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No meio do caminho ouço vozes vindo do quarto dele, vozes que me tiram minha sanidade. Fecho a porta de meu quarto com tudo e a tranco, indo para o banheiro e abrindo a torneira da banheira no frio, para me desestressar um pouco. Fico me olhando no espelho, vendo as mechas rosas nele pelo reflexo no espelho e quase que dou um grito ao ver o reflexo dele atrás de mim.

— Como entrou aqui?
— Sempre estive em seu quarto, você apenas não me viu.

Seus poderes... "Quem estava em seu quarto então?" Vejo o sorrisinho divertido dele pelo reflexo, sentindo sua mão retirando meu cabelo de meu pescoço.

— Apenas um castigo a ela, por ter ultrapassado os limites impostos por mim. Não ia tomar banho?
— Não, não ia. Agora saia de meu quarto...
— Bonequinha, não faça isso. Vim aqui apenas por você...
— Mas ela veio junto, te seguiu e você nem percebeu. Saia.

Um suspiro é ouvido vindo dele, enquanto me afasto do mesmo e vou para a banheira onde desligo a torneira e me sento na borda, esperando ele sair do banheiro. Viktor não se moveu um centímetro de onde estava, apenas me observava em silêncio e com um piscar de meus olhos ele estava em minha frente, com as mãos em meu rosto, me fazendo o olhar nos olhos.

"Você não vai se livrar de mim, Sarah. Nem adianta, você é minha desde que você nasceu e não tem como negar isso."

Torci os lábios frustrada com aquelas palavras, com aquela lembrança odiosa que colocou o primeiro prego em meu caixão. Malditas bruxas, se eu as encontrar, as torno em cinzas.

"Tome seu banho agora, vou estar te esperando em nosso quarto."
"Eu não vou para lá. Prefiro passar fome do que entrar naquele quarto. Saia ou eu chamo Nicolae e aí sim, você vai ver a briga e gritaria que vou fazer."
"Você não tem jeito mesmo. É igualzinha a sua mãe, teimosa e pavio curto."

Não fale de minha mãe nunca mais. Agora saia daqui, Viktor!

O soltei de mim, tirando suas mãos de meu rosto com as minhas e fazendo no processo suas unhas me arranhar sem querer, me fazendo sentir a fragrância de meu sangue no ar e ter seus olhos no ferimento em minha bochecha. Ele levou a mão até lá e passou o polegar, pegando a única gota de sangue e depois foi embora, sumindo de minha frente.

Fechei os olhos me deixando cair na água atrás de mim, me estremecendo assim que entrei em contato com a água gelada e afundei nela, para me fazer parar de sentir o cheiro de meu próprio sangue no ambiente do banheiro que já deve ter se espalhado pelo quarto e ué não demoraria para chegar até o quarto dos meninos e no dele.

Preciso sair daqui. Não posso... A casa na floresta... Saio da banheira e tiro minha roupa, tomando meu banho e me secando em seguida. Fui com o cabelo pingando água até o quarto e vestindo o meu roupão, apenas para ser jogada contra o armário e ter meu pescoço sobre as garras de alguém, o que me fez soltar um grito pela dor do impacto. Sangue, sinto cheiro de sangue. Algo não está bem. Abro os olhos com dificuldade e vejo Mia em minha frente.

— O... que... ?
— Surpresa, vadia. Vim acabar um trabalho.

Senti as garras se enfiarem em meu pescoço, levei as mãos até o seu braço tentando me soltar de suas garras, mas não dá. Estou fraca de mais, não me alimentei hoje e o que me alimento não me é suficiente para me manter forte, apenas para sobreviver.

A porta é aberta com tudo e eu já estou nos braços de alguém tossindo e com a mão esquerda no pescoço que sangra e que não quer parar. Minha regeneração está lenta, isso não é bom. Ouço palavras ao fundo, palavras que não consigo entender a não ser o apito e os batimentos de um coração que quase não bate em meus ouvidos.

"Calma, você vai ficar bem. Respira devagar, vai te fazer sentir melhor."

Ele está aqui de volta. Então quem está com Mia? Quem está cuidando dela? Escuto gritos ao longe, que logo são abafados pelos poderes de Viktor. Ele tirou minha audição. Me sinto ser pega no colo por ele, provavelmente me levando para minha cama, o que me trás memórias desagradáveis o que me faz apertar o seu braço com força. Medo, pavor, pânico.

"Shhh, você vai ficar bem. Não precisa ficar com medo, bonequinha."
"O que vai fazer comigo? Por favor..."
"Não precisa implorar, Sarah. Nunca te deixaria morrer, você sabe disso."

Sinto lágrimas se acumularem em meus olhos e escorrer ao ser deitada na cama, olho para o seu rosto sem me importar de como estava vestida no momento. Ainda sinto o sangue escorrendo pelos meus dedos, o pouco sangue que eu ainda tenho. Minha visão está com a borda vermelha, estou vendo tudo, cada veia no corpo de Viktor, cada ponto em que poderia fincar minhas presas mas nem para isso tenho forças.

Minha respiração sai entrecortada e entre tosse, levando com si o gosto do sangue. Vejo ele cortar o próprio pulso e me entregar. Viktor está me dando o único sangue que pode me manter viva, apenas para eu não morrer por culpa de Mia Cooper.

"Morde."

Com lágrimas escorrendo pelo meu rosto abro a boca, mas não tenho forças e nego a ele. "Não consigo..." Ele olha atentamente, passando o olhar para o meu pescoço e para os lençóis abaixo de mim, assim como meu cabelo loiro que se encontra vermelho acobreado e o roupão, pelo meu sangue. O Bartholy pensa por um instante e leva o próprio pulso até sua boca, onde o morde e uns segundos depois ele tiro o pulso e se debruça sobre mim me beijando. Surpresa com o beijo, acabo não percebendo o sangue que ele me transmitiu, só o sentindo quando engasguei com ele, me forçando a engolir com dor e tudo mesmo.

Quando ele se afasta de mim, ele retira minha mão de meu pescoço e vê como está ali. Eu estou em transe no momento, sentindo cada célula do sangue dele fluindo elo meu corpo, saciando minha fome e aumentando minha regeneração mesmo que ainda lenta. Sangue dele. Sangue de...

A Puro-SangueOnde histórias criam vida. Descubra agora