paradise of dreams.

64. eu nunca vou te perdoar. (passado)

Pov'Andrew.

(Antes de tudo!)

Eu lembro o dia que Liliana contou que estava doente, não foi um dia comum desde o início, na verdade já fazia dias que as coisas em casa não poderiam ser chamadas de "normal", mas até ela e Vicenzo nós chamarem para conversar não tinha entendido, e naquele dia tudo mudou, não só por minha mãe estar doente o que foi horrível, Luana veio passar um tempo com a gente, ela morava em outra cidade, mas não tinha marido ou filhos, era uma mulher bonita que vivia da fortuna que meus avós deixaram, então sua disponibilidade era grande, lembro do dia que ela chegou em casa toda sorridente, mesmo minha mãe estando mau.

Lembro também da sua empolgação ao falar com meu pai, e logo de cara não gostei de ter ela ali, Luana era aquela tia que só se via uma vez por ano, que não tá muito preocupada com a família, eu não entendia por que meu pai pediu pra ela vir já que poderia só ter contratado uma pessoa para ajudar como fez, nos sempre nos viramos. Com o passar dos dias e o início do tratamento vi minha mãe ficar muito, muito, muito mal, eu tinha certeza que a perderíamos em breve, menos de três meses após a descoberta do câncer Liliana virou só uma sombra da mulher que era, e isso afetou a todos, Carina estava na faculdade, tentou estar mais perto, mas não deixou de estudar por nossa mãe, Angelo e eu éramos só dois adolescentes não sabíamos como ajudar, Vicenzo estava sempre com Luana, parecia que Liliana nem estava doente os dois juntos era só sorrisos.

Eu lembro a primeira vez que vi ele beijando Luana na boca, foi a coisa mais dolorosa e nojenta que presenciei, foi algo que eu não sei explicar, eu os vi, e eles me viram, Vicenzo veio atrás de mim e me parou.

- Andrew!

- como pode fazer isso?

- filho sou só um beijo, foi a primeira vez... Foi um erro, me desculpe, por favor não conte pra sua mãe.

Não falei nada só sai de casa para a escola e tentei esquecer aquela cena, após a aula decidi (erroneamente) sair com uns amigos, eu precisava ficar fora de casa, quando chegamos a casa de um deles descobri que não era estudar que eles iam, foi a primeira vez que eu bebi, e foi diferente, era loucura no início eu não aceitei, meu erro foi ter ficado, deveria ter ido embora quando tive oportunidade, naquela tarde eu me senti diferente, a raiva, a dor, o medo, a frustração, tudo sumiu, eu só conseguia rir sem parar e me divertir, quando estava tarde voltei pra casa e ninguém pareceu sentir minha falta.

No dia seguinte Angelo me encarou quando falei que ia estudar de novo, mas eu só falei que não era da conta dele e segui com meus amigos! Naquela tarde tinha uma coisa nova, além da bebida um deles havia levado cigarros de maconha, outra vez eu recusei, aquilo já era demais, ele só deram de ombros.

- não sabe o que tá perdendo.

Me limitei a cerveja por um tempo, até ver eles ainda mais animados agora do que no dia anterior, outro erro: pedi para provar, a primeira tragada me deixou sem fôlego, engasguei e tossi várias vezes, senti minhas narinas e meu peito arder, um deles me mostrou como fazia e me ofereceu outra vez, dessa vez eu não engasguei, senti a fumaça entrar e chegar aos meus pulmões, então soltei pelo nariz exatamente como os via fazendo, tudo, tudo mesmo sumiu, eu não parava de rir, fazia semanas que não me sentia tão feliz. Naquele dia antes de ir embora dei dinheiro para eles comprarem mais, voltei pra casa e só Angelo me viu, ele falou que o papai ia me esganar, mas eu não respondi, fui para o quarto e me tranquei, ainda tinha o resto de um baseado no bolso da minha jaqueta, curti ele e apaguei no chão do quarto, acordei com as batidas irritadas e minha porta.

- da pra levantar? Já é a terceira vez que te chamo, vamos chegar atrasos na escola - Angelo gritava do lado de fora do quarto.

- já acordei.