Descobri que a vida e o destino não gostam de mim e que estão de mal com minha existência. Mal cheguei no campus e já dei de cara com um ser desmiolado que se chama Loan e uma loira aguada, que se chama Samantha. A loira aguada me olha de cima a baixo, me medindo enquanto que o desmiolado faz a mesma coisa, só que atrás de qualquer sinal diferente e pelo seu olhar que escureceu, pude perceber que ele encontrou algo que não gostou mas que camuflou com um sorrisinho odioso.
— Se não vão falar o que querem, vou entrar pois tenho mais o que fazer, do que ficar aqui olhando para a cara feia de vocês.
Samantha me olha feio pelo que eu disse, mas pouco me importo para a opinião dela. Volto a andar e ao passar no meio deles mesmo, empurrando a loira aguada para o lado, tenho meu braço segurado por Loan, que me faz o olhar friamente.
— Me solta.
— Você não está bem. Vem com a gente, podemos te ajudar.Dou uma risadinha fria a ele, que o faz segurar meu braço mais firme, apesar do medo que sentiu.
— E o que eu tenho? Eu estou em perfeito estado, ótima e nunca estive melhor, acredite. E sabe, tem algo que eu gostaria de perguntar a você dois a muito tempo. O que foram fazer na mansão? O que queriam comigo?!
Meu olhar endureceu e com um puxão de meu braço, me soltei de sua mão e passei o olhar pelos dois que de mantiveram calados, mas coitados, não preciso das palavras deles, apenas de que pensem no motivo. Entrei em suas mentes sorrateiramente e o que vi ali, me fez respirar fundo silenciosamente e prender a respiração, para me acalmar e não matar esses dois em poucos segundos.
— E então?
— Nada, apenas queríamos pregar uma peça a você. Já que estava de cama ainda, doente.Samantha fez uma careta ao namorado, sabendo que aquilo era uma mentira horrorosa, já que eles sabiam que eu não estava doente e sim de coma. Ergui una sobrancelha a eles, que fez eles se arrepiarem por terem sido pegos na mentira.
— Tenta de novo. Eu já estava acordada quando entraram, estava na biblioteca e os vi perfeitamente. O que queriam comigo?! Falem logo!
— Que garota irritante! Fomos fazer o que o Loan disse mesmo, agora nos erra.E assim a loira aguada puxou o namorado para a cafeteria e eu apenas entro no campus, indo para a sala enquanto repasso em minha mente o que tinha descoberto daqueles dois. Nem mesmo Nicolae consegui algo, mas também eles já sabiam que não deveriam pensar e nem falarem nada em frente a ele, é como se já soubessem de seus poderes psíquicos, de saber ler a mente. É uma pena que para todos, eu não passo de uma simples humana "doente" e ninguém desconfia de mim, nem mesmo as bruxas Osborne. Ah como isso é interessante.
Deseja brincar, vamos brincar. Vamos ver quem resta de pé por último.
Com um sorrisinho irônico no rosto, me sento em minha mesa e ajeito minhas coisas sobre ela e espero a aula de mitos e lendas começar. Não tardou para a sala se encher de alunos e os quatro chegarem, dois deles vindo para perto de mim, apesar de que um não está com a melhor paciência do mundo. Ele que lute, não sou obrigada a aturar sua vadia em minha própria casa.
— Bom dia, Peter.
— Bom dia, Sarah.Ele se sentou ao meu lado e me deu um beijo na bochecha, se ajeitando em seguida na cadeira e pegando o seu livro para começar a ler.
— Faz tempo que não te vemos em casa, está tudo bem? Não comeu hoje de novo.
— Estou bem sim, apenas pulei a janela de meu quarto. Não queria ver ninguém hoje, se é que me entendem.Dou de ombros ao que eu falo e ao sorrisinho que o azulado dar, concordando comigo, sabendo exatamente de quem eu estava falando.
— Lorie está sentindo sua falta. Vai cuidar dela hoje?
— Sim, afinal, sou a babá dela. Preciso fazer meu trabalho.Os dois concordam e logo prestamos atenção ao professor que tinha entrado na sala e começou a dar a aula.
Minha fome hoje está zero, e também minha paciência para ficar mantendo aparências falsas por aí, então apenas fico na biblioteca enquanto espero o horário para a próxima aula. O caderno em minha frente está todo rabiscado, cheio de rascunhos de jóias e roupas que nunca sairão dessas folhas, não se depender de mim.
— Uau, são lindas. Você que fez?
Olho para ver de quem era a voz que não conhecia e vejo a garota que sempre está com Sara por aí e que virou melhor amiga dela, volto meu olhar para o caderno em minha frente e o fecho pondo a caneta por cima da capa e a observo se sentando.
— Desculpa, não quis lhe atrapalhar mas não resisti ao ver eles sem querer. Aliás, sou Morgana, Morgana LeFey.
Ergo as sobrancelhas achando interessante o nome da garota em minha frente, ainda mais por ser um nome de uma bruxa que a muitos anos não se ouvia falar e ela ter o mesmo nome, apenas me faz ver a ironia que é o destino.
— LeFey. Que interessante.
— Ah... é. Meus pais resolveram por esse nome por causa de meu sobrenome, e como não gosto do meu segundo sobrenome, uso ele.Segundo sobrenome?
— E qual seria ele?
— Lyrita. Morgana LeFey Lyrita. Estranho, eu sei.Ao ouvir aquele nome paraliso. Uma bruxa das antigas e que teve haver com o meu acidente, que teve a morte de meus pais e que me vendeu para ele. Mas não deveriam todos estarem mortos? Como sobrou um? Quer dizer, dois agora.
— Você tem irmão ou primos? Ou é apenas você de Lyrita?
Ela me olha estranho e eu dou um sorrisinho tímido, como se estivesse pedindo desculpas pela pergunta estranha a ela.
— Desculpa, se eu fui muito evasiva.
— Não, está tudo bem. Só foi um pouco estranho essa pergunta, mas não, sou apenas eu. Minha mãe não teve irmãs, e por algum motivo só restou nós duas de nossa família."Interessante."
Merda. Ele ouviu.
Travo a minha mente, bloqueando qualquer canal que ele possa usar e continuo minha conversa com ela.
— Que estranho... Bem, dos Bittencourt também só restou eu. Meus pais morreram em um acidente de carro a muitos anos atrás, não lembro direito do que ocorreu mas sei que eles me amavam muito e isso já basta, não é mesmo, Morgana?
Ela afirma com um sorriso no rosto e logo o sinal toca, dizendo o fim do intervalo e que a próxima aula começaria. Juntamos nossas coisas e fomos respectivamente cada una para nossas aulas, eu indo para a de música. Mas ao chegar lá, não encontrei ninguém na sala, o que me deixou confusa. Olho para a porta e vi ali "Turno Vago". Dei de ombros e fui para a cafeteria do campus, onde encontrei Peter no canto e fui até ele, me sentando ao seu lado, tendo um olhar nada agradável de uma garota irritante que gosta dele, mas fingi que não a vi e apenas deitei minha cabeça em seu ombro.
— O que faz?
— Estou lendo uma poesia de Shakespeare. Quer ler?Faço uma careta ao ouvir o que ele diz e nego ao mesmo, o fazendo rir de minha cara e assim voltar a sua leitura, enquanto eu fiquei a observar o salão, vendo quem estava ali.

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A Puro-Sangue
VampiriSarah Bittencourt é uma vampira Puro-Sangue, a última de sua espécie e por ser a única está sendo perseguida e ameaçada por um vampiro original que quer tomar seu poder. Sarah está morando em Mistery Spell, uma cidade no interior da França e está tr...