Meu erro

186 33 29
                                    


"Você diz não saber o que houve de errado

E o meu erro foi crer que estar ao seu lado bastaria

Ah meu Deus, era tudo que eu queria

Eu dizia o seu nome, não me abandone jamais"

( Interpréte: Paralamas do Sucesso )


— Por que me chamou aqui, Diniz?

— Precisamos conversar. Parece que o Pedro tá acordando.

— E o que eu tenho a ver com isso?

— Como assim o que tem a ver? Eu fiz o que me pediu.

— Não me lembro de ter te pedido nada.

— Pode parar com isso. Tu me pediu pra dar um susto no chef e eu dei, só não sabia que o menino estava lá no restaurante aquele dia.

— Ainda não entendi. Isso tudo é problema seu.

— Como pode falar assim? Estamos juntos nessa.

— Só nos seus sonhos, Diniz. Presta atenção: você agiu so.zi.nho.

— Tu sabe que isso não é verdade. Tem uma parcela sua nisso.

— Por que quer me compremeter agora?

— Te comprometer? Será que eu vou ter que te lembrar quem foi que me ajudou a levar os frascos de gasolina e ficou me aguardando ao lado de fora do restaurante, com o carro ligado pra facilitar a fuga?

— Você vai ter que provar isso.

— Como assim, provar? Estamos juntos nisso

— Não. Não estamos.

— Ei, eu estava bravo com os meus ex patrões, mas não queria fazer aquilo. Foi tu quem me convenceu.

— Ah, Diniz. Não vem agora botar a culpa em mim, por ser tão fraco.

— Eu acreditei em você. Acreditei que estava ao meu lado. Acreditei que nós...

— Nada de nós. Escute bem Diniz, se a polícia chegar em você...

— E vai chegar...

— Então corrigindo...quando a polícia chegar em você, nada de querer citar o meu nome.

— Vai me deixar levar essa sozinho?

— Você ESTÁ sozinho. Entenda.

— Mas, naquela noite que tu me procurou e jurou que...

— Não jurei nada. A única coisa que eu posso te dizer é que, se o meu nome chegar a ser mencionado mesmo que de leve, o tratamento da sua mãezinha vai parar por aqui.

— Não, por favor. Minha mãe precisa dos remédios...

— Então já sabe. Bico fechado.

— Mas, não vai ser tão simples assim se o Pedro acordar.

— O menino de te viu?

— Não sei. Quando percebi a presença do Pedro, ele estava aflito recolhendo as coisas dele no quarto.

— E aí, o que você fez?

— Fechei a porta principal e o tranquei lá.

— É...pode ser que ele não tenha visto nada.

— Meu Deus. Meu Deus - ele disse passando as mãos no cabelo nervoso - Que enrascada eu meu enfiei. Achei que estava seguro com tu ao meu lado. 

— Não posso fazer nada. Agora deixa eu ir, tenho que ir pra academia.

— Como consegue fazer de conta que nada está acontecendo e seguir a vida normal assim?

— Porque pra mim, nada está acontecendo.

— Eu posso ser preso por ter acreditado em você. Não entende?

— Eu te levo cigarros na cadeia.

— Não brinca com isso.

— Não tô brincando. Mas, se isso acontecer, prometo te arrumar um bom advogado.

— Promete mesmo?

— A-han. Agora me deixe ir, não quero que ninguém nos veja nessa pracinha. E só mais uma coisa, Diniz...é melhor você dar um tempo daqui de Campina Grande.

— Sim, eu já acertei de ir para a casa de alguns parentes no interior de Minas Gerais. 

— Ótimo. E quando você vai?

— Amanhã cedo.

— Porque não vai hoje?

— Porque quero passar no hospital pra ver o Pedro.

— Tá maluco? A polícia já deve estar de campana por lá. E se o moleque realmente te viu?

— Vou lá pra isso mesmo, sondar pra ver se ele falou alguma coisa, além disso, eu gosto do Pedro e fiquei muito mal quando soube o que aconteceu. Preciso saber se ele está bem.

— Ainda acho isso arriscado.

— Não se preocupe, eu sei me cuidar.

— Olha lá, heim...Diniz...Não esquece o que te falei sobre sua mãezinha.

—  Confie em mim.

Ele saiu, do lado oposto ao meu e eu fiquei ainda mais um pouco na pracinha, organizando os meus pensamentos.

— Incompetente. Ainda não acredito que deu errado e além do chef conseguir erguer o restaurante, esse merdinha do Pedro pode acorar e entregar tudo. Como você é imbecil, Diniz ! O erro foi meu também em confiar nesse idiota.  Só tem um jeito de eu me safar disso tudo...e...sinto muito, Diniz... - eu disse pra mim, enquanto ia para o onde o meu carro estava estacionado.

Nota da autora

Quem será o (a) cumplice do Diniz? Teorias???

Ah ! Tem mais um capítulo hoje...

A arte do encontroOnde histórias criam vida. Descubra agora