76. quero voltar pra casa (presente)

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Pov'Meredith.

Ouvia a médica explicar que gêmeos idênticos, gerados na mesma placenta, possuem os materiais genéticos idênticos e que, em casos de um cromossomo extra, ambos nasceriam com a Síndrome, no meu caso as gêmeos foram geradas em placentas e bolsas diferentes. Casos em que gêmeos nasce com a síndrome e o outro não, são raríssimos, cerca de um ou dois a cada um milhão de nascimentos! Um ou dois a cada um milhão, e aconteceu comigo, a médica falou que existem muitos fatores, e que talvez não fosse nenhum deles, ainda não existe uma explicação coerente para isso, então eu teria que me conformar, ela sugeriu fazer um exame para indentificar qual síndrome seria a de Adeline, queria confirmar se realmente seria síndrome de Down, mas o exame era invasivo, Andrew não queria que eu fizesse já que amniocentese pode induzir o trabalho de parto prematuro e também há um risco de infecção, mas eu queria saber tudo, cada pequena coisa, precisava me sentir preparada para receber minha filha, aprender cada pequena coisa sobre ela.

- pronta? - a médica me encarou.

- sim.

- o exame vai ser rápido, vou introduzir uma agulha pela pele da barriga. A agulha é guiada pelo ultrassom, para não encostar no bebê, e através dela vou retirar uma amostra do líquido amniótico, vamos aplicar uma anestesia local, você só vai sentir um leve incômodo, depois vai ficar em observação... Já falamos dos riscos, está pronta?

- sim.

Olhei para Andrew que não concordava, ele não queria colocar nenhumas das gêmeas em risco, eu também não, mas agora eu ficava imaginando o que mais poderia ter, e se houvesse algo mais? Algo que uma ultrassonografia não identifica? Preferia saber, aprender tudo sobre a condição da minha filha.

A médica acreditava que seria síndrome de Down, por tudo que os outros exames mostraram, mas, certeza só teria após a amniocentese, após o exame fiquei em observação, sentia uma leve cólica, uma dor também leve no local da aplicação da agulha, não era bem uma dor, só um incômodo, Andrew estava aflito sentado na cadeira ao lado da cama, ele segurava minha mão, dava para ver seu olhar perdido, me doía ver ele assim, eu sabia que de uma certa maneira se sentia culpado, eu também me sentia.

  Após o tempo de observação a médica me liberou, voltamos para casa no mesmo silêncio, o incomodo havia passado, só a cólica que ainda durava, quando chegamos em casa ele me ajudou em um banho rápido e depois me fez deitar, voltou a sentar ao meu lado, não falamos muito, só coisas necessárias, sabia que Andrew não queria fazer isso, eu o fiz aceitar, era difícil sentir que não estávamos bem.

- está com raiva? - perguntei quando ele levantou.

- não, claro que não - Andrew voltou a sentar - só estou preocupado... Achei que poderia finalmente tudo ficar bem, que nada nós machucaria, mas te ver com medo e demais pra mim.

- não é sua culpa.

- nem sua - ele parecia prestes a chorar.

- posso pedir uma coisa? - peguei sua mão.

- o que desejar, uma estrela? Um dos anéis de Saturno? - seus tom de brincadeira me fez sorrir.

- na verdade eu queria uma pedra da lua - respondi no mesmo tom brincalhão.

- tentarei conseguir - ele se curvou e me deu um beijo.

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