meu povo, tive a certeza de que o passado tinha ficado no passado.
  E Eleanor assistiu, como um telespectador mudo, enquanto eu deixava toda minha herança para trás e me tornava parte de seu povo.
  Sem me pressionar, já que eu usei o broche com o brasão de meu pai por muito tempo, o que causava murmúrio entre alguns pelo Castelo. Mas eu não me importava.
  Redigi uma carta para meu pai, como uma das últimas coisas que eu fiz para enterrar meu passado. Em um papel timbrado com o selo Grant.
 

  Meu pai,

  Te escrevo hoje para te dizer, que finalmente superei o fato de ter deixado meu povo. Não imaginava que seria tão difícil, quando eu te deixei naquele verão. Não significa que eu me esqueci de todos meus amigos e companheiros, meus costumes e minha cultura.
  Eu, finalmente, aceitei minha situação aqui. Não me considero um convidado nos Grant. Eu me sinto um membro do Clã, posso vestir as cores de seu tartã sem me sentir culpado.
  Eu te prometi que, se Aderyn não estiver pronta para assumir os Mackenzie, após sua partida, eu mesmo assumiria. E essa promessa está de pé.
  Entretanto, recomendo que olhe para Duncan com olhar crítico. Veja suas verdadeiras qualidades e suas capacidades.
  Ele seria uma excelente líder para os Mackenzie. Até melhor que eu, eu diria. Antes que deixe solicitado a minha sucessão, peço que dê uma chance a Duncan como seu possível herdeiro.
  Eu estou aqui nos Grant, de forma permanente, como um membro verdadeiro do clã, além de ser o marido e braço direito de Eleanor, a minha adorada. Cuja mulher eu não negaria nada.
  Como herdeira, tenho Aderyn e pretendo ter outros para, como o senhor mesmo disse, brigar por títulos.
  Eu sinto falta de todos Mackenzie, mas não com tristeza e sim com orgulho. Digam ao povo que estou a disposição dos Mackenzie para o que precisar.
  Fique bem, meu pai. Não há nada que um homem bom não faça, por aquele que ele luta e ama.

   Enviei essa carta ao meu pai, com lágrimas nos olhos. Era o fim definitivo de meu luto.
  Entrei em meus aposentos e Dawn estava saindo do quarto de Aderyn.
  – Boa noite, lorde Mackenzie. Aderyn já está adormecida. Eu venho logo pela manhã, ou quando me solicitar.-- ela disse, numa reverência, deixando meus aposentos.
  – boa noite, Dawn. Até amanhã, se Deus quiser.
  Ela fechou a porta atrás de si.
  Eleanor veio em minha direção, com sorriso nos lábios e seus cabelos soltos.
  – onde estava, Aiden? Demorou para vir…– ela cumprimentou, me abraçando.
  – estava enviando uma carta ao meu pai.
  – está tudo bem?-- ela se preocupou.
  – sim, está. Eu só estava pondo fim a um assunto.
  – pode me dizer qual?
  Eu suspirei.
  – eu finalmente deixei os Mackenzie. De verdade.
  Ela me olhou atentamente.
  – foi um longo processo. Mas agora estou aqui, verdadeiramente.-- eu expliquei, acariciando seu rosto.
  – às vezes me recuso a acreditar que deixou seu povo para vir ficar comigo.
  – foi mais difícil do que parecia, quando eu cheguei aqui. Os dias eram dolorosos, pois eu me lembrava constantemente do meu lar. Mas agora, finalmente estou em casa.
  – espero fazê-lo feliz, Aiden. Para que nunca se arrependa dessa decisão que teve que tomar.
  – eu sou feliz aqui, Lea. E jamais me arrependi de ter escolhido você.
  Ela sorriu e me beijou, de forma carinhosa, mas ardente.
  Eu sabia o que significava isso. Ela me queria na sua cama. E eu estava totalmente à disposição dela. Ela era minha esposa. E também era minha senhora.
  Não havia nada que ela não me pedisse que eu negaria. Afinal, eram as regras. Ela era a senhora e eu, seu fiel servo e marido.

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