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Ele vai vir hoje.... O que devo fazer? O que ele vai fazer? Será que devo falar com os meninos? Com Lorie? Deus, Lorie vai surtar. Preciso de sangue, preciso me alimentar mas não quero aquela garotinha em pânico.

Ando de um lado para o outro em meu quarto, trancada ali dentro enquanto penso no que fazer e em pôr meus pensamentos em ordem. Levo um susto ao ouvir baterem na porta, vou até ela em passos rápidos abrindo a porta e vendo quem eu menos queria ver. Drogo.

— O que faz aqui?
— Princesinha, onde está suas boas maneiras? Ah é, você não tem.

O loiro em minha frente me olha debochado, achando graça de mim e eu apenas o olho irritada. Será que se eu o morder, dessa vez consigo manter o seu sangue? Ouvi um simples "não" em resposta o que me fez quase revirar os olhos ao irritante de Viktor, aquele fofoqueiro de quinta categoria. "Isso é invasão de privacidade, vê se cuida da tua vida e da tua amante irritante!", outra risada "Isso é ciúmes, bonequinha? Sabe que você é mais importante que ela." Respiro fundo para me acalmar e deixo ele falando sozinho enquanto ergo as sobrancelhas ao garoto em minha frente.

— E então?! Ainda não me respondeu.
— Argh, mas como é irritante. Vim apenas lhe chamar para comer, já está na hora.

Comer, merda.

— Não estou com fome. Tchau.

Fui para fechar a porta, mas o infeliz faz jus ao pai que tem e barra a porta a mantendo aberta.

— Mentir é feio, Sarah. Você não comeu nada hoje, apenas aquele milkshake que você comprou no campus. Vamos comer, anda.
— Você è surdo por um acaso?! Eu já falei...

A porta foi aperta de supetão, com tudo, o que me fez dar um passo para trás e um grito, quase caindo no chão. Só não cai porque o troglodita que se chama Drogo Bartholy me segurou pela cintura e o pulso, me puxando logo em seguida para fora do quarto e escada abaixo.

— Me solta!
— Não e vê se cala a boca, não quero te ouvir resmungando e muito memos de noite. Eu sei que você tem fome, ou já se esqueceu que nossos quartos são do lado um do outro?!

Me mantive calada agora. Não tinha o que falar, o que contestar, ele estava certo mas também errado, essa noite não passei em meu quarto e sim no de... Prendi a respiração parando de andar, assim como Drogo.

— O que ele faz aqui? Esquece, fique atrás de mim e não saia de perto de mim. Ouviu?

Minha audição e minhas sensações acabaram de irem para o quinto dos infernos com a presença dele, clamando por sangue, por comida. Pelo sangue dele, de meu... Mas então senti outra presença, uma que não deveria estar aqui e que percebi assim que a dele parou, não se aproximava mais.

— De quem é essa outra presença? Não me é estranha.
— O que ela faz aqui?

Duas perguntas, uma que não deveria ter sido feita e outra cheia de indagações. O olhar âmbar de Drogo vieram para mim assim que minha pergunta saiu de minha boca, me questionando mas eu apenas neguei a ele ainda com a visão longe, e ele sabia a razão disso. Viktor estava por perto, o que significava que ou eu estaria morta ou eu teria algo para fincar minhas presas sem correr o risco de morrer intoxicada.

E como ele já não andava mais, apenas passei por ele, soltando minha mão de seu aperto e terminei de descer as escadas, apenas para ser parada por Lorie que estava em um canto, apavorada.

— Cuide dela, Drogo. Eu vou ficar bem, não se preocupe comigo agora mas sim com sua irmã.
— Sarah...?

Afirmo a ele e enquanto ele ia para perto da irmã que estava encolhida, meu olhar se ficou na porta de entrada, onde os dois seres pararam. Precisava manter toda a minha boa vontade e minha paciência para não matar ninguém, pois se ele não a matou, eu que não iria. Com passos leves e silenciosos fui até o vaso que vi pela primeira vez quando entrei nessa mansão e o peguei, quando a porta se abriu revelando Mia primeiro, que entrou na frente e fazendo finalmente os outros dois aparecerem, preocupados comigo estar na mesma casa que Viktor Bartholy e a ex de Drogo. É, isso vai ser interessante. Se eu não matar um antes.

— O que o trás aqui do nada, Viktor?
— E o que ela faz aqui? Não estava morta?

Mantive minha atenção no vaso em minha mão, tentando não rir da cara de Mia ao ouvir as perguntas de Peter. Pelo menos o Drogo não está aqui com Lorie, dois a menos.

— Vim passar um tempo em minha casa, com minha família. Algum problema com isso, Nicolae? E ela veio de enxerida, não deveria estar aqui.

E só então ao ouvir a voz dele pessoalmente em vez de apenas em minha mente, desviei o olhar do vaso para os dois, fixando eles em Viktor em seguida.

— Claro, irei arrumar seu quarto então. Ela ficará em seu quarto ou em outro?

Aquela simples pergunta me causou uma irritação que acabou me fazendo quebrar o vaso em minha mão e ser o centro de atenção, pisquei os olhos e me agachei para limpar a bagunça que eu fiz e me amaldiçoar por ter destruído um vaso antigo que os Bartholy receberam do presidente da Argola, em 1986.

— Claro, ela ficará comigo. Assim a mantenho longe de certos membros dessa família.
— Oh, eu ficarei mesmo com você, meu amor?
— Sim, Mia. Va para o quarto agora se ajeitar.

Me levanto com os cacos em mão e caminho para a cozinha, passando por eles e ouvindo a risadinha baixinha dela voltada para mim, apenas para me irritar mais ainda. Entro na cozinha e jogo os cacos no lixo.

— Você está bem? Se machucou?
— Desculpa, Nicolae. Eu quebrei o seu vaso que ganhou do presidente da Argola.
— Não se preocupe com isso, o importante é você estar bem. E o que houve?
— Nada, apenas me irritei com algo que me lembrei.

Suspiro tentando recuperar minha calma, dando um sorriso a ele logo em seguida.

— Vou para o meu quarto, não esquece de ver como a Morir está. No momento ela está com o Drogo, mas não quero que ela se encontre com ele.

Ele afirma para mim e eu passo por ele, saindo da cozinha e indo para o meu quarto.

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