Capítulo 21

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Foi por uma indecisão minha que deixei ela ir. Foi por um mal entendido.
Foi por minha culpa, por minha tão grande culpa, deixei ela partir para longe, deixei o amor da minha vida voar naquele avião e me deixar.
Foi por uma indecisão, apenas uma confusão.
Foi por uma insistência, foi por isso que vi a Simone ir para longe, por não saber o que eu sentia, e machuquei o coração que me amava por causa de uma ação minha.

Eu perdi o meu amor, perdi a pessoa que mais me fez feliz nos últimos seis meses. Vi a pessoa que postava os lábios que eu amava sobrevoar naquele avião. Eu presenciei ela partir. A sublime renúncia do seu amor por mim, calada, ela se foi.

— × —

SIMONE

Fernanda: — Onde estamos indo? — Olhou para mim.

Eu observava atentamente a tela desligada da mini tevê que tinha no assento da frente do avião, não olhei para ela, mas a respondi.

Simone: — Mato Grosso do Sul, minha filha. Estamos indo para lá — Fiquei na tela apagada da tevê do avião.

Fernanda: — Mãe, por que estamos indo para lá? — contraiu o cenho.

Visto minha posição dentro do avião e a negação em dizer o motivo da viagem, ela insistiu, mas eu já estava sem paciência, não iria responder com educação, porém fiz por onde.

Simone: — Amor, dorme um pouco, hum? — Passei minha mão pela cabeça dela — Está tarde, já passou da hora que você costuma dormir e eu estou exausta. Amanhã conversamos — Olhei para ela.

Ela assentiu e observou o avião até dormir.
Eu estava saindo de Brasília, pedindo adiantamento das minhas férias e indo para MS por dois motivos. O primeiro já sabemos, mas não seria capaz de me levar a isso. O segundo foi mamãe, eu teria que resolver umas coisas dela com o advogado pessoalmente, justamente sobre a herança dela. A divisão de bens.

Eu tentei esquecer o que houve hoje à tarde colocando minha cabeça no assento do avião e tentando dormir até chegar em MS, mas não consegui, tudo que eu pensava me fazia lembrar dela.

Eu não tinha raiva pelo que vi, jamais! Ela tinha o direito de pegar qualquer pessoa que desse vontade, não tínhamos nada sério, não rotulamos nosso relacionamento como um relacionamento. Éramos boas amigas que às vezes transavam.

O que me fez ser fria no momento e sentir vontade de sumir foi o amor que ela demonstrou na carta, foi as palavras usadas que articulavam os mesmos sentimentos que eu sentia por ela. Eu estava amando, e ela também.

Quando vi ela beijando a Renata eu me senti um brinquedo, aqueles de Kinder Joy que, quando você acha um brinquedo maior e muito mais divertido, abandona.
Por isso não quis conversar com ela sobre, queria primeiro entender tudo com meus próprios pensamentos antes de escutá-la, precisava absorver tudo, entender o porquê da carta cheia de sentimentos e logo depois o beijo. Eu precisava de um tempo só meu para compreender, mas eu já tinha entendido.

Nossa relação era aberta, eu dava a liberdade para ela assim como ela me dava liberdade, era apenas uma ficante fixa que me fazia sentir bem em um momento ou outro. Eu poderia ter ficado com o Arthur ou qualquer outra pessoa durante os últimos dois meses, mas preferi não me envolver com outras pessoas para não adquirir sentimentos e ficar confusa.

Assim como eu tinha essa liberdade, ela poderia pegar a Renata — da qual eu já sabia que tinha um caso — e… enfim, acontecer o que aconteceu. Então o que de fato me fez ser fria e não escutar as palavras dela foi meu raciocínio, eu precisava racionalizar os acontecimentos e compreender tudo. Quando eu chegar em MS e descansar bem, eu mando uma mensagem ou ligo para ela.

OPS! Me apaixonei. (Simoraya)Onde histórias criam vida. Descubra agora