13. Você ainda é minha melhor amiga. (presente)

49 13 6
                                    

Pov'Meredith.


Fiquei sentada na beira do lago por tempo suficiente para Angelo acordar e sair para o trabalho, eu não queria falar com ele, conversar sobre coisas que não conseguíamos mais concordar, e não era apenas sobre ele não fazer o exame! Eu também não concordava com o modo que todos tratavam Andrew, ele não era um criminoso, e apesar da pitada de raiva que sentia por ele nunca ter voltado, nunca te me pedido para ir, eu ainda o achava uma pessoa incrível e que sofreu muito, não merecia essa macha de ser o "imperfeito", se alguém merecia isso era Vicenzo que pousava como pai e marido perfeito, olhei as páginas do meu diário e voltei a escrever.

"As vezes tenho vontade de contar para todos a verdade, eu não sentia isso a uns dias atrás, mas ver todos olhando para Andrew como se ele fosse apenas o adolescente que errou me deixava revoltada, até Angelo o olhava assim, queria falar para pararem de serem tão cruéis com ele, seu passado não era toda sua história, Andrew cresceu e mudou.

Era engraçado como mesmo agora tão adulto o olhar dele ainda era de um garoto perdido, storm ainda era o adolescente que carregou o fardo e salvar sua família, que os manteve unidos, se Andrew tivesse contado tudo como seria agora? Será que Viviana teria perdoado? Eles teriam mudado? Eu teria os conhecido? Teria tido a chance de conhecer storm, ter me apaixonado, ter o amado tanto? Por que eu ficava me perguntando isso? Era tudo passado."

Fechei o diário e levantei, tudo isso estava me enlouquecendo, andei olhando minhas botas até chegar onde storm o cavalo estava amarrado, guardei o diário na bolsa que ficava na cela e subi.

- vamos para casa - falei passando a mão na crina de storm.

Eu acho que nunca deixaria de amar isso: a sensação do vento em meu rosto enquanto cavalgava, era uma das melhores sensações do mundo, me sentia livre, sem dúvidas era minha melhor terapia, poderia ser o pior dia de todos e ainda sim cavalgar me acalmava, eu fiz isso por dias seguidos para tentar esquecer a dor que ficou depois que Andrew partiu, a dor que veio depois, eu nunca esqueceria aquela sensação, a dor da perda.

Entrei no estábulo e coloquei storm em sua baía, lhe dei água e ração e segui para casa, assim que entrei ouvi a conversa animada de Ellis com Angelo! Eles parecia estar se divertindo muito. O que ele fazia em casa? A essa hora ele já deveria estar no escritório, será que decidiu me esperar e insistir na conversa? Eu não queria conversar.

- bom dia mãe, bom dia querido! - falei não muito animada estrando na coxinha sem olhar meu marido, fui direto para a cafeteira e me servi de café.

- bom dia querida - seu tom era divertido.

- bom dia filha - Ellis estava rindo de uma piada que eu não entendi. Virei para olhar os dois e me assustei ao ver aquele meio sorriso que só Andrew tinha, meu coração acelerou e soltei um gritinho de choque, minha caneca de café também caiu no chão, tudo ao mesmo tempo.

- que? - engasguei, não era Angelo, e sim Andrew constatei, olhei para ele e depois para o chão, se não fosse as botas o café teria me sujado e queimado, voltei a olhar Andrew que levantou e veio em minha direção.

- filha.

- eu pensei que... - desisti de tentar explicar, Andrew estava se abaixando na minha frente e recolhendo os cacos.

- Eli, onde tem uma pá e vassoura?

- vou buscar.

Minha mãe saiu da cozinha em direção a lavanderia, Andrew deixou os cacos grandes sobre a mesa e me encarou muito de perto.

- tudo bem?

- sim! Eu só confundi a voz - falei sem jeito - o que faz aqui?

- Eli me chamou para tomar café da manhã com ela, tudo bem pra você? - Andrew me olhou preocupado.

- sim, claro... Só... Você sabe - suspirei com força - não tem problema, a mamãe te adora.

- bastante - Ellis concordou - deixa que eu limpo.... Filha, Andrew disse que quer ver os cavalos - ela falava terminando de ajuntar os cacos do chão, eu ainda estava meio paralisada, só me afastei o suficiente para que ela limpasse a bagunça que era minha.

- eu... Só preciso comer - falei nervosa.

- pronto, vou descartar isso direito, podem conversar a vontade - Ellis saiu da cozinha.

- o que vocês conversaram? - perguntei tentando falar com naturalidade.

- daquela noite que vim aqui! Lembra? A primeira vez que jantei com vocês.

- sim! Claro que eu lembro - perfeitamente, no dia seguinte nós transamos na casa abandonada, um dos momentos mais lindos da minha vida.

- a casa ainda existe? - Andrew perguntou, parecia que ele estava lendo meus pensamentos.

- ainda - concordei, levantei o olhar e encontrei o dele - tá um pouco mais destruída, tentei fazer algumas reformas, mas sozinha é difícil, o teto tá vazando, tem uma tábua quebrada, como disse, bem pior.

- Angelo não te ajudou?

- ele não sabe sobre a casa... Ainda é segredo.

Pela expressão de Andrew isso o pegou de surpresa, mas eu não consegui falar sobre ela, ou levar Angelo ali, parecia que estava traindo Andrew, ou nossa história pelo menos, aquele lugar carregava o peso de uma história que eu não consegui esquecer, foram tantos momentos depois daquela primeira vez, não dava para dividir isso.

- juro que não vou contar - ele fechou a mão e levantou o dedo midinho e beijou a parte do polegar que estava fechado.

- eu não vou fazer isso - me neguei, mas estava sorrindo.

- vai - ele continuava com o midinho levantado.

- juro - repeti o gesto bobo.

- eu sei que nosso namoro acabou... Mas você ainda é minha melhor amiga, a única pessoa que contei tudo - Andrew me olhou sério.

- as coisas são como tem que ser, e você ainda é quem sabe tudo de mim também - falei baixo - vamos olhar os cavalos.

- você nem comeu.

- a fome passou - agora meu estômago estava cheio de borboletas.

- pode comer Mer, eu não tenho muito o que fazer - Andrew voltou a sorrir - temos tempo.

Não tinha certeza sobre a questão do tempo, mas fiz o que ele falou, já sabia que iria insistir, peguei uma fatia de bolo e ele foi até o armário e pegou uma caneca e serviu café.

- aqui...

- obrigada! Posso perguntar uma coisa? Uma pessoal?

- claro, para você eu sempre serei um livro aberto - Andrew concordou.

- você está namorando?



*******


Vivo por migalhas deles juntos.

paradise of dreams.Onde histórias criam vida. Descubra agora