Capítulo 8

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  Logo pela manhã, acordei sendo requisitado por meu pai. A tempestade tinha sido feroz, e nos restava tirar grande parte da neve da cidade, para evitar o acúmulo. Enquanto os criados faziam isso, eu e meu pai, junto com homens de confiança, fomos até o estábulo averiguar o ocorrido.

  De fato, o invasor usava o tartã com as cores de Grant, o que enfureceu ainda mais meu pai. O pobre mensageiro que foi enviado na madrugada tempestuosa, provavelmente não tinha chegado a seu destino ainda.

  Mas não demoraria a ter uma resposta.

  Meu pai ordenou que a proteção fosse redobrada. Haviam patrulhas em vários locais e os camponeses foram alertados. Os flecheiros ficariam de guarda nos muros da cidade.

  Um estado de alerta tomou conta do clã, pois com o nosso casamento, todos ficaram confiantes sobre uma paz duradoura. E aquele ataque ameaçava toda tranquilidade que havia se instalado ali.

  Em pleno inverno, uma invasão iminente era o maior pesadelo de todos.

  – aquele maldito traidor! – bradou meu pai, furioso. – você aceitou o casamento com a filha dele. Cumprimos nossa parte no acordo! E agora isso?

  Eu não respondi, me mantive calado. Mesmo se Nolan Grant viesse até nós e confirmasse um ataque, eu não voltaria atrás sobre meu casamento com Eleanor. Sabia que esse pensamento também a afligia, como não havíamos consumado o casamento, ela facilmente seria devolvida de volta ao seu clã. Talvez ela aceitasse retornar. Ou talvez não.

  Como eu saberia?

  Ela não esboçava nenhuma intenção de se deitar comigo, minhas tentativas de fazer Eleanor sentir afeição por mim pareciam inúteis. Só me restava a agonia da espera.

  Meu pai discutia com os nossos conselheiros, incrédulo. Embora aquilo não fosse de meu interesse, oficialmente deveria ser. Por isso, continuei cumprindo meu papel de herdeiro.

  Antes do almoço, um alvoroço tomou conta dos soldados.

  Os flecheiros dos muros avistaram uma caravana. Pelas cores, eram os Grant. Meu pai se desesperou. As carruagens e cavalos vinham a galope.

  – Aiden, meu filho!-- ele me chamou, ansioso.-- Temo por sua vida! Essa caravana vem fortemente armada! Devo ordenar que fuja e se esconda fora da cidade.

  – meu pai, não seja ridículo!

  – eu não me perdoaria se algo lhe acontecesse por conta desse acordo maldito! Deixe Eleanor aqui e fuja. Eu me entendo com Nolan. Se for necessário, entraremos em guerra.

  – eu jamais deixaria Eleanor.

  – não seja ridículo,meu filho. – ele repetiu a ofensa, segurando-me pelos ombros.-- Eleanor pode ser uma espiã. Pode ter sido um truque, uma armadilha. Para Nolan nos pegar desprevenidos em pleno inverno. Você acredita mesmo que uma donzela sobreviveria a um ataque de um soldado dos Grant? Sele o seu cavalo e fuja daqui. Temos esconderijos pelo clã.

  Meu pai me entregou uma capa de pele, e começou a montar um embornal para minha fuga. Enquanto os nossos homens se agitavam, pelo medo de um ataque iminente, eu só pensava se Eleanor seria capaz de alguma coisa desse tipo.

  – saia pelos fundos. Vou mandar um mensageiro quando tudo se resolver. Não posso deixar que o único herdeiro morra. Enquanto houver um Mackenzie, o clã irá ressurgir. Por isso, ordeno que vá!

  Meu pai me abraçou.

  – eu não quero ir.

  – é necessário. Se por acaso for um ataque, não restará ninguém para reerguer o clã. Você deve procurar os camponeses mais adiante e solicitar ajuda dos clãs amigos. Você conhece o protocolo.

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