Capítulo 18

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⚠️Aviso Gatilho:Tortura e Violência ⚠️

Após uma breve sesta com minha adorada, sai de minha ala. Logo encontrei meu pai, ansioso.
  – Aiden, meu filho.-- saudou, me abraçando – Estava a sua procura.
  – eu estava…
  – bem, eu sei…– ele me interrompeu, com uma gargalhada – fico surpreso do tempo que passa recluso. Retornou de sua missão e nem foi me encontrar.
  – lamento, meu pai. Fui me dedicar aquele maldito. Depois vim almoçar e acabei cochilando. Estava indo te encontrar agora.
  – oh, Aiden. Você é um excelente marido, e é isso que importa.
  Meu pai e eu caminhamos pelo castelo enquanto continuamos a conversa.
  – mas e então, me diga. Encontrou o maldito?
  – sim, Duncan nunca decepciona. Não há uma missão que Duncan não cumpra.
  – oh, Duncan é o melhor – meu pai concordou, olhando as pessoas que caminhavam pelo pátio.-- já executou?
  – não. Vai demorar um tempinho ainda.
  – pensei que não gostasse de tortura.
  – se soubesse o que ele fez com ela, entenderia.
  Meu pai ponderou, pensativo.
  – ele não merece piedade, meu pai.
  – faça o que tiver que fazer. Eu queria falar sobre outra coisa, Aiden.
  – pode dizer, meu pai.
  – agora que capturou o sujeito que ameaçava Eleanor, como vai ficar a situação?
  – o que quer dizer, meu pai?
  – ela tem o clã dela. Vai retornar?
  Oh, não. Aquele assunto novamente. Era uma pedra no meio da minha vida. Eleanor tinha o clã para governar e teria que retornar em breve.
  – bom, provavelmente ela vai voltar.-- deixei essas palavras saíram de minha boca com gosto de fel, tão amargo que eu mal pude controlar a cara amarga também.
  – Aiden, você precisa resolver isso.
  – não há nada a se resolver.
  – sua esposa não pode ficar tanto tempo tão longe de você. Não é saudável.
  Pensei por um instante, dolorosamente.
  – deveria ordenar que ela fique. Como sua esposa, o dever dela é estar ao seu lado.
  – Eleanor tem o dever com o clã dela. Se ela quiser voltar, eu aceito.
  – Aiden, não seja ridículo…– meu pai respondeu, maneando a cabeça.
  – ridículo?
  – sim! Eleanor foi enviada para casar contigo e ter sua proteção. Ela é sua esposa e tem que ficar aqui, para que tenha filhos, para que te sirva. Você é um homem, precisa de uma mulher ao seu lado.
  – ela tem minha proteção. Ela é minha esposa sim. Mas ela não é obrigada a abrir mão de seu povo, seu clã, por mim.
  – já estão casados há um tempo. E nada de gravidez. Mas também, como haveria gravidez se ela passou os últimos meses por lá?
  – meu pai, é o clã dela! Responsabilidade dela!
  – Aiden, antes de herdar o clã, Eleanor já era sua esposa e tinha responsabilidade por aqui. Existem regras que precisam ser cumpridas.-- meu pai insistiu, falando calmamente, e aquilo me deixava furioso.
  – ela cumpriu! Ela veio sem nem me conhecer e se casou comigo. Viveu aqui por várias semanas até sofreu um atentado sob sua suposta proteção. E depois, o senhor suspeitou que ela estivesse envolvida com isso. Então, digamos que Eleanor cumpriu todas as regras que exigiam dela. Agora ela faz as regras. Ela é a senhora do clã Grant.
  Meu pai ficou calado, analisando meu olhar em busca de um argumento para me contrariar, mas não encontrou.
  – para alguém que se casou contrariado, você realmente gostou da esposa.-- ele comentou, sarcástico.
  – mais do que isso, eu amei.
  Ele sorriu de canto. Eu senti meu peito apertado, pois, por mais que discutisse com meu pai, eu sabia que desejava com todas as forças, que Eleanor não retornasse.
 
