Acertos

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— Então esse é Viserys? — Nettles olhava com desdém. Não era para menos, ela tinha todos os motivos de odiar seu tio, ele nunca a considerou como família.

— Nettles, segura a língua — avisei mais sério. Apesar de entender seus motivos, ele é meu irmão.

A garota lançou um olhar, incrédula pelas palavras que saíram da minha boca. Cruzou os braços agindo insatisfeita com a resposta. Rhaenyra olhava para nós não entendendo como poderia melhorar essa situação.

— Meninas, eu gostaria de conversar com Viserys a sós — disse me aproximando delas — Assim que tudo estiver resolvido, envio uma mensagem.

— Pai...

— Nettles, eu preciso dessa conversa. Não é hora de ofensas ou tirar satisfações.

Ela não concordava, mas me respeitava e aceitaria o meu pedido. Observei Rhaenyra com seu olhar semicerrado.

— Não me olhe assim, apenas faça o que estou pedindo. Depois você pode ter uma conversa com o seu pai.

As garotas abriram a porta e saíram sem pronunciar nenhuma palavra.

— Como você seduz minha filha, traz para seu apartamento, passa a noite com ela no mesmo teto que uma garota de 18 anos?

— Você tem uma visão da Rhaenyra como se ela tivesse 10 anos e fosse uma garotinha inocente. Pode ter certeza, irmão, quem deu o primeiro passo, não fui eu.

As palavras pioraram a situação fazendo Viserys bufar de forma irracional e desejar estrangular o meu pescoço.

— Eu não quero você perto dela, falando com ela, vivendo com ela...

— Ela tem 25 anos, sabe bem o que quer. Você não vai conseguir prendê-la desse jeito, vai apenas afastá-la, assim como fez comigo.

Seus olhos arregalaram com a punhalada em forma de palavras que acertou seu peito. Meu irmão não é um tolo, podemos chamar de ingênuo talvez, mas não tolo. Ele sabe do nosso passado e tudo o que precisei enfrentar.

— Foi um erro criar essa criança — aproximou aos poucos com a voz mais calma.

— E o certo seria abandoná-la?

— Você não ia deixá-la na rua Daemon, seria em um ótimo orfanato e faria diversas doações para a instituição.

— Ela é minha filha!

— Não é irmão, não tem os traços da nossa família, não tem descendência valiriana, nunca seria uma Targaryen.

— Eu a criei, ela é minha. Foda-se que ela não se pareça fisicamente comigo, eu sou o pai dela.

— Como você conseguiu registrá-la?

— Viserys por favor, nós temos dinheiro e isso resolve tudo, não precisei me esforçar muito. Com dinheiro escondemos os incestos mais recentes e você sabe disso.

— Está sugerindo isso para o futuro?

— Se Rhaenyra quiser, eu faria.

Andou de um lado para o outro passando as mãos na cabeça impaciente.

— Então vocês pretendem casar?

— Meu deus eu passei uma noite com ela...

— Não quero ouvir!

— Você sabe como funciona, não vou dar detalhes de como transamos... — passei do limite? Podemos dizer que sim, mas eu gostava de provocá-lo.

Aproximou fechando o punho pronto para me acertar.

— Você e essa boca suja maldita!

— Não tivemos tempo de conversar sobre isso, nem sobre namoro, nem nada — segurei seu punho e tentei seguir com uma conversa mais calma — fomos bombardeados por mensagens suas querendo respostas sobre algo que nem conversamos.

— Então os dias que passaram sozinhos na minha casa não aconteceu nada?

— Não Viserys, não toquei nela se essa é a sua dúvida — claro que toquei, fiz mais do que isso, mas não preciso contar tudo.

— Nunca aceitarei esse relacionamento de vocês — deu um passo para trás mantendo distância — e nunca vou considerar essa menina como uma família.

— Tudo bem, ela não te considera também.

Com um olhar julgador, ele ajeitou o blazer e andou até a porta.

— Pensei que com o passar dos anos você tivesse mudado, mas continua o mesmo garoto inconsequente de antes.

— Foi esse garoto inconsequente que apresentou Aemma.

Aemma era um ponto fraco para Viserys. A mãe de Rhaenyra era uma das mulheres mais doces que já conheci. Era brava quando precisava, mas sempre acolhedora quando sentia alguém triste. Nos encontrávamos nas festas de família com os Arryn, e conversava mais comigo, porque sentia timidez quando estava perto de Viserys.

— Falar de Aemma é um golpe baixo — sua voz saiu engasgada, a morte dela era recente, fazia apenas 2 anos.

— Talvez falando dela faça seu coração voltar a como era antes, do irmão mais velho que sempre esteve ao meu lado.

