Xote dos Milagres

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"Me leve onde eu quero ir
Se quiser também pode vir
Escuta o meu coração
Que bate no compasso
Da zabumba de paixão"
 

                                                                          ( Intérprete: Falamansa )

*** 🛵 ***

- Oxente como tá lotado isso aqui !

- Verdade. Vamos mais para o meio, ficar mais perto da banda.

Fomos no lugar onde tem o mais tradicional forró do centro da cidade e por isso estava lotado, nem dava pra caminhar direito.

- Oxi, me espera, Rodolffo - eu disse aflita vendo ele se distanciando na minha frente.

- Segura a minha mão, Ju. Senão ocê fica prá trás e se perde de mim.

Segurei sua mão e senti uma corrente elétrica pelo meu corpo. Pelas caridades, o que tá acontecendo? Eu tô tentando fingir custume, mas, não me sai da cabeça o que aconteceu lá na oficina, com esse homi muito perto de mim, tão cheiroso e com aquela boca de coração me chamando para o beijo, que se não fosse o Gabriel aparecer ali, acho que a gente ia acabar se beijando ali mesmo...

Voltei pra casa com ele, tentando fazer de conta que nada aconteceu. Entrei correndo e antes de ir para o banho, me olhei no espelho e...pelas caridades...imagine que aquele homi lindo se interessaria por uma moleca como eu, toda suja de graxa e com esse cabelo sem graça. Só nos meus sonhos.

Tomei meu banho e enquanto arrumava o cabelo, decidi evitar o máximo o contato com ele, antes de que acabar me apaixonando. Hoje não teria jeito, tinha prometido sair com ele pra sacanear a chefe dele..mas depois...zupt ! ...corte rápido Tramontina, Juliette.

Coloquei um vestido que eu sempre usava nessas ocasiões e fiz uma maquiagem que mainha, que é cabelereira e maquiadora, me ensinou. Até que eu gostei do resultado.

Saí de casa e fui até ele decidida a evitá-lo ao máximo. Isso não é um encontro, Juliette. É só um moído pra aperrear a chefe dele. Fui pensando nesse mantra durante todo o caminho.

Mas, quando ele desceu do carro e eu pude analisá-lo com calma e...Ai, papai !! Minhas pernas bambearam e eu percebi o tamanho do problema que arranjei pra mim...e para o meu coração.

- Acho que aqui tá bom, Ju - ele disse quando nos aproximamos mais do palco

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- Acho que aqui tá bom, Ju - ele disse quando nos aproximamos mais do palco.

- Tá perfeito.

- Vou pegar umas bebidas pra gente - ele disse perto do meu ouvido, me deixando arrepiada e eu só consegui assentir com a cabeça e ver ele indo até o bar.

- Eita mulinga, indo ou vindo esse homem é um espetáculo - pensei alto e de maneira inconsciente mordi meu lábio inferior.

Cinco minutos depois , voltou com nossas bebidas.

- Um brinde ! - ele falou e batemos levemente nossos copos.

- Ao nosso segredinho - falei rindo e dando um gole na minha cerveja e ele riu também.

- Aqui é muito massa! - ele disse olhando ao redor.

- Faz tempo que não venho aqui.

- Uai, por que? Não gosta de forró?

- Eita que eu sou da bagacêra, meu fio ! A maior forrozeira que tu vai ver, meu coração bate no ritmo da zabumba, sanfona e triângulo - ele riu.

- Então, por que vem pouco pra cá?

- Essa minha vida corrida, sobra pouco tempo, visse. Quando estou de folga, só quero descansar - ele me olhou de um jeito carinhoso, que meu coração se aqueceu ( mais).

Começou a tocar uns forrozinhos das antigas e eu balançava meu corpo no ritmo, bebendo minha cerveja.

- Vamos dançar, Ju?

- Oxente, e tu sabe dançar ?

- Não sei muito... mas...ocê poderia me ensinar mais alguns passos de forró, heim?

- Quer mesmo?

- Mas é claro !

- Vamos lá então - disse pegando os nossos copos e colocando em uma mesa ali próxima.

A música que tocava era um forrozinho mais lento e eu fui mostrando pra ele, alguns passos da dança,

- Pia, tem esse aqui - falei levantando o seu braço e rodando por debaixo dele - O giro do cavaleiro

Ele repetia.

- Tem esse também - falei fazendo o movimento das laterais e ele repetiu.

- Assim ?

- Isso ! Agora vamos fazer tudo junto...

E sem eu esperar ele me puxou, me rodou, fez os movimentos que eu havia acabado de mostrar, depois colocou suas pernas entre as minhas, dançando no ritmo da música. E por fim, me ergueu, apoiando em seu joelho.

- Rodolffo, seu safado ! Tarra escondendo, foi? Disse que não sabia dançar, mas é o maior forrozeiro.

Eu disse e ele deu uma gargalhada escandalosa, fazendo os casais que dançavam no nosso lado nos olharem assustados, mas eu achei a risada mais autêntica e gostosa que eu já ouvi.

Começou outra música e ele me pegou pela mão , me levando para mais perto do palco.

- Vem, Ju. Vamos dar um show na dança.

E demos ! Ele me conduzia maravilhosamente, parece que a gente fazia isso há anos ! Nossos corpos se encaixam no ritmo da música e parecíamos um só. O contato das mãos dele em meu corpo, sua pele, seu calor naqueles movimentos pra frente e prá trás, fazia eu ficar em um estado de entorpecimento e percebi que ele também estava focado em mim. Nossa dança era etérea! Eu diria sim, para tudo que ele pedisse pra mim naquele instante.

No final, ele se curvou sobre mim me levando até o chão, me segurando nos braços e quando voltou, me trouxe junto ao seu corpo e me roubou um selinho demorado e gostoso.

A arte do encontroOnde histórias criam vida. Descubra agora