As Borboletas ( Epílogo)

205 33 18
                                    

"Brancas

Azuis

Amarelas

E pretas

Brincam

Na luz

As belas

Borboletas

Borboletas brancas

São alegres e francas

Borboletas azuis

Gostam muito de luz

As amarelinhas

São tão bonitinhas

E as pretas, então

Hó, que escuridão.

(  Intérprete: Adriana Calcanhotto / Inspirada na poema do mesmo nome de Vínicius de Moraes)

*** 🍳 ***

3 anos depois

ー Papai, vamô fazê boboletas de massinha pala enfeitá o bolo da mamãe?

ー Vamos sim, meu amor ! O papai vai esticar a massa aqui na mesa e ocê modela com as forminhas de biscoito.

ー Posso escolêr as fominhas e as cores? Pufavô. Pufavô.

Eu ri da cara dela aflita, juntando as mãozinhas e de mim mesmo, que não consigo negar nada com essas carinhas chantagistas das mulheres da minha vida.

ー Certo, custosinha. Vem cá escolher ー esparramei as forminhas na bancada e coloquei ela em cima da cadeira para alcançar ー Fica aqui do lado do papai pra não cair, tá bão?

ー Tá bão, papai.

Eu tinha terminado de tirar o bolo do forno e estava esperando esfriar para cortar e colocar o recheio de chocolate branco com morangos. Liz estava ao meu lado, em cima da cadeira, separando concentrada as forminhas de biscoito, com vários tamanhos de borboletas. Seus cabelos estavam presos em um rabo de cavalo meio torto que eu mesmo fiz e assim como eu, usava avental branco e um toche blanc na cabeça. Sua carinha estava suja de farinha de trigo e ela colocava delicadamente, uma forminha ao lado da outra em cima da bancada.

ー Sepalei papai. Essas aqui, ó ー ela me indicou as formas ー Agola quelo escolêr as cores das massinhas.

ー Certo ! Quais ocê vai querer?

ー Dêxa eu pensá ー ela falou colocando o dedinho na bochecha, fazendo uma carinha pensativa ー Já sei ! Blanca, azul e amalelo.

Enquanto ela falava as cores, eu pegava as pastas americanas na geladeira.

ー Aqui, Liz.

ー Hummm...sabe, papai... ー ela falou batendo o indicador em sua bochecha, como se estivesse pensando melhor ー ...eu acho que vô quelê mais cores. Deixá o bolo bem cololido.

Dei risada e peguei outras cores de pasta americana que eu tinha ali.

ー Vai ficar muito bonitin o bolo com essas borboletas ー falei esticando as massas na bancada.

ー Mamãe melece o bolo mais lindico do mundo todinho ー ela falou empolgada , abrindo os braços.

Ensinei ela como moldar as borboletas e logo, Liz com suas mãos pequenas e gordinhas, foi apertando as formas de biscoito contra a massa e fazendo uma carinha feliz, cada vez que uma borboleta saía de dentro da forminha.

A arte do encontroOnde histórias criam vida. Descubra agora