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Todos nessa sala nunca me pareceram tão apetitosos como agora, mas não posso e não vou. Me debruço sobre a mesa, enterrando a cabeça nos braços e assim tentando trazer a razão de volta a mim mas a única coisa que consigo, é sentir minha fome nos mínimos detalhes. Senti o olhar dos dois sobre mim enquanto o professor de biologia falava da matéria,coisa que não prestei muita atenção e assim que a porta foi aberta do nada e um cheiro me alcançou, meus olhos foram abertos e me vi respirando fundo e sentindo esse cheiro delicioso no ar. Fresco, delicioso e me chamando. Ameacei me levantar, mas alguém me segurou pelo braço e quando fui ver quem era, vi que era a bruxa, o que me deixou surpresa e com a mente lucida por alguns instantes, mas não tinha como ela saber o que eu sou, então creio que foi mais para prevenção dos meninos não fazerem nada. E era como eu pensei, seus olhos não estão em mim e sim nos garotos a mesas abaixo de nós, que me olhavam preocupados.

— Fique calma, respira pela boca.

Ouvi o sussurrar de Drogo mas neguei apertando meus braços por debaixo da mesa, para me acalmar. Precisava de alguém e a Osborne não era uma boa opção, preciso de Drogo e Peter. Preciso de sangue. Vi Drogo vir até mim enquanto senti o aperto de Sara em meu braço se apertar a cada passo dele, o que me fez a olhar irritada e puxar meu braço dela que me soltou envergonhada e desviou o olhar para o professor que saia da sala com o garoto que conversava com ele.

"Sangue... Estou faminta..."
"Vá se alimentar então, Sarah."
"Não posso. Não!"
"Mas se for, sua fome passará."
"Sim, mas..."

— Você não pode, Sarah. Se controla e mantenha seu controle, você não é ele.

Olho para os dois que tinham vindo para perto de mim e se sentado ao meu lado, conseguindo a atenção de outros alunos e da vadia da Camilly que não parava de me olhar irritada por conta de Drogo a ter deixado sozinha e o olhar de uma outra garota que me olhava como se quisesse me matar, só que essa era por conta de Peter. A bruxa não se encontra mais aqui ao meu lado e sim ao lado da amiga, em outra mesa.

— Estou faminta, meninos...
— Nós sabemos mas você não pode. E Nicolae está procurando um jeito de te ajudar. Mas acho que já sei uma forma de lhe ajudar, loira.

Parei de apertar os meus braços e virei o rosto um pouco na direção de Peter, querendo saber como ele poderia me ajudar.

— É sangue que você quer....

Minha boca salivou ao ouvir aquela palavra e logo em seguida não o ouvia mais, apenas sentia o cheiro agradável e convidativo que estava o ar. Voltei a mim quando ouvi meu nome, olhei na direção oposta a Peter e vi Drogo que me repetiu o que o moreno azulado tinha me dito e que não tinha ouvido. O-, um sonho que espero poder se tornar real e sem o Nicolae me impedir... Dei um sorrisinho discreto aos dois, e recebi o carinho de Peter em minha cabeça e logo me ajeitei no colo de Drogo, sem me importar com os olhares e ameaças que ouvia.

"O-."

Minha mente estava presa nessa única palavra, enquanto estava com a cabeça enterrada no pescoço de Drogo para abafar o cheiro do sangue no ar, mas apenas para sentir a fragrância do dele e o que já tive a chance de experimentar e quase vomitar pelo que ele tinha me feito. Para parar de sentir esse cheiro, comecei a respirar pela boca e sem perceber, meus olhos estavam cravados na jugular pulsante dele e por muito pouco que não passo a língua ali.

Sibilei a mim mesma e me ajeitei para parar de sentir o cheiro dele também e ali fiquei, até que minha fome cessasse um pouco. Com a fome controlada, o cutuquei na costela e lhe disse que já estava bem, e assim me sentei de volta em meu lugar, mas mantive a cabeça apoiada em seu ombro e de olhos fechados.

— Melhor?
— Sim. Vai demorar muito, quero ir para casa...
— Talvez um pouco. Não sei o que está acontecendo lá fora.

Peter me respondeu e uns instantes depois, abri os olhos novamente com eles cravados na porta que é aberta e de lá surge o diretor, que mos dispensou por dois dias e explicou o motivo. Uma viga da quadra se soltou e acabou machucando três alunos.

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