A arte do encontro

Conselho

"Vida amorosa respirando com ajuda de aparelhos

Estragando o fígado porque o coração não tem mais jeito

E quando a gente não quer mais largar o osso

E tem alguém que te faz mal, mas faz gostoso

É pros mais velhos que a gente vai pedir conselho

Fala aí, Velho Barreiro

Bebe que passa

Usa uns negocin' aí que faz fumaça

Fica três dias invernado na margaça

Só assim pra você esquecer

Aquela coisa linda que te acaba

( Interpréte: Israel & Rodolffo )

*** 🍳 ***

Ju saiu correndo do escritório, nem deixando eu falar direito com ela. Fui atrás, eu sei que estava errado, mas, de novo eu achei que estava acertando. Por que tudo tem que ser tão enrolado entre a gente? Credo.

Cheguei no salão e Ju estava conversando com Lucy em uma mesa e Rael estava ao lado prestando atenção no que ela falava. Me aproximei e Ju não me olhava, continuava com a cabeça baixa falando com Lucy.

— Ju, eu sei que está brava. Mas, me deixa falar. Não fica brava comigo desse jeito, por favor - falei segurando o seu braço, quase implorando.

— Me solta, Rodolffo. Eu preciso ir - ela respondeu dura, sem nem me olhar.

— Cumpade, deixa ela ir. É melhor vocês conversarem depois - Rael disse ao meu lado, colocando a mão em meu ombro, mas, eu só conseguia olhar pra ela, que insistia em não me olhar nos olhos.

— Ju, minha pimentinha...olha pra mim. Não me ignora assim, por favor - eu já começava a sentir meus olhos queimarem e lágrimas finas começarem a cair.

Juliette simplesmnte, me deu as costas e saiu, sem olhar pra trás. Fiz menção de ir atrás dela, mas Lucy me segurou.

— Não. Deixa ela ir, Rodolffo. Eu conheço minha amiga e sei que ela precisa desse tempo. Depois vocês conversam - Lucy falou em um tom de voz que eu não conhecia, sério e seco - Eu vou com ela.

Ela se levantou e saiu atrás da Ju, eu ainda tentei ir atrás, mas, Rael me segurou.

— Calma, cumpade. Não adianta nada ocê ir atrás dela e falar esse monte de coisas que ela já ouviu da sua boca. Ela não vai acreditar .

— Ela precisa me ouvir. Eu não fiz por mal, Rael. Eu queria poupá-la de qualquer preocupação. Eu não sei como, mas, eu daria um jeito. 

— Rodolffo, tá na hora de ocê entender que mesmo com boas intenções, um relacionamento tem que transpirar confiança. Não tem essa história de poupar o outro, não. Ou vocês estão juntos ou não estão.

Vi quando o carro de aplicativo que elas chamaram chegou , fui até a porta e ainda vi o seu olhar cruzando com o meu dentro do carro. Meu coração se partiu em pedaços. Como eu posso ser assim tão burro? Será que eu só sei fazer besteiras quando o assunto é o coração? Esse negócio de amar é um trem complicado demais.