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Um mundo negro e com a borda vermelha, é isso que eu vejo desde o dia em que acordei do último encontro com ele. Mas agora a pergunta que não quer sair de minha cabeça é, por que ele faria isso comigo, se eu sou tão importante para ele? Será que é vingança por eu ter escapado dele, mesmo depois dele ter me pego e me prendido em minha própria mente e na dele?

Bom,não tenho como responder a essa pergunta e nem mesmo os meninos sabem o que eu estou passando, pois não tive a coragem de contar a eles que eu estou impossibilitada de me alimentar de qualquer outro tipo de sangue.

Saio de meus devaneios ao ouvir baterem na porta de meu quarto e logo após a voz de Peter.

— Sarah, a janta está pronta.

Uma careta se forma em meu rosto e só de imaginar aquele sangue, o meu sangue favorito, o -O, me embrulha o estômago. Respiro fundo para me acalmar e prendo a respiração, me levantando da cama e indo para mais uma refeição dos infernos. Ponho um sorriso no rosto e abro a porta, vendo Peter do outro lado.

— Vamos? Estou faminta.

Ele apenas acena a mim e sai em caminho das escadas, comigo o seguindo e eu não menti a ele, estou realmente faminta. Já faz uma semana que não me alimento direito, apenas sobrevivo com mínimas gotas do sangue dele, que ele me dá através de meus sonhos que ele me leva, apenas para não me deixar morrer.

Passo os olhos pelas paredes e olhando os quadros da mansão, mas paro de andar, de seguir Peter e com um suspiro me viro e olho em direção do quarto no fundo do corredor. O quarto dele. O quarto de Viktor Bartholy. Volto a olhar para o moreno azulado em minha frente que tinha parado de andar assim que suspirei e me observava agora.

— Pode ir, Peter. Eu perdi a fome. Mais tarde eu vou até a dispensa pegar uma bolsa de sangue. Vocês três podem ir caçar em paz.
— Tem certeza, Sarah?
— Sim, eu tenho. Boa noite, Peter. Amanhã tenho aula, vou descansar agora.

Com mais um suspiro de cansaço, viro sobre meus calcanhares e volto para o meu quarto, mas não fechando a porta, apenas a encostando e fico atenta aos passos de Peter que voltaram a ressoar alguns minutos depois e que se afastavam cada vez mais, até que não o ouvi mais. "Desculpa, Peter."

Saio de meu quarto novamente, tomando o cuidado para ser silenciosa e fui para o último quarto daquele corredor. Olhei a decoração da porta e ergui minha mão até a maçaneta, me questionando se estava fazendo o certo por estar ali.

"É claro que não é o certo. Se eu entrar aqui, vai ser o meu final. Será a carta branca para ele. Mas... não tenho muita escolha..."

Mordo o lábio inferior e prendendo a respiração, seguro e rodo a maçaneta em silêncio e abro a porta, entrando e fechando ela logo em seguida. Olho pelo quarto, cada canto dele e vendo que mesmo que ele não estivesse ali, podia sentir sua aura e sua presença em todo canto desse cômodo, o que me dá arrepios.

— Olha o que temos aqui, uma humana enxerida.

Uma voz estranha e feminina, doce e enjoativa me chama a atenção e me viro rapidamente para ela, onde vejo uma sombra do meu lado direito, perto da porta que deve dar para o banheiro. "Humana? Porque ela falou humana?... Ah, minha aura está sendo reprimida, por isso." A mulher vem em minha direção, saindo das sombras e deixando a luz da lua a iluminasse e me dando a vista de uma garota que não deveria ter mais do que 20 anos, loira e com um corpo escultural. E também muito atraente, principalmente para a minha fome.

— O gato comeu sua língua, minha querida? O que você faz em meu quarto? Não te dei permissão para entrar, ainda mais você, uma humana desqualificada.

"Uma humana desqualificada? Você irá a deixar falar assim com você, minha bonequinha?"

Congelei a ouvir a voz dele em minha mente e devo admitir, ao ouvir o que ele disse, me deu vontade de liberar minha aura e acabar com ela de uma vez, mas ao contrário disso questionei a ele de volta.

