Capítulo 2

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  Mais rápido do que eu imaginava, o dia do casamento chegou. A notícia não agradou muito o povo, mas o fato de ter uma grande festa, acalmou os ânimos das pessoas e acabaram aceitando. 

  Olhando pela janela, eu podia ver todo castelo e a cidade, os pequenos riachos que saiam dela, as grandes colinas verdes que nos cercavam. Era um lugar deslumbrante. Mesmo com o templo levemente nublado, era uma paisagem de tirar o fôlego. Meu clã, meu lar. Continuei olhando e logo vi uma caravana se aproximar.

  Os Grant chegaram logo pela manhã com uma caravana pequena, mas fortemente protegida. Meu pai os recebeu, apresentou o Castelo e a cidade. 

  Logo depois, fomos verificar os carregamentos de trigo e o rebanho prometido como parte do acordo. E nós surpreendemos como tudo estava melhor que o combinado.

  Nolan Grant era um homem de poucas palavras, observador e atento. Quando terminou de conhecer nosso clã, virou para mim e disse, de forma seca:

  – Você, Aiden Mackenzie, um dia vai ser o líder desse clã. Minha filha estará do seu lado. Seja firme com ela. Mulheres não devem ter regalias.

  Antes que eu respondesse, ele tinha me dado as costas. Um homem de pouquíssimas palavras e de menos educação ainda.

  O esperado casamento seria ao pôr do sol, por ser tão rápido, não seria uma grande festa. Mas meu pai fez questão de um banquete e a cerimônia tradicional.

  Aguardei o restante do dia em meus aposentos, não tinha visto a tal moça ainda e pela primeira vez, me preocupei quanto a sua aparência. Ela tinha sido mantida recolhida nos aposentos dos visitantes, e ninguém teve acesso a ela. Não entendi o motivo de tal mistério.

  Terminei de me arrumar, estava me vestindo com o kilt oficial, com as cores do tartã do meu clã, quando olhei no espelho e vi como estava elegante. Tentei novamente imaginar como seria a noiva, mas era impossível, já que eu não sabia nem ao menos seu nome.

  Talvez era aleijada ou terrivelmente feia, visto que, para arranjar-lhe um marido, foi necessário uma negociação de guerra.

  Senti uma angústia tomar conta de mim. Como seria o meu futuro? 

  Meus pensamentos foram dissipados quando ouvi baterem à porta.

  Era meu pai.

  – Aiden, meu filho. – ele disse, assim que abri a porta. – Está muito elegante.

  – obrigado, meu pai.

  – Trouxe suas alianças.

  Ele estendeu a mão, me mostrando o par de alianças forjadas a décadas. Eram as alianças de meus pais. Pude ler  "Tha gaol agam ort", ao redor das pequenas jóias. Meu pai seguia as tradições ao pé da letra.

  – Significa Eu te amo.-- ele falou, gentil. – Em gaélico. Meu pai me deu essas alianças quando fui casar com sua mãe. Sei que é um casamento arranjado, mas o amor pode surgir com a convivência. Foi assim comigo e sua mãe.

  Eu assenti, não disse nada pois não acreditava naquilo. Eu amava Ophelia. E duvidava muito que um dia amaria outra mulher.

  – Vai ser uma cerimônia rápida. E vocês vão para seu novo aposento.

  – como assim?

  – esse lugar vai ser pequeno para vocês.-- ele mostrou ao redor, sorrindo cheio de malícia.

  – creio que aqui é suficiente.

  – jamais. Já mandei preparar a ala leste para vocês. Será seu novo aposento. Tem vários quartos e muito espaço. Afinal, logo vão ter herdeiros.

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