𝐃𝐀𝐑𝐈𝐍𝐆 | Regulus Black

EXTRA: 𝖔 𝖔𝖚𝖘𝖆𝖉𝖔

nota:
me leve para o lago
aonde todos os poetas
vão para morrer.

1 de setembro de 1972
oito anos antes
Segundo ano.

REGULUS BLACK NÃO ERA uma pessoa insegura de seu próprio talento. Não, ele sabia que era um bruxo talentoso, até muito mais que todos os seus colegas. Os professores sempre o enchiam de elogios, suas notas nunca eram menores que "A" e ele sempre estava em primeiro lugar em todas as matérias.

Exceto em uma.

Poções era a matéria favorita do garoto desde que ele havia xeretado os livros do irmão mais velho, Sirius, que tinha entrado em Hogwarts antes dele. Sirius era tenebroso naquela matéria, mas Regulus sempre soube que era aquilo que queria fazer quando folheou as páginas daquele livro. Quando em 1971, ele finalmente teve chance de realizar seu sonho infantil, tudo foi por água a baixo por causa dela.

Uma garotinha mais alta que ele, de cabelos de uma cor que se assemelhava ora a ruivo ora a louro e de olhos extremamente azuis, como o céu de verão. Gaia Moore era a menina mais inteligente da classe, embora quase nunca aparecesse nas aulas. Uns diziam que ela era doente, outros diziam que sua mãe havia falecido de varíola de dragão, mas toda vez que ela aparecia na escola era como um evento: a famosa Gaia, sempre o centro das atenções.

Ele no entanto, a achava uma completa bagunça: ela era desajeitada, desastrada, seu cabelo parecia o de uma criançinha, sempre bagunçado. E além do mais, ela carregava aquele broche de borboleta para cima e para baixo como se fosse um amuleto. Como uma garota como aquela, poderia ser melhor que ele?

No entanto, naquele ano ele estaria preparado: seria o seu ano. Havia crescido centímetros consideráveis, e até mesmo seu pai parecia ter notado, não parando de tagarelar sobre os filhos entrarem no quadribol. Ele não deixaria que aquela traidora de sangue roubasse seu posto de melhor da classe, havia aprendido com desde cedo que deveria sempre ser o melhor em tudo que se propusesse a fazer.

— Já está pronto, pirralho? — Sirius surgiu em sua porta, trajando uma camiseta de uma banda que ele não conhecia. Desde que havia entrado na grifinoria, Sirius estava cada vez mais desleixado, o que não agradava nada seus pais — Reggie, que roupa é essa?!

— Minhas roupas normais....?! — o mais novo franziu o cenho confuso, se olhando no espelho. O que havia de errado com terno e gravata? — Você que está com essa esquisitice!

— Isso se chama estilo, irmão. — o mais velho sorri, charmoso — Espere um segundo.

Sirius saiu correndo para o quarto que ficava ao lado do dele, voltando cerca de dez segundos depois com um pedaço de pano na mão. Era uma camiseta igual a dele, de uma banda chamada "ABBA". Regulus tinha quase certeza de que era uma banda trouxa, pela maneira que Sirius parecia extremamente contente em comprar discos e mais discos apenas para estressar os pais, que abominavam tudo que não era mágico.

Regulus não entendia porque Sirius fazia aquilo, se seus pais haviam os ensinado desde cedo que eles eram puros e quem não tinha a linhagem pura como a deles era nada menos do que ralé. Ele sabia o que acontecia quando desafiavam a ira de Walburga e Orion: roxos e mais roxos pelo corpo, como as manchas amareladas que estavam escondidas pelas grossas camadas de roupas.

Seu irmão não parecia envergonhado daquelas marcas; atlético como era provavelmente inventaria alguma mentira sobre as marcas "eu caí da vassoura" ou "um balaço me atingiu." Mas Regulus não, ele ainda era franzino, na tenra idade dos doze anos. Precisava das roupas para esconder a vergonha que aquelas marcas lhe causavam.

— Nem pensar que eu vou vestir isso, Sirius. — o garoto balançou a cabeça freneticamente, se afastando do irmão — É ridícula!

— Qual é, Reggie! Você nem ouviu a banda, eles são demais! — Sirius sorriu, bagunçando os cabelos ondulados. Aquilo era uma das únicas coisas que os diferenciava; Regulus tinha os cabelos cacheados — Pelo menos guarde. Eu comprei 'pra você, de aniversário.