𝐃𝐀𝐑𝐈𝐍𝐆 | Regulus Black

six : 𝖙𝖍𝖊 𝖇𝖚𝖙𝖙𝖊𝖗𝖋𝖑𝖞

pt; a borboleta.

nota: você é minha memória
inconsolável.

London, England;
01 de novembro de 1981.

A TERRA BARRENTA GRUDAVA nos sapatos gastos de Ariadne Moore, a medida que ela andava no cortejo fúnebre de sua irmã e seus dois melhores amigos. O cemitério de Godric's Hollow estava lotado de funcionários do ministério que ela não conhecia, pessoas importantes da aristocracia bruxa e muitos conhecidos e amigos da escola. Hyacinth fungava ao seu lado, provavelmente se segurando para não chorar na frente de outras pessoas.

Mas ela não tinha mais o que chorar. Desde que recebeu a notícia da morte de Gaia, tudo que conseguiu fazer foi procurar o corpo da irmã pelas últimas quarenta e oito horas que se seguiram. Quando achado, no meio de uma mata qualquer, perdeu seus dois melhores amigos em seguida. Lily e James Potter haviam sido traídos por Sirius Black, seu ex noivo e padrinho do afilhado deles, Harry, que havia sobrevivido ao ataque de Lord Voldemort. Peter Pettigrew também havia morrido naquela noite do dia das bruxas, assassinado por Sirius.

Ariadne estava inerte, caminhando com todas aquelas pessoas como se seguisse uma manada. Quarenta e oito horas antes, ela estava fazendo biscoitos com leite para sua irmãzinha mais nova e vendo sua sobrinha falar a palavra "mãe" repetidas vezes. E agora, ela havia perdido tudo.

Ela viu Dumbledore entre a multidão de homens desconhecidos. Ele parecia triste por ter perdido três de seus melhores soldados, porque no fundo era isso que eles eram: "soldados." Para Fudge, que estava ao lado dele, sua irmã era uma das melhores aurores que havia passado pelo ministério e era assim que ela seria lembrada por todos: uma auror competente e poderosa.

Mas para ela não. Gaia Jane Moore seria lembrada para aqueles que a amavam como uma menina doce e gentil que ela foi até seus últimos dias. Como uma irmã carinhosa, uma amiga leal e uma mãe heróica, que fez de tudo pela própria filha até o fim. Pensou em Maia, que nunca teria a chance de conhecer a própria mãe, ou saber que cheiro tinha, ou reconhecer nela todas as semelhanças físicas que tinham.

— Nine... — a voz embargada de Ivy a tirou de seus devaneios. Ariadne olhou para o rosto vermelho e inchado da irmã, indicando que havia chorado por horas — V-você precisa jogar a rosa...

Ariadne olhou para a rosa vermelha em suas mãos, nem sabendo como ela tinha ido parar ali. Alguém deveria ter colocado, enquanto ela estava petrificada. Um deja-vu da morte da mãe dela passou por sua cabeça naquele momento quando ela lembrou que Astrid tinha sido enterrada em um dia igualmente chuvoso. Gaia enfim tinha seguido os mesmos passos da mãe.

Sentiu uma vontade incontrolável de rir, amarga. O destino nunca fora justo com aquelas irmãs, mas de alguma forma, Ariadne sabia que elas estavam fadadas a destruição em algum momento de suas vidas. Todas elas pereceriam.

O cemitério foi se esvaziando pouco a pouco, só restando ela e Remus Lupin em um certo ponto. Os túmulos de James e Lily e o de Gaia eram do lado um do outro, então ela não precisou ficar se revezando para se despedir deles da forma que queria. Ela abaixou na altura do tumulo dos Potter's, beijando o nome de Lily sem se importar com as gotas de chuva grudando em sua boca. Ariadne conheceu Lilian Evans aos três anos de idade, quando elas eram apenas criancinhas que se escondiam atrás da barra da saia das mães.

A realidade de que Lily nunca mais estaria ali, para puxar o pé dela ou passar horas de madrugada conversando lhe atingiu, e doeu tanto quanto a maldição cruciatus. Ela tinha visto Lilian Evans crescer, e esteve ao seu lado até nos momentos mais sombrios. Ambas compartilharam a dor de perder o melhor amigo para o lado das trevas, ambas tinham assistido uma a outra se apaixonar. No entanto, Ariadne veria Harry crescer, mas Lily não. E agora, ela era somente uma memória. A menina de cabelos ruivos, olhos verdes de esmeralda e coração bom estava morta. E não voltaria nunca mais.