Os dias que se seguiram foram cheios de tarefas. Eu encontrava com Eleanor na mesa para o café, saía para trabalhar na construção do celeiro e ela ia para o campo. Nos reencontrávamos no jantar. Conversávamos sobre nosso dia e em seguida ela se recolhia.
Mesmo cansado do dia longo, tudo que eu queria ela saber que ela ansiava pelo meu afeto.
A cada dia, Eleanor se tornava mais alegre e faladeira, ela realmente adorava ser pastora de ovelhas. Sua pele estava corada e seu olhar mais vivo. Poderia ser meus olhos cheios de admiração, mas ela estava ficando cada vez mais atraente.
Porém, ainda era indiferente a mim.
E isso me incomodava.
O outono terminou, assim como a construção do celeiro. Toda a colheita recolhida pela frente já pode ser armazenada com segurança. Grande parte das aves e do gado também.
Com o fim da frente de colheita, Ophelia partiu para a fazenda de Lorde Boyd. Finalmente, enterrando de vez nossa história.
As coisas estavam correndo como o planejado.
Estávamos prontos para a primeira nevasca, quando ela chegou. Estávamos preparando as coisas para as festividades de Natal.
Uma tempestade violenta, com vento congelante e os primeiros flocos de neve.
Depois de ajudar organizar o pátio do castelo, para proteção de viúvas e órfãos, retornei para meus aposentos e me surpreendi ao ver que Eleanor não estava em casa.
Provavelmente ainda estaria no campo.
Me desesperei.
Selei meu cavalo e parti imediatamente para os estábulos. O vento cortava meu rosto e mal sentia meus dedos segurando a rédea, apesar das luvas quentes que estava usando.
Não demorei a chegar até lá, e quando apeei do cavalo, me surpreendi ao ver algumas ovelhas no campo. Aquilo era estranho, pois a uma altura dessa, todas deveriam estar trancadas e protegidas.
Empunhei minha espada, esperando pelo pior.
E o que vi lá dentro era pior que o esperado.
Assim que abri a porta, pisei em sangue. Haviam algumas ovelhas feridas, cães mortos e meu coração disparou fortemente.
Adentrei o lugar, procurando com atenção por alguém ali. Estava escuro, então precisava de muita habilidade para investigar o que havia acontecido.
Chequei nas baias e não havia ninguém. Um pânico tomou conta de mim, quando imaginei que algo ruim poderia ter acontecido com Eleanor.
Lá nos fundos, ouvi um barulho e fui até lá rapidamente. O depósito dos pastores estava fechado, então logo abri.
Me assustei ao ver Eleanor encolhida no canto.
- Aiden!-- ela gritou, se levantando num salto.
- Eleanor, o que houve aqui? Você está bem?-- me desesperei, verificando seu estado, notei que estava suja de sangue.-- está ferida?
- estou bem, o sangue não é meu.-- ela respondeu, mostrando o corpo inerte de um homem, com uma faca enfiada nas costas.
Eu a abracei, instintivamente.
- vamos logo. Precisamos sair daqui. É um ataque!-- falei, analisando o indivíduo, que usava as cores do clã Grant - é um homem do seu pai!
Ela ficou atônita.
- preciso recolher as ovelhas. Elas não sobreviverão à nevasca.
- não seja ridícula, vamos embora daqui.
- eu fiz de tudo para salvar elas. Pensei que fosse um ladrão, que se aproveitou que eu estava só. Ele queria matar algumas e levar embora. Eu consegui impedir. Não imaginava que fosse um ataque.
- usa as cores de seu pai! Temos que retornar ao castelo imediatamente.
Eleanor fingiu não me ouvir e saiu, chamando as ovelhas para dentro. Era teimosa, e apesar da minha insistência, decidiu ir embora depois de ter abrigado todas as ovelhas e passado medicamento nas feridas.
Coloquei-a na minha frente no cavalo, já que tinha apenas Willow ali. Ela se aconchegou em meu colo, se protegendo do vento forte. Se fosse em outra circunstância, eu desejaria que aquele momento não terminasse nunca.
Fomos castigados pelo vento até chegarmos no castelo. Meu pai veio ao nosso encontro, desesperado.
- onde vocês estavam? Em meio a uma tempestade dessas?-- ele exclamou, ajudando a descer Eleanor do cavalo.-- Você está ferida, querida? O que houve?
- meu pai, foi um ataque. Atacaram o estábulo. Eu percebi que Eleanor não tinha chegado e fui atrás dela. Poderia ter acontecido algo pior, mas ela conseguiu se defender e defender as ovelhas.-- expliquei, ansioso, enquanto caminhava para a sala de refeições.
- rápido! Tragam cobertores para eles!-- meu pai berrou.
Nos sentamos junto a fogueira, enrolando nas peles macias que os servos nos trouxeram.
- você foi muito corajosa, Eleanor. - ele disse, oferecendo uma xícara de chá fumegante, depois se dirigiu a mim:-- você sabe me dizer quem foi o invasor?
- usava as cores do clã Grant.
- impossível!
- eu tenho certeza do que vi.
- malditos! Estamos em paz agora! Rápido, preciso de um mensageiro. Vou enviar uma mensagem agora para Nolan Grant!
Meu pai saiu berrando, furioso pelo castelo. A tempestade só piorava, seria loucura sair naquele estado. Mas a loucura maior seria tolerar uma afronta dessa proporção.
Me aconcheguei a Eleanor, que já tinha parado de tremer de frio. Seus dedos estavam meio arroxeados em volta da xícara de chá.
- se sente melhor?-- perguntei, tentando quebrar o gelo.
- Estou um pouco preocupada. Se aquele homem for mesmo de meu pai, isso por fim no acordo de paz.
- provavelmente. Seria uma traição.
- eu teria que retornar para o clã Grant, já que nosso casamento foi meramente negociado.
Investiguei seu olhar, Eleanor estava muito preocupada com aquilo. Ela não queria dizer, mas não queria partir.
- bom, ainda ninguém discutiu nada sobre isso.-- respondi, abraçando ela e a trazendo para perto.
Eleanor não respondeu.
Nos recolhemos logo a seguir. Deitado na minha cama, sob três cobertores de peles, eu só consegui pensar sobre como ela tinha sido valente e destemida. Ela era inacreditavelmente corajosa. Dormi com Eleanor nos meus pensamentos.
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Sob as Regras do Clã
ChickLitAiden Mackenzie é o futuro líder de seu Clã, braço direito de seu pai, criado e preparado para liderar. Educado sob as regras de seu pai, fazendo o que for preciso para assegurar o melhor para seu povo. Eleanor Grant é uma viúva, filha do líder do C...