Calma

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"Não chore mais

Sorria, amor!
Eu trouxe o fim da sua dor.
Não chore nunca mais, amor.

Eu sou o sol cercando a chuva
Do seu olhar sou eu quem cuida
E te peço, por favor
Não chore nunca mais, amor"

( Intérprete : Jorge & Mateus )

*** 🍳 ***

Já estava um bocado de minutos ali, parado, embaixo de chuva, vendo as águas do lago levar as alianças que joguei lá, junto com o meu amor doentio por Letícia.

A chuva não parava e eu estava congelando . Comecei a andar pela calçada que circunda o lago, quando percebi que ainda estava com o buquê de rosas na mão.

- Diacho, preciso me livrar desse trem !

Fui caminhando até uma lixeira próxima, quando vi uma moto estacionando. Fiquei meio desconfiado, pois, já era tarde e sei lá...poderia ser um assalto. Fiquei escondido atrás de uma árvore e de lá, vi o motoqueiro estacionar na vaga, desligar a moto e tirar o capacete e ...

- Sassinhora... Nóóóóó.

Os meus olhos foram atraídos para aquela cena, que pareceu acontecer em camera lenta. Ao tirar o capacete, logo percebi que na verdade ali estava uma motoqueira com uma vasta cabeleira escura e cheia de ondas. Fiquei hipnotizado, enquanto ela balançava a cabeça de um lado para o outro e sacudia os cabelos ao vento. Que cabelão lindo é esse, moço?

Minha mente gritava para que eu saísse dali, pois eu já estava com o corpo congelado e poderia pegar um resfriado brabo, mas, meu coração estava a atraído em devoção por aquela motoqueira linda, como se ela fosse uma divindade, uma deusa.

Ela saiu da moto e andou em direção às muretas próximo ao lago e assim como eu, parecia não se importar com a chuva que caía. Se sentou em uma das muretas, abraçou seus joelhos e percebi que ela chorava copiosamente e eu fiquei ali entre a razão e a emoção, sabendo que deveria ir embora, mas, não conseguindo desviar a minha atenção aquela figura tão exótica e ao mesmo tempo tão fragilizada ali.

Quem teria coragem de fazer chorar aquela deusa de longos cabelos?

Meu cérebro gritava NÃO! NÃO!, mas, meu coração cochichou: vá !...e minhas pernas obedeceram. Quando percebi, estava próximo a ela.

Procurei não fazer barulho para não assustá-la, mas, ela percebeu minha presença e me olhou. E quando nossos olhares se cruzaram , senti um arrepio na espinha.

Mais próximo, pude notar o quanto ela era atraente, com grandes olhos negros e uma boca deliciosa. Mas, ela tinha um magnetismo além dos atributos físicos, que me faziam ficar cada vez mais atraído por ela. Credo!

Ficamos por segundos calados, nos olhando profundamente, numa espécie de transe.

- Er... moça. Tá tudo bem? - falei quebrando o silêncio.

- Ah... Sim! Tá tudo bem, visse - ela disse limpando as lágrimas com o dorso das mãos.

Estava meio desconcertada e procurou não me encarar , talvez , para que eu não percebesse que ela chorava bastante. Olhei para minhas mãos e vi o buquê. Agi meio no automático.

- Ó...pra você! - falei esticando o buquê pra ela e ela me olhou desconfiada.

- Oxi, que marmota é essa?

A arte do encontroOnde histórias criam vida. Descubra agora