Tão feliz

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"Você tem vontades, sonhos e manias

Tão diferentes das minhas
E o normal é mesmo duvidar

Você curte a luz do Sol e eu da Lua
Quando tá dormindo, eu tô na rua
E quem vê diz que não vai durar

O estranho é que eu tô tão feliz
Tão feliz

E mesmo sendo o teu oposto
Não faz mal, eu tô disposto a amar
E se você topar
Os nossos defeitos vão se completar."

( Marcos & Belutti)

*** 🍳 ***

Cumpadi, ocê sabe qual é o rei dos queijos?

- Não.

- O Requeijão ! HAHAHAHAHAHA.

Ele permaneceu calado olhando pra minha cara.

- Ocê num entendeu, Rael ?

- Entendi, Rodolffo. Mas, é que já tá fazendo duas semanas que tô tendo que aguentar essas suas piadas sem graça. Já não tô conseguindo nem forçar a risada. Tem base não.

- É que eu tô feliz.

- Isso dá pra perceber nessa sua cara de bobo....O nome disso é amor.

- É...

- Mas sério, cumpade...eu também fico muito feliz de te ver assim.

- Gradecido

- E quando ocê vai apresentar a sua namorada motoqueira pra gente?

- Logo... - falei coçando a cabeça - Na verdade, a gente ainda tá se curtindo, não demos nome pra esse trem que estamos vivendo.

- Tá inseguro sobre o que sente por ela?

- Não mesmo, moço. Mas a gente resolveu ir devagar. Nessas duas últimas semanas, a gente já fez muita coisa juntos, passamos o maior tempo livre conversando e falando das nossas vidas antes da gente se conhecer. 

- Isso é bom ! A base de qualquer relacionamento é o respeito e o dialógo.

- E falta de diálogo não vai ter, porque a Ju fala, viu. Ô muié tagarela. Às vezes ela desanda a falar de tudo um pouco. Prosa entre a gente é que não vai voltar.

Enquanto falava com ele, fui colocando dentro da coqueteleira os ingredientes do drink  que estava criando e continuei no assunto "Ju".

- E a moça é brava. Perde a paciência em segundos. Ocê acredita que ela brigou comigo só porque chamei ela de pimenta rosa.

- Cuidado com esses apelidos, heim cumpade. Ela pode querer se vingar e colocar outro nocê.

- Pior que ela já colocou...

- É? Qual?

- Piruca, com i. Eu posso com isso?

Ele caiu na risada.

- Já tô gostando cada vez mais dela, Rodolffo. Ocê não chiou desse apelido?

- Até reclamei nos primeiros dias, mas depois deixei pra lá. Daí ela ficou mais braba ainda, porque não conseguia me deixar grilado.

- Isso deve ser engraçado de ver. Ocê com essa tranquilidade irritante e ela um pavio curto.

- Fora que é meio deorganizadinha. Ela me ajudou na mudança do apartamento para a minha casa e eu fiquei doidin tentando organizar tudo que ela desarrumava. Credo. 

- Hahaha...vou chamar ela então pra vir dar um trato aqui na cozinha do restaurante, só pra ver se pelo menos assim ocê saí do seu modo Buda. Já pensou ela arrumando os temperos que cê coloca em ordem alfabética?

- Misericórdia.

Nós dois rimos.

- Sabe Rael, a gente é meio assim sol e lua, noite e dia, fogo e água. Mas eu sinto que encontrei na Ju, a parte que me faltava. É inexplicável isso que tô sentindo, mas, ao mesmo tempo tão incrível, intenso e puro. 

- Uai e quem disse que as diferenças não são legais? O  amor tem o poder de quebrar qualquer barreira.

- Estar com com a Ju é bom demais, me sinto leve e feliz. E essa felicidade é tão genuína e gratuita. 

- Dá pra ver nesse sorriso de oreia a oreia

- E quando eu tô feliz, fico mais animado e parece que aumenta o meu lado criativo pra fazer os trem aqui do restaurante.

- Tô vendo. O que ocê tá fazendo aí, desta vez?

- O drink para o concurso internacional que ocê pediu.

- Opa ! O que tem aí?

- Cachaça goiana, suco de tangerina e um ramo de alecrim.

Servi duas doses, uma pra mim outra para ele.

- Um brinde ao Casa do Pequi Restaurante - ergui o copo e ele me acompanhou.

- Hum...tá bom demais, cumpade.

- Não sei...ainda acho que...tá faltando algo... - falei sentindo que a experiência do sabor não foi completa.

- Bom...eu gostei. Mas, se achar que precisa mudar alguma coisa, o crítico gastrônomico vem amanhã fazer a degustação e avaliação. Então, ocê tem esse tempinho pra aprimorar sua obra.

- Certo ! Até lá eu penso.

- Bom, vou lá ver se o salão está pronto para o serviço do almoço - ele falou me dando um tapinha nas costas e já saindo da cozinha.

-  Peraí, Rael...deixa eu te perguntar um negócio que lembrei agora: O que o tomate foi fazer no banco?

- Que Deus me dê paciência para essa sua felicidade, cumpade - Rael disse rolando os olhos - Muita paciência !

A arte do encontroOnde histórias criam vida. Descubra agora