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Daqui alguns dias completa três semanas que Sarah está em coma, três semanas que ela não me leva para a escola e que as minhas amigas e professoras perguntam o porque dela não me levar. Sempre faço o que Nicolae me fiz, para não contar a eles o que aconteceu a ela e apenas fizer que ela não pode me trazer, e agora já estou indo para a elementar de novo.

-Drogo, eu não quero ir hoje... Eles vão continuar com as perguntas e eu não quero mais os responder, mentir...

Abaixo a cabeça olhando para os meus pés, logo ele para em minha frente se agachando e me segurou pelo queixo, fazendo-me olhá-lo.

-Minha loirinha linda, você sabe que não precisa os responder. Se eles começarem a te perturbar com muitas perguntas, apenas comece a chorar que sua professora os repreenderá.

Ele diz com um sorriso travesso e eu coro um pouquinho, desvio o olhar dele envergonhada e mordendo o lábio inferior.

-Eu sei muito bem que você sabe chorar, você não engana ninguém nessa casa quando chora por qualquer coisa. Te conhecemos muito bem, minha pequena.

Encolhi meus ombros e logo senti um beijo em minha testa e enquanto o olhava, ele se levantava e pegava minha bolsa.

-Vamos, se não você vai se atrasar.

Concordo e vou com meu irmão até a elementar.

Assim como ele me disse, parei de responder sempre as mesmas perguntas, apesar de hoje ter tido uma diferente, que veio da coordenadora. Ela me perguntou o motivo de minha mãe não ter vindo comigo, o que me fez lembrar de minha mãe mesmo e me fazer ter uma crise de choro. A coordenadora ficou sem saber o que fazer, tentou me acalmar com doces o que só me fez chorar mais. A morena me pegou no colo e me levou para a sua sala, onde me entregou um copo de água e ligou para o Nicolae.

-Sr. Bartholy?... Desculpe lhe incomodar... Sim, eu sei que o senhor é ocupado, mas sua filha está com uma crise de choro assim que lhe perguntei o motivo de sua mãe não a trazer mais... Certo, senhor. Me desculpa, qualquer inconveniência. Estarei te esperando.

Ela desligou a ligação e parou em minha frente, preocupada comigo. Drogo me disse para fingir chorar, mas assim que a ouvi perguntar de minha mãe, eu nem precisei fingir. As lágrimas continuam a descer, mesmo que ela continue a secar meu rosto.

-O pequena, não foi minha intenção te fazer chorar. Aconteceu alguma coisa a ela? Ela fez algo a você?

Afastei a mão dela de meu rosto e negando com o rosto todo molhado pelas lágrimas, me levantei a olhando irritada.

-Eu te odeio! Nunca mais fale de minha mãe! E muito menos da Sarah! Eu te odeio!

Saí correndo de sua sala e assim que virei o corredor bate contra alguém que me manteve em seu abraço apertado, tentei me soltar mas foi em vão.

-Shh, calma Lorie. Respira, está tudo bem.

Abracei meu "irmão" mais velho de volta voltando a chorar em desespero, deixando tudo o que mantive longe da superfície por séculos, vir a superfície mais o que ocorre no momento com Sarah. Ele me pega em seus braços me mantendo apertada em seus braços.

-Respira. Isso. Vai ficar tudo bem, minha pequena.

Logo em seguida ouvi a voz dele em minha cabeça, me dizendo para dormir, o que não demorou muito e meu cérebro se desligou cansado pelo choque do momento. O choro, lembranças do passado e a pressão de não poder mais brincar ou conversar com a minha babá. Uma princesa de verdade.
Minhas mãos se soltaram, pendendo em seu ombro e minha cabeça caiu para o lado assim como eu.

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