A postura titubeou com as palavras, eu sabia que aquele velho Viserys ainda existia. Eu sinto falta dele, sei também que não fui o irmão caçula mais exemplar, mas sempre o protegi, por que ele é bondoso e fraco demais. Não é atoa que os Hightower conseguiram enganá-lo facilmente.

— Essas palavras não mudam a essência que habita em você Daemon, sempre será uma dor de cabeça — agarrou a maçaneta antes de continuar — enquanto Rhaenyra, não consigo segurá-la mesmo, isso você tem razão, ela é caótica igual a você. Vou aconselhar da melhor forma. Porém, nunca vou aprovar qualquer relacionamento que tiverem.

Abriu a porta sem olhar para o meu rosto e foi embora fechando mais forte que o normal.

***

Nettles apareceu sozinha, 20 minutos depois da mensagem enviada.

— Cadê Rhaenyra?

— Ela resolveu voltar para casa.

— Não disse o porquê?

— Ela precisa de um tempo para pensar eu acho pai — ela caminhou até a geladeira pegando uma garrafa d'água gelada — muita coisa aconteceu e precisa processar o que realmente quer daqui para frente.

Debrucei no balcão da cozinha analisando-a se refrescar com água gelada, sem pausa para respirar.

— Sinto que está escondendo algo, senhorita.

— Quando você fala assim parece muito velhote — se Viserys passasse um dia com ela, veria uma versão Daemon de saia — Não tem nada pai, ela só precisa alinhar os pensamentos com tudo o que está acontecendo.

Essa menina acha que nasci ontem, ela sabe de alguma coisa, mas não quer me contar. Impaciente agarro meu maço de cigarros próximos à mesinha do sofá e acendo para aliviar a falta de nicotina que o meu corpo implorava.

Olhei para o sofá, soltando a fumaça e lembrando de todos os gemidos e gritos que Rhaenyra soltou pela manhã. O jeito como ela me agarrava implorando para ir mais fundo, deixando suas marcas em minhas costas e pescoço. O cheiro do seu perfume suave que marcava as camisetas e os lençóis da cama. Um sorriso saiu sem querer e percebi que sentia falta dela pela primeira vez.

— Pelo seu olhar nesse sofá alguma coisa aconteceu aqui e não tô gostando — disse evitando encostar em qualquer parte do móvel — Nunca mais vou sentar aqui.

— Depois eu que sou velhote.

Ela revirou os olhos fazendo uma careta.

— Vou arrumar as malas e voltar para o campus. Passei tempo demais aqui e as aulas retornam semana que vem. Preciso deixar tudo em ordem.

— Nett, você nunca teve curiosidade em saber quem é a sua mãe?

Sua cabeça girou imediatamente em direção a minha voz.

— Não pai, ela não me quis, não preciso saber nada dela. Você fez e faz bem o papel de mãe e pai, só isso importa.

***

Liguei, enviei mensagem, liguei de novo e nada.

Três semanas passaram depois da conversa com Viserys e nossa primeira transa e essa mulher sumiu. Acredito que tenho algum problema e as mulheres resolvem sumir, mas dessa vez tenho certeza que nenhum bebê aparecerá na porta.

Daqui a quinze dias vou para a estrada com os rapazes e começamos a divulgação do nosso novo álbum. Não queria sair em turnê sem falar com ela, queria resolver esse maldito assunto.

Onde será que ela mora? Não lembro se em algum momento ela me passou o endereço. Pego o celular e passo rápido pelas mensagens no Whatsapp com o seu contato. Achei.

Era oito horas da noite e provavelmente ela estaria em casa. Hoje ela não me escapa.

***

Cheguei em seu singelo condomínio e me aproximei do interfone apertando o número do seu apartamento. Era uma noite fria e estava torcendo para ela realmente estar em casa.

— Eu não acredito — sua voz reverberou e virei em um sobressalto não esperando encontrá-la do lado de fora — não sabia que ia correr atrás.

Estava com seu gorro vermelho e um cachecol envolvido em seu pescoço. Suas mãos dentro da jaqueta jeans para proteger do frio e me olhava com um leve sorriso convidativo.

— Correr atrás? Eu envio mensagens e faço ligações para você há dias e você reage dessa forma? Eu tenho cara de idiota?

— Não, você tem cara de cachorro sem dono esperando por um carinho na porta de casa — riu baixinho expressando um ar confiante e vitorioso por me ver aqui esperando por ela.

— Você jogou comigo, é isso?

— Claro! Desde quando nos conhecemos só eu demonstro interesse e corro atrás, queria ter certeza se você realmente queria algo comigo.

— Você é uma safada cachorra, passei semanