Tempos Modernos

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"Eu quero crer no amor numa boa

Que isso valha pra qualquer pessoa

Que realizar a força que tem uma paixão

Eu vejo um novo começo de era

De gente fina, elegante e sincera

Com habilidade pra dizer

Mais sim do que não, não, não

Hoje o tempo voa amor

Escorre pelas mãos

Mesmo sem se sentir

E não há tempo que volte, amor

Vamos viver tudo que há pra viver

Vamos nos permitir"

( Intérprete: Lulu Santos)

***** 🛵 *****

Estávamos no avião, voando de volta ao Brasil. Desta vez não precisei do moletom de Rodolffo, porque estava aconchegada em seu peito, sentindo o seu perfume. Já era metade da viagem e estávamos atravessando uma área cheia de turbulências, que fez meu estômago virar.

Levantei um pouco a minha cabeça e olhei pra ele. Seu rosto estava sereno, enquanto dormia. Oxente, como é que ele consegue ficar calmo assim dentro desse treco nas alturas, balançando desse jeito? Rodolffo é um Buda mesmo, só pode.

Fiquei analisando cada detalhe do seu semblante tranquilo, decorando seu rosto bonito, não resisti e passei a mão de leve em sua barba. Ele se mexeu e me apertou mais em seus braços.

- Hummm...que carinho bão - falou com voz manhosa, se aconchegando mais na poltrona, mas continuou com os olhos fechados.

Estava uma delícia ficar ali grudada nele, mas o balançar do avião tava me dando uma agonia danada e eu precisava fazer alguma coisa. Eu já havia acabado de ler o meu livro maravilhoso e não conseguia me distrair com nada. Olhei novamente para o meu namorado buda e não resisti.

Subi minha mão e entrelacei meus dedos nos seus cabelos macios, dando um leve puxão, mas o suficiente para ele fazer uma careta, abrir os olhos e me encarar.

- Aí, aí, Ju. Cadê aquele carinho gostoso de agora a pouco, heim?

- Ops... - me olhou contrariado e eu dei um sorrisinho amarelo pra ele, que voltou a se encostar na poltrona e fechar os olhos - Puxa, Rodolffo tô impressionada com essa sua tranquilidade. Tu não tá sentindo essa coisa chacoalhar com a gente dentro, não?

- Não consegue dormir? - perguntou de olhos fechados.

- Não.

- Cadê aquele livro que eu te dei?

- Já acabei de ler. Tão maravilhoso o romance entre o jogador de futebol e a escritora. Eu devorei em um dia de tão bom. Quer um spoiler?

- Não, gradecido. Depois ocê me conte a história todinha, tá bão? - me respondeu, voltando a dormir.

- Acorda, homi! - pedi, arengando.

Ele suspirou fundo, esfregou os olhos e virou pra mim com cara de sono.

A arte do encontroOnde histórias criam vida. Descubra agora