  Desci para as masmorras com uma tigela de sopa, era umas sobras de sopa de cenoura e chuchu. Martin estava pendurado ainda, o sangue dos ferimentos já estava seco, porém o ambiente tinha ficado mais assustador com aquelas gotas pelo chão.
  O cheiro de sangue e umidade era horrível.
  Percebi que ele estava dormindo, ou desmaiado, então aproveitei para deixá-lo no chão. Prendi suas correntes em uma argola no chão, deixando que ele ficasse sentado ou deitado, sem poder fugir.
  Assim que terminei, ele acordou. Olhou ao redor assustado, se afastou de mim e se sentou no canto da parede, mas sem encostar suas costas feridas.
  – acordou?-- comentei, rindo.-- trouxe um almoço para você.
  Ele me olhou desconfiado.
  – eu não envenenei sua comida. Seria muito fácil para você.-- comentei, colocando a tigela mais próxima dele – pode comer despreocupado.
  Mesmo desconfiado, Sawyer pegou a tigela de sopa e comeu desesperadamente, estava faminto, como imaginei.
  Como eu disse, não envenenei aquela comida pois seria uma morte muito fácil. Eu pretendia passar mais tempo com ele.
  Fiquei assistindo ele comer até que terminasse. Ofereci um copo de água.
  Sawyer ficou me olhando desconfiado e disse:
  – por que está me alimentando? Pensei que fosse me matar.
  – eu? Eu não vou te matar.
  – então por que estou aqui?
  – Essa honra eu deixarei para Eleanor. Eu vou te fazer sofrer bastante, mas quem vai tirar sua vida vai ser ela.
  Ao ouvir o nome dela, Sawyer se espantou, arregalando os olhos. Mas não queria se deixar abater, então disse:
  – ela não faria isso. É uma vadia assustada. Não faria mal a nenhuma mosca.
  O soco que seguiu suas palavras foi tão veloz que ele nem soube de onde saiu. Caiu para trás, gemendo.
  – seu desgraçado!-- ele gritou, levando as mãos ao nariz sangrando, que provavelmente tinha se quebrado, dado o som horrível que tinha feito.
  – meça suas palavras, antes de falar da minha esposa. – falei, massageando os dedos doloridos depois do golpe.
  Sawyer se sentou novamente, praguejando.
  – vejo que está bem melhor depois do almoço. Está preparado para o que vem a seguir.
  Quando ele ouvia minhas palavras, o medo surgia em seus olhos.
  Eu o arrastei para mais perto.
  – está com medo, não é?
  Ele não se moveu.
  – é exatamente assim que você deve ficar.
  Peguei uma marreta e me aproximei. Ele tentou se afastar, mas as correntes já estavam presas e esticadas.
  Peguei sua mão direita e a coloquei no chão, enquanto ele tentava, desesperadamente, se soltar.
  – não adianta tentar… você não vai fazer nada além de gritar.-- eu disse, batendo com a marreta em cada um de seus dedos.
  Pude ouvir o barulho de seus ossos quebrando e o sangue respingou em meu rosto. Seus gritos tomaram conta das masmorras.
  Ele não sabia como reagir ao ver, o que seria seus dedos, todos quebrados.
  Seu desespero me foi extremamente satisfatório.
  Pois quase lembrou o desespero de Eleanor ao ficar no mesmo quarto que eu, só de imaginar que eu a forçaria.
  Aquilo ainda era pouco.
  Ele sofreria muito mais.
  Enquanto ele chorava e praguejava, eu me afastei e coloquei a marreta na mesa.
  – você se lembra de ver o medo e o desespero nos olhos dela?-- eu perguntei, caminhando ao redor dele.
  Ele não respondeu, deitado no chão, segurando a mão destruída.
  – ela era uma menina ainda, quando se casou contigo. Eu nem posso imaginar as coisas que ela sofreu nas suas mãos.
  – ela era teimosa como uma mula, nunca me obedecia… eu tive que colocá-la nos eixos. – ele resmungou, furioso.
  – desgraçado…ela tinha dezesseis anos!
  – não venha dar uma de bom marido para cima de mim, senhor Mackenzie! Ela veio para se casar contigo e você nem a conhecia! Não venha me dizer que esperou ela se apaixonar por você, para poder comer ela!-- ele falou, como se cuspisse as palavras.
  Eu não respondi. Ele não merecia saber nada sobre mim. Muito menos sobre minha intimidade com ela.
  – está me julgando e me torturando? Aquela vadiazinha demorou muito para parar de resistir e gritar! Quando se casou com ela, aposto que ela não deu trabalho algum! Só deitou e te esperou!
  Cada palavra que eu dizia me causava um tipo diferente de náusea.
  Eu me lembrei da nossa noite de núpcias, onde ela se deitou e ergueu a camisola, apenas esperando que eu fosse até lá. Toda aquela estranheza que havia me deixado desconfortável. Aquilo era o pesadelo de Eleanor. Deitar e esperar que alguém usasse seu corpo. Sem resistir.
  Engoli em seco e olhei a mesa. Aquilo que ele disse merecia um castigo. Ele tinha que sentir algo como o que ela sentiu.
  Peguei uma faca e fui em direção a tocha que iluminava o ambiente.
  Não disse nada, apenas esquentei a ponta da faca na chama, até que ficasse vermelha.
  Ele me observava. Sabia o que eu faria. E não adiantava gritar ou tentar escapar. Porque, como o que ele fez com Eleanor, não adiantava resistir. Apenas esperaria o que viria a seguir.
  Quando a ponta da faca estava vermelha como brasa, eu fui até ele. Eu podia ver o terror em seus olhos.
  Suas costas feridas e o sangue escorria novamente, sua mão completamente destruída e os dedos massacrados. Seus olhos seguiam a faca na minha mão, conforme eu me aproximava.
  – não vai adiantar gritar ou resistir, meu caro Sawyer. Apenas deite e espere.-- eu disse, empurrando seu ombro até que ele deitasse.
  Sawyer temeu se deitar, já que suas costas estavam em carne viva. Mas não resistiu. Gotas de suor se formaram em sua testa enquanto ele fazia de tudo para não gritar de dor.
  Ele esperou um pouco. Pois eu queria que ele sofresse por antecipação. Já que sabia que seria marcado com a um boi, porém não sabia onde.
  Levei alguns segundos para decidir onde carimbaria aquela faca quente.
  Lentamente, encostei a faca em seu rosto. Seus gritos tomaram conta das masmorras novamente. O cheiro de carne queimada irradiou e quando eu tirei a lâmina, sua bochecha tinha um grande ferimento.
  Ele gritava, mas não havia nada que ele pudesse fazer. Estava à minha mercê.

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