Sob as Regras do Clã

Capítulo 10

  Após o jantar, ficamos conversando em frente a lareira. Ela queria saber sobre tudo. As muralhas que haviam entre nós tinham ido por terra.

  – me conte, qual a pior batalha que já enfrentou?-- ela questionou, curiosa.

  – deixe-me pensar…– respondi, pensativo, tentando me lembrar.-- fui convocado para lutar com os McDonald's em uma disputa territorial. Durou cerca de cinco meses. Nunca vi tanta gente morta. E nunca desejei tanto voltar para casa. Mas no fim, saímos vitoriosos. A aliança com os McDonald's é muito preciosa.

  – me lembro de meu pai saindo para essa batalha. Me deixou com meus irmãos. Foi uma época tenebrosa.

  – você não parece ser muito amigável com sua família.

  – nasci depois de Nolan e James. E depois de mim, nasceu Wilhelm. Digamos que não fui muito querida. A vida no clã Grant é árdua. Você nem imagina.-- ela contou, percebi que escolhia as palavras.

  – seu pai não parece um bom homem.

  – de onde eu vim, não existem bons homens. Sei que vai estranhar, Aiden, mas você foi o primeiro bom homem que eu conheci.

  Aquilo me veio como um tapa. Totalmente inesperado. Não sabia como reagir: era um elogio?

  – fico lisonjeado que pense assim.

  – quando entrei na caravana para o casamento, estava apavorada. Depois de tudo que eu havia passado com Sawyer, eu temi que fosse acontecer pior. Mas não podia voltar atrás, pois a ideia do casamento foi minha.

  – como assim?-- perguntei confuso.

  – Sawyer era um apostador irresponsável e quando ficou devendo ao senhor Campbell, não tinha como pagar. Ele desapareceu e me enviaram um barril…– ela parou, engolindo em seco – com sua cabeça dentro.

  Eu fiquei perplexo.

  – eu acho que queriam que eu pagasse sua dívida, já que era filha do chefe do clã. Meu pai me levou para casa dele, mas eu não me sentia segura. Então pedi que me arrumasse um casamento que me trouxesse um pouco de segurança. Não imaginava que fosse fora do clã. Muito menos como um acordo. Em menos de uma semana, ele me colocou na caravana para o casamento. Eu não fazia ideia do que me aguardava. Eu não sabia nem seu nome. Imaginei que seria entregue ao seu pai. Ou sei lá. Ele fez questão de me cobrir com o véu, para não não desse tempo do noivo fugir espantado.

  Ela baixou a cabeça, envergonhada. Era uma história muito triste. Eleanor tinha uma vida horrível antes do casamento.

  – eu jamais fugiria. – falei, entrelaçando nossos dedos – você não é, nem de longe, o tipo de mulher que espantaria. 

  Ela sorriu, e suas bochechas ficaram coradas. Senti um aperto no peito.

  – mas confesso que fiquei com medo quando você chegou com o véu. Imaginei a pior das velhas!-- comentei, rindo – Fiquei aliviado quando te vi.

  Eleanor sorriu timidamente e me olhou nos olhos, nossos dedos estavam unidos e eu sentia o suor se formando nas minhas mãos. Meu coração acelerou o compasso. 

  Era minha chance.

  Me inclinei em sua direção, sem nem pensar, apenas a beijei. Nossos lábios se uniram e foi como se uma chama acendesse dentro de mim. Ela não se afastou, pelo contrário, segurou meu casaco, me mantendo próximo a ela. O desejo que eu sentia não podia ser explicado em meras palavras, pois tudo que eu queria era ter Eleanor em meus braços.

  Percorri meus dedos pelo seu pescoço e segurei seus cabelos entre os dedos. ah, como eu queria sentir seus cabelos! Sua respiração estava descontrolada e aos poucos ela se aproximou ainda mais.