Deixa Fluir

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"Deixa fluir, não precisa de nome

Entre nós dois não haverá ruim
A vida põe e eu deixo que me tome
Pois sei, ninguém sente nada sozinho

Não, não deixe que nada atinja
O que vem antes do amor
Um sinal, um jeito, uma pista
Pra ser feliz onde for

Deixa fluir, deixe que tome conta da gente

Deixa fluir, que no final você sabe a gente se entende."

(Intérprete: Os Gilsons e Big Up)

*** 🍳 ***

- Não se preocupe, irmão. Está tudo sob controle. Essa noite não tem reserva de nenhuma grande figura que vai querer conhecer o chef.

- Desculpe não ter te avisado antes, mas, só deu tempo de passar em casa tomar um banho rápido, trocar de roupa e vir pra cá falar contigo.

- Falar comigo e fazer uma marmita aí, né? - ele perguntou rindo.

- É...To fazendo uns lanchinhos pra Ju. Ela deve estar com fome, ficou a tarde inteira mexendo no carro. Cê acredita que ela estuda Direito, trabalha na oficina durante a tarde e à noite ainda faz entregas de comida. Tem base não como essa muié é batalhadora.

- Acredito, irmão ! E vou dizer mais, já gosto dela.

- Já, mas ocê nem a conheceu pessoalmente?

- Não conheço, mas só pelo fato dela fazer voltar esse brilho em seus olhos, ela já tem créditos comigo.

- Own...calma aí, cumpade. Que negócio nada a ver esse de brilho nos olhos. Já disse que não quero enrosco.

- Como se fosse possível a gente mandar no nosso coração. Me responda: qual foi a última vez que ocê fez uma marmitinha dessa para alguém? - disse apontando para os sanduiches que eu havia acabado de montar.

- Ah...num sei...

- Pois eu sei ! Foi quando sua irmã Izabella veio nos visitar e ocê fez pra ela na viagem. Nem pra Letícia ocê teve esse cuidado...

- Mas é que a Ju é uma mulher legal, engraçada, inteligente... Massa demais ! Tá cuidando do carro com atenção, então não vejo porque não posso fazer um agrado.

- Toma vergonha, rapaz ! Assume logo que tá apaixonado.

- Para de ser custoso, Rael.

- Tá bão...ou ocê não tá apaixonado mesmo, ou não percebeu...ou...não tá querendo admitir de teimoso que é.

- Mas vou te falar uim negócio, ocê quando encasqueta com uma coisa vira um purgante. Credo.

- Tá bom, irmão. Deixa fluir essa história e depois ocê me conta - ele deu um tapinha no meu ombro e saiu rindo, não sem antes roubar um sanduíche de cima da bancada.

- Eeee...isso é pra ela ! Saí pra lá !

Só ouvi a porta batendo e a gargalhada dele já fora da cozinha.

- Só o Rael, mesmo pra achar que tô apaixonado... - falei eu enquanto colocava os sanduíches no pacote de papel craft.

Chamei um Uber e segui até a oficina.

A arte do encontroOnde histórias criam vida. Descubra agora