44. Eu não sabia que falava dormindo. (presente)

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Pov'Andrew.

Não sei quanto a Meredith, mas para mim foi fácil esquecer Angelo, não esquecer, mas ignorar sua aparição, só pensava nisso quando via meu reflexo, porém comparado a ele, eu estava super bem, depois do show de MMA sugeri comer o que havia comprado e depois irmos comprar algumas coisas para não precisar sair toda manhã para comer, havia combinado com Gustavo de começar a implantar do projeto na segunda, teria que ir até a área que seria usada, um centro de reabilitação para viciados, não foi atoa que aceitei esse projeto, seria uma área imensa, uma chácara, todo um planejamento para reflorestamento, o contato com a natureza ajudando jovens e adultos a sair do vício. Quando Gustavo falou sobre isso e me convidou não pensei duas vezes em aceitar, cada detalhe estava sendo pensado para o bem estar de cada paciente e o cuidado com a natureza, em seis meses o lugar estaria pronto.

Ainda sim seis meses era um tempo muito longo, um tempo que passaria longe de Meredith, e ela perto demais de Angelo, não que eu achasse que eles  voltariam, mas acreditava que mesmo que ela e eu não estivéssemos juntos, depois do que ele fez Meredith não voltaria, porém minha preocupação era com as explosões de raiva dele, não sabia o que ele poderia fazer o quanto poderia atormentar a vida de Meredith.

- eu adoro esses - Meredith murmurou pegando vários sachês de bolo de caneca, daqueles que era só adicionar leite e levar ao microondas.

- isso não mudou - comentei.

- você ainda gosta de crepe?

- sim! Tem uma lanchonete que sempre vou para comer - contei.

- eu acho que precisamos saber do que ainda gostamos, do que passamos a gostar ou deixamos.

- interessante, tenho muitas perguntas.

- você tem é? - Meredith me encarou com um olhar desconfiado.

- sim! Uma delas é: você já dança em público? - levantei uma sobrancelha.

- depende do meu par - sua resposta saiu acompanhada de um sorrisinho de lado.

- vou lembrar disso e garantir que serei um bom par.

- onde está a pulseira que te dei? Não estava na caixa.

- trouxe comigo - respondi.

- por que não trouxe antes? - era um questionamento válido, não pareceu uma acusação.

- não sei, as vezes eu digo a mim mesmo que era pra manter ali a lembrança da nossa vida... As vezes eu acredito que quanto menos tivesse de você menos pensaria, e eu já tinha uma boa memória - mostrei minha correntinha.

- e por que trouxe dessa vez?

- por que eu tinha certeza que havia te perdido pra sempre - me curvei um pouco e beijei seu ombro - mas estava errado.

- por que?

- não sei, não sei - sorri - nunca fui competitivo... Não ia te disputar com meu irmão como um prêmio.

- você não é competitivo? Você era atleta na escola, e nunca aceitou perder.

- eu mudei... Viu? Outra coisa que mudou - comentei rindo.

- você ainda gosta daquela série? Como é mesmo o nome? - Meredith estralou os dedos tentando lembrar.

- friends... Você sabe o nome - bufei.

- eu sei, só queria testar você - seu sorriso era conquistador - por que ligou?

- não entendi.

- disse que havia desistido... Mas ligou, disse que me amava...

- Sam falou que deveria pensar em mim as vezes - dei de ombros - ela é uma ótima amiga terapeuta... Precisava ter certeza que havia acabado.

- mas não acabou...

- não, por isso estamos aqui parecendo um casal casado a vinte anos reclamando dos preços, comprando comida e reclamando que mudamos muito - meu tom era suave e divertindo.

- eu não estou reclamando, na verdade eu gosto bastante desse novo Andrew - Meredith murmurou parando no caixa, pegou três pacotes de preservativo, a moça nos olhou sem jeito soltando um "boa noite" ainda mais sem jeito que sua expressão, respondemos ao mesmo tempo rindo.

Só balancei a cabeça e ajudei a tirar as coisas do carrinho, Meredith ficou encarando a tela que ia mostrando os preços, peguei o cartão e paguei a conta, peguei as sacolas e seguimos para o carro em silêncio, mas a garota segurava um sorriso.

- o que você gosta nesse novo Andrew? - perguntei quando entramos no carro.

- além do sexo?

Eu adora o senso de humor dela, Meredith sempre foi muito espontânea, aberta, falante e destemida, eu adorava tudo isso nela, lembro que ela costumava  falar que tinha dificuldades em se expressar com humanos, talvez fosse comigo, mas sempre foi fácil ouvir ela e falar principalmente.

- além - concordei.

- você vai dizer que não! Mas você está mais alto confiante.

- acha isso?

- claro que sim! E não estou falando isso relacionado apenas a sua família... Você acredita em si agora.

- viu isso em um dia?

- sim... Mas eu gosto das coisas que não mudaram - Meredith virou um pouco no banco e me olhou.

- como?

- o jeito que me olha... É minha coisa favorita, seu respeito por meus sentimentos... Sou capaz de entender por que achou que não tinha mais jeito... O jeito que me abraça quando acha que preciso se acolhida, nossa - ela suspirou com pesar - como senti falta disso... Agora sua vez.

- estava gostando de ser tão bem visto.

- metido.

- eu gosto de saber que ainda me ama... Mesmo depois de anos ainda me acha uma pessoa boa, gosto de como é destemida, sempre foi! Gosto do modo que você se despe para mim, e não tô falado no sentido físico.

Meredith me observava com um meio sorriso.

- mas minha parte favorita que não mudou é o amor que tem por sua família... E uma que mudou, pra mim você ainda é como a garota de 16 anos, só que mais forte, mais sexy, mais madura, ainda é determinada e dona de si.

- nenhuma coisa nova? - ela fez um bico.

- eu não sabia que falava dormindo - lembrei.

- é, isso é uma coisa nova pra você - Meredith riu.

- mas é válido... Eu gostei de ouvir você falando.

- e o que eu falei?

- muuiiiitaaas coisas - murmurei - mas minha parte favorita foi quando pediu pra te agarrar mais forte.

- eu não falei isso - ela negou sem jeito.

- juro que sim! - comecei a rir, as palavras foram mais pesadas, porém o horário não permitia o linguajar.

- sério?

- sim! Sério - afirmei - o que você sonhou?

- eu falei pela manhã...

- quando falou não me pareceu tão obsceno.

- era bastante - Meredith sorriu sapeca - podemos reproduzir.

- vou garantir isso em breve.


*****

Oi humanos.

Eu adoro esses dois na sua bolha.













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