"O que ela faz aqui em seu quarto? E quem é ela?"
"Está com ciúmes, bonequinha? Você sabe quem ela é e sobre ela estar aí, bem, ela não deveria. Esse aposento é meu e seu, de ninguém mais. Fique a vontade para fazer o que quiser e quem sabe, essa noite, vice não ganha mais do que uma gota de meu sangue."

Faço uma careta ao ter a resposta dele ao mesmo tempo em que essa garota passa sua unha em meu rosto, me trazendo se volta a realidade e me mantendo fora e longe da risada dele.

— Sabe, você é muito presunçosa por falar que esse aposento é seu, desconhecida. Te aconselho a ir embora daqui, antes que a coloque para fora a tapas.

Ela deu uma risadinha brincando comigo e apertando um pouco sua unha que passeava pelo meu pescoço, fazendo assim o aroma de meu sangue subir e me enlouquecer por conta da fome. Com a respiração presa, dou um tapa na mão dela, a tirando de perto de mim.

— Não lhe dei permissão para me tocar e muito menos me cortar com suas garras, Mia.

Ela pisca os olhos perdendo totalmente o ar de diversão e deixando no lugar uma de confusão, susto e por fim, ira.

— Quem você pensa que é para falar assim comigo?! Você não passa de uma garotinha mimada que é babá daquela garotinha irritante! É melhor você calar a boca, se não quiser mo....

E antes que ela terminasse de falar, minha mão já estava em seu pescoço o apertando e lhe cortando o ar que ela não precisava mais, mas assim como qualquer humana transformada, não perderia a mania de usar suas vias respiratórias para viver.

— Garotinha mimada? Você não viu nada e nem sabe do que eu sou capaz de fazer. Você, Mia Cooper, nem sabe quem eu sou. Mas deixa eu lhe dizer algo. – aperto seu pescoço mais um pouco, a fazendo segurar meu braço com força, tentando se livrar de mim – Eu sei tudo sobre você, desde o dia em que morreu para Viktor Bartholy, tanto quando você desapareceu da faculdade e fez sua primeira vítima. E você se acha a concubina dele? – dou uma risadinha e a jogo na direção da cama dele, no chão e caminho silenciosamente e ameaçadora até ela, que se envolve tossindo. – Você não passa de um brinquedo para ele, já que não conseguiu me ter para si. Sabe quem eu sou agora, Mia?

Ela me olha em sua frente, com a mão destra no pescoço e os olhos vermelhos e as presas a mostra, tentando me intimidar. Dou um sorrisinho, deixando minhas presas a mostra para ela e eu pude acompanhar o momento em que a sua cor foi drenada de seu rosto e ela ficou mais branca que uma folha.

— Você... Como? Você tinha morrido... Junto deles...

Minha expressão se fechou, ficando sombria. Ergo o rosto dela pelo queixo, com minha mão destra e a faço me olhar nos olhos e pronunciou cada palavra com seriedade e uma ordem.

— Nunca mais fale de meus pais, Mia Cooper. Se corte e deixe o seu sangue encher uma taça e depois você irá embora dessa mansão e irá direto até ele, seu "amante" e dirá que ele nunca me terá. Ouviu?

Ela me reponde em um transe e eu logo me levanto do chão e me sento na cama, indicando a taça que estava sobre o criado-mudo, que alguns minutos depois está cheia do sangue de Mia Cooper e também o sangue de Viktor Bartholy. Ele acha que eu não senti olá fragrância do sangue dele nela? Idiota. Assim que ela terminou, a loira apenas foi embora e com um ódio fervendo em seus olhos. Mas é uma pena, ela não pode me ferir e sabe disso.

Peguei a taça e bebi o sangue que tinha ali, apreciando cada gota dele e me saciando o que estava para me matar já. Uma semana de fome, acabou de ser saciado pelo sangue de uma criada por ele. Após secar a taça, a ponho de volta sobre o criado-mudo e me ajeito sobre a cama dele, tirando os saltos e me deitando debaixo do edredom e fui dormir. Estava cansada.

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