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Sinto meu corpo pesado e levemente dolorido, abro os olhos um pouco vendo através de meus cílios o ser deitado ao meu lado e quando o cheiro dele chega até mim, meus olhos se arregalam no mesmo instante. Pelos deuses, o que houve aqui? O que faço aqui? Me sento na cama rapidamente, levando a mão destra a boca ao sentir uma ânsia e só então sentindo o gosto do sangue em minha boca.

Sinto os braços dele rodear minha cintura e depois sua voz em minha mente, me deixando atordoada e mais perdida ainda.

"Bom dia, Sarah. Dormiu bem?"
"O que houve aqui? Por que estou aqui? E cadê Mia?"

Sinto ele se erguer em seus braços, mantendo a mão esquerda sobre meu colo, acariciando minha barriga com o polegar.

"Provavelmente no porão depois do que ela fez a você. E você está aqui porque você quis ontem a noite, depois que se agarrou em mim e não me deixou te levar ao banheiro para te limpar. Basta olhar o seu cabelo sujo ainda."

E como se fosse no automático, levei minha mão até meu cabelo e olhei os fios. Vermelho. Está seco já. Se eu estou assim, então estava com o roupão... Cadê? Passo meus olhos pelo quarto e encontro ele jogado perto da poltrona, em frente a janela. Estremeço ao me lembrar do que foi feito ali e como se ele já imaginasse o que eu falaria, me mandou uma lembrança. Uma lembrança do que falamos ontem, antes de virmos para cá.

Merda, nem mesmo brigar e gritar com ele eu posso. Solto o meu cabelo e o observo por fim, tendo seu polegar ainda acariciando minha barriga. Ele está com a cabeça apoiada na palma de sua mão, enquanto me observa em silêncio. Abri a boca para perguntar o que ele tanto olhava, mas nada saiu, minha voz foi cortada o que me fez senicerrar os olhos a ele.

"Desculpa, mas sem palavras ditas por enquanto. Eles ainda estão em seus quartos e podem te ouvir aqui e tenho certeza de que você não quer isso. Certo?"

Desvio o olhar para o lado dando a confirmação a ele e me deito em seguida, voltando a me encolher e fechar os olhos, mantendo meus seios escondidos pelos meus braços e cabelo. Sinto a coberta ser puxada para cima, me tapando e depois uma carícia no rosto, me fazendo abrir os olhos novamente.

"Estou saindo agora, preciso ir até Mia. Você descansa mais um pouco, tem uma taça com um pouco de meu sangue sobre a mesa de centro."

Afirmo a ele e volto a fechar os olhos, querendo voltar a dormir e ver se esse peso e dores sobre meu corpo passasse. Sinto um beijo no topo da cabeça e depois a cama se mexer, sentindo o frio do afastamento dele de perto de mim na cama. Ouço cada movimento dele dentro do quarto, a porta do closet se abrindo, roupas sendo retiradas de cabides e gavetas e depois do farfalhar dos tecidos enquanto são vestidas.

"Se quiser olhar, fique a vontade. Você já viu tudo aqui mesmo."

Faço uma careta a sua fala me escondendo nas cobertas, tapando meu rosto com ela enquanto ouvia sua risadinha baixa e meu rosto queimava pela vergonha. Escutei ele se calçando e depois indo para a porta do quarto, saindo em seguida, fechando a porta e me deixando alí na sua proteção, sabendo que ninguém entraria aqui e muito menos em meu quarto, já que as mesmas proteções que tem aqui, ele colocou lá.

"Que horas são?"

Esperei pela sua resposta, que chegou após uns minutos em um tom de diversão.

"08:30h, preguiçosa. E está desperta agora?"

Ao ouvir o horário, meus olhos se abriram na mesma hora. Olhei para o relógio sobre o criado-mudo, vendo o horário ali, o mesmo que ele tinha lhe dito e atrapalhada como só eu posso ser, acabei me enroscando nas cobertas e caindo de cara no chão chiando de dor. Me levanto e vou até o meu roupão no chão, pego a taça sobre a mesa e bebo do sangue ali, apesar de ser pouco, já era suficiente para mim. Principalmente depois do que aconteceu durante a noite e toda a quantia que tomei direto da veia.

A Puro-SangueOnde histórias criam vida. Descubra agora