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Estávamos na sala conversando sobre o motivo de tal vinda dele para a mansão e também a estadia de Mia aqui, quando sentimos o cheiro do sangue de Sarah no ar, mas era tão pouco que logo sumiu e não nos preocupou com isso.

— Isso de agora foi...
— Ela deve ter se cortado, nada de mais. E como a Lorie está?

O loiro suspira inclinando a cabeça para trás no sofá, olhando para o teto enquanto volta a falar.

— Dormindo agora, mas está abalada. O medo dela por ele aumentou por causa de Sarah, pelo que ele fez a ela.
— Entendo.

Levei a xícara de café até os lábios, bebendo um gole dele enquanto pensava no que Drogo tinha falado e no que Lorie estaria passando e passaria com a estadia de Viktor aqui, quando ouvimos o grito e o cheiro de sangue fresco e forte. A xícara foi esquecida assim como os fones de ouvido e o livro, e nós três fomos para o andar superior e ao quarto de Sarah, onde vimos ela já nos braços de Viktor e Mia no chão, com as mãos na cabeça. Parecia sofrer.

— Tirem ela daqui, não a quero ver pela casa e muito menos em minha frente.

Afirmei e fui até a garota que estava toda encolhida e com as mãos na cabeça, a ergui com Drogo ao meu lado e a levamos para fora do quarto.

— Onde a levamos?
— Para o porão.

Com a resposta que ele deu, já sei que qualquer sentimento que ele tinha por ela já não existia mais, ainda mais depois de atacar Sarah. Enquanto nós a levávamos para o porão, pedi para Peter ficar com Lorie que deveria ter acordado com toda a gritaria e o cheiro de sangue.

Abri a porta do porão e entramos com ela, descemos as escadas com ela ainda chorando e se contorcendo de dores. Estendi meus poderes em sua mente e o que vi ali, me fez questionar que o quê a Sarah passou na mão dele não foi nem ⅓ do que Mia estava passando agora. E para piorar, ela está consciente ao contrário de Sarah que dormia.

Drogo a prendeu nas correntes e depois fechou a porta da prisão. A visão dela não está sendo das melhores, mas tenho certeza que isso não será nem a metade do que aqueles dois farão a ela no dia seguinte.

— Vamos. Tenho que ver como Lorie está.
— Peter está com ela, não se preocupe, Drogo.

O observo se afastar, sabendo que ele iria até a irmã do mesmo jeito. Ele se preocupa mesmo com a irmã e isso é bom, mas também ruim. Mas é algo que prezo nele, sua confiança e sua lealdade a quem ama. Drogo Bartholy é capaz de matar por quem ama e não duvido de que Mia já estivesse morta se eu não estivesse aqui. O sigo escada acima e depois fecho a porta do porão atrás de mim a chave, e vou para o meu quarto enquanto que ele vai para o quarto da pequena loira.



— O que aconteceu? O que foi esse grito? E esse cheiro? A Sarah está bem?

Mal entro no quarto e já sou recebido por perguntas de Lorie que contém lágrimas nos olhos e está apavorada. Vou até ela na cama e me ajeito nela, trazendo a minha pequena para o meu colo e a ajeitando ali, fazendo carinho em seus fios loiros iguais ao do irmão.

— Ela está bem agora, não precisa se preocupar com isso. E você, como está?
— Esse cheiro... é ela? Ela não tinha morrido? Como está aqui?

Paro o carinho observando a pequena em meu colo que brinca com um fio de seu cabelo, esperando por uma resposta minha. Pisco os olhos a olhando e volto a acariciar seu cabelo.

— Sim, é ela e de alguma forma está viva. O veneno dele não a matou no processo e ela acabou o seguindo até aqui, já que pelo que entendi, ela não deveria ter vindo junto.
— É uma pena. Posso brincar com ela depois?

Dou um sorriso contido a ela.

— Brincar? Qual seria a brincadeira?
— De ursinhos e também de princesa e o caçador. Ela seria a princesa e eu a caçadora.
— Interessante, e o caçador cassaria quem?

Ela virou o rosto em meu colo com um olhar e sorriso travesso, posso até mesmo dizer macabro, em seu lindo lindo rosto.

— A princesa.

Dei uma risada ao ouvir a resposta e afirmei, olhando para a porta assim que foi aberta.

— Qual a graça?
— Ela quer brincar de Princesa e o Caçador com Mia.
— Hmm, que tal amanhã? Agora é hora de dormir, minha pequena espoleta.

Ela deu uma risadinha gostosa de se ouvir e se desvencilhou de meu colo, se enfiando debaixo das cobertas novamente e estendeu as mãos para mim e o irmão, que veio até a cama e segurou sua outra mão. Eu brincava com os dedinhos dela, enquanto que Drogo fazia carícias.

— Amo vocês.
— Também te amamos, pestinha. Durma bem.
— Durma bem, Lorie.

Ela afirmou e fechou os olhos, se soltando de nós e abraçando o seu ursinho de pelúcia esquisito, voltando a dormir em poucos minutos. Olhamos por ela por mais alguns minutos, atentos a sua respiração pacífica. Drogo deu um beijo na cabeça da irmã e depois saiu, me esperando enquanto dava um beijo na bochecha de Lorie e saia do quarto, fechando a porta atrás de mim.

— E então?
— Ela vai se divertir amanhã. Junto de Sarah.
— Entendo, bem vou dormir agora. Ou tentar.
— Boa noite, Peter.

Nos separamos, indo para nossos quartos. Fechei a porta atrás de mim e fui até meu piano, onde passei os dedos de leve sobre as teclas e também sobre as partituras, indo para a cama enquanto retiro a camisa. Me deito nela me ajeitando, indo dormir em minha bolha de paz e silêncio.

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