A arte do encontro

Cuida bem dela

"Sabe aquela menina sentada ali?

Com o olhar desconfiado, tão inocente

Eu já fui doente naquela mulher

Eu sei que agora ela deve tá olhando de lá

Tão sem graça, vendo o presente e o passado

Conversando de um assunto, ela já sabe qual é

Esse é meu único aviso

Se ela quis ficar contigo

Faça ela feliz, faça ela feliz

Cuida bem dela

Você não vai conhecer alguém melhor que ela

Promete pra mim

O que você jurar pra ela, você vai cumprir

Cuida bem dela

Ela gosta que reparem no cabelo dela

Foi por um triz

Mas fui incapaz de ser o que ela sempre quis

Faça ela feliz

( Interpréte: Henrique e Juliano )

*** 🍳 ***

Acordei com muita dificuldade, minha cabeça doía e eu mal conseguia abrir os olhos. Tentei me lembrar do que havia acontecido na noite passada, mas, nenhuma lembrança me veio à mente de imediato.

Forcei um pouco mais e me lembrei de ter bebido pra cacete, ter ido até a casa da Ju, de vê-la abraçando o ex dela, de eu falar com ela, de ver os seus olhos castanhos magoados e de eu ter vomitado depois de me declarar e pedir perdão. Puta. que.me.pariu.

Tentei me levantar e me sentei novamente, quando minha cabeça rodou. Esfreguei as minhas têmporas, olhei ao redor e percebi que não estava em casa. Estava no meio de uma sala estranha, em um sofá estranho, o ventilador do teto está ligado, havia um lençol fino me cobrindo e eu usava uma calça de moletom que não era minha.

E antes que eu tentasse me levantar de novo, logo apareceram um copo de água e um analgésico na minha frente.

- É melhor tu tomar isso - escutei a voz irritante e percebi quem era.

Minha cabeça estava latejando e eu não tinha como recusar ajuda. Peguei o copo e o comprimido e tomei de uma só vez.

- Onde eu est...

- Minha casa - o estrupício do Rodrigo me respondeu - Ontem tu estava caindo pelas beiradas e não conseguiu me passar o endereço. Preferi te trazer pra cá porque estava tarde e eu não queria preocupar mais a Ju. Tive um trabalho do cacete pra te jogar embaixo do chuveiro.

Ele deu risada da cara de descontentamento que eu fiz, imaginando a cena.

- Mas nada se compara ao seu choro patético depois do banho. Foi um momento comovente, eu juro.

Tentei me levantar novamente, mas, assim que o mundo girou, caí feito um saco de batatas no sofá.

- Calma aí, cozinheiro - ele falou se divertindo com a minha situação - Eu falei pra Ju que iria cuidar de tu. Álias, precisamos conversar.