4. O primeiro beijo (passado)

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Pov'Meredith.


- não vou fazer isso com frequência... Mas se quer um conselho, segura.

- que? Por que? - na hora que ele perguntou cavalguei mais rápido, possivelmente foi por impulso que ele segurou em minha cintura, o rio ficava a uma curta distância dos estábulos, um pouco depois das árvores que o deixava escondido.

Quando estávamos perto das árvores puxei as rédeas de Prometheus o fazendo ir mais devagar parei no final das árvores, Andrew desceu e ficou esperando, desci também e amarrei as rédeas do cavalo no galho baixo da mesma árvore de sempre, Prometheus nao fugiria assim, mas as vezes algo o assustava.

- que lugar lindo! - Andrew olhou em direção ao rio.

- venho aqui quase todos os dias, as vezes para mergulhar... A água é fria, mas vale apena.

A água fria as vezes era a melhor parte, dava uma sensação de paz, o corpo relaxava, até estar muito frio pra ficar na água, mas ainda sim, era bom, essa época do ano ainda não estava tão frio, mas logo começaria a chover, aí ficava bem difícil mergulhar, porém no verão era um ótimo modo de espantar o calor.

- acredito que sim - Andrew sentou na grama - aqui é lindo... Você mora no paraíso.

- eu sei, não quero sair nunca daqui, quero me formar em veterinária, casar e ter filhos aqui... Reformar o velho celeiro transformar em uma casa pequena para morar com meu marido e meus filhos... ensinar eles a andar a cavalo e amar tudo isso.

- você já tem sua vida toda planejada - Andrew me encarou com um sorriso de lado no rosto - me parece um bom plano.

- desculpa... April fala que eu já planejei até onde quero ser enterra - ri nervosa por que era verdade.

- e onde vai ser?

- no mesmo lugar onde enterram meu avô e minha avó.

- eu nunca pensei nisso, mas acho quero ser enterrado ao lado da mulher que me casar... Por que eu sei que no dia que casar vai se a mulher certa.

- parece um bom plano sentei ao lado dele, tirei meu chapéu e deitei na grama - mas antes disso precisamos sobreviver ao ensino médio - soltei uma risada nervosa, ainda tínhamos o restante do segundo ano, e mais o terceiro todo.

- sim... Só mais um ano e meio - Andrew também deitou - qual a cor do seu vestido? Quero usar gravata na mesma cor.

- é rosa - contei sem jeito.

- tudo bem... Não me importo em usar rosa, fora andar a cavalo e mergulhar no rio, o que mais gosta de fazer?

- vou até uma casa abandonada que fica no final do rio - indiquei a direção - meu avô me ajudou a limpar, tem várias coisas lá, incluindo um colchão e um baú cheio de livros, vou lá todos os sábados para ler.

- não tem medo?

- nenhum pouco, eu adoro... Te mostro um dia, mas não pode contar para ninguém.

- prometo.

- é melhor voltar... - levantei rápido - posso perguntar uma coisa?

- sim.

- a mãe da April falou para a minha mãe, que seu pai pediu para mudar de cidade por que você estava fazendo... Coisas... Erradas.

Andrew me olhou por uns segundos como se estivesse decidindo se falava ou não sobre isso, olhou em direção ao rio então começou a falar.

- sim... Bebi demais, fumei um baseado... E invadi a minha antiga escola com uma galera... Não me orgulho disso... Mas isso é passado - Andrew ainda estava sentado no chão ele não me olhou nos olhos enquanto falava - foi uma merda estava com muita raiva.

- do que?

- seria de quem - ele levantou e me olhou nos olhos - mas isso não importa agora... Vamos voltar.

- obrigada por não mentir - mostrei um sorriso carinhoso, gostava um pouco mais dele agora, poderia ter só falado que fez besteira, sem contar toda a verdade.

- de nada.

- o que acha de ter sua primeira aula de montaria?

- tem certeza?

- sim! Vem...

Voltamos para onde estava Prometheus, soltei ele e puxei a rédea para trás.

- não precisa ter medo, nem ser rude... Basta apertar as pernas em volta dele uma vez, devagar que ele vai começar a andar, se quiser que ele vá mais rápido aperta duas vezes.... Para ele parar é só puxar um pouco a rédea, ele é dócil... Vai ser fácil... Sobe.

- ok - Andrew olhou Prometheus depois subiu, conseguiu na primeira tentativa - sua vez.

Peguei a mão dele e subi também, abracei sua cintura, Andrew fez exatamente o que falei e Prometheus saiu galopando devagar.

- tá indo bem... Faz ele ir só um pouco mais rápido ou só chegaremos em casa amanhã - falei rindo.

Começamos a ir mais rápido, eu teria feito ele ir mais rápido, mas dava pra sentir o coração de Andrew acelerado, era demais pra ele, então não tinha problema ir devagar, mesmo sem olhar ele de frente, deu para ver que estava sorrindo sem parar, não o julgo, eu também fiquei eufórica na primeira vez que andei a cavalo.

- isso foi fácil.

- por que Prometheus está acostumado comigo... Ele não me derrubaria, mas se você ficar com medo e o cavalo sentir seu nervosismo pode ser perigoso, então não tenta ir rápido até estar confiante de si.

- não vou... Isso é muito legal.

- é - concordei.

Entramos no estábulo com tranquilidade, desci, e depois Andrew, coloquei Prometheus em sua baia, lhe dei água e ração, peguei a maçã que sempre trazia para ele e dei em sua boca, ele bateu a pata uma vez no chão e baixou a cabeça agradecendo.

- o que ele tá fazendo?

- agradecendo... Ele adora maçã... Prometheus de tchau para Andrew.

Andrew ficou olhando sem acreditar, mas o cavalo bateu as duas patas no chão como um galope, depois relinchou.

- tchau Prometheus - Andrew aproximou a mão devagar em direção ao cavalo que abaixou a cabeça para receber o carinho.

- ele é um manhoso, não lhe dê confiança.

- vou te trazer maçãs - Andrew falou para Prometheus que soltou um relinchar animado.

- ok, ele já te ama - brinquei.

- melhor eu ir, antes de ficar escuro - Andrew virou ficando muito perto de mim - obrigada pelo passeio.

- você tá bem? Sabe depois ... De tudo?

- quer saber se ainda bebo? - ele perguntou sério.

- não, quero saber se está bem - falei sincera.

- sim, agora eu estou bem, apesar de no início ter odiado a ideia de mudar... Agora eu vejo que o ar do campo me faz bem.

Seu olhar encontrou o meu, havia algo por trás daquelas palavras, como uma indireta para mim, ou eu só estava entendo errado.

- que bom - tirei o meu chapéu e coloquei na cabeça dele, Andrew sorriu de lado, aquele sem dúvidas se tornaria meu sorriso favorito dele.

- que bom - Andrew concordou passando o dedo indicador de cima a baixo do meu nariz, da última vez que ele fez isso lhe dei um beijo no rosto, dessa vez me estiquei um pouco e lhe dei um selinho, os olhos dele arregalaram de surpresa, peguei meu chapéu para ir embora, quando o coloquei na cabeça e virei Andrew segurou meu braço e me puxou de volta, sua mão me segurou pela cintura e a outra segurou firme em minha nuca, nossos olhares se encontraram, eu senti as borboletas no estômago, as mãos suando, meu coração batendo mais forte, aconteceu tudo de uma vez naquele breve segundo antes dos lábios dele se unirem aos meus, meu chapéu caiu no chão, não foi um beijo longo, mas sem dúvidas seria o beijo que eu nunca esqueceria, meu primeiro beijo, suave, envolvente, exatamente como imaginei que deveria ser um beijo.





*****

Andrew e Meredith jovens são tão lindos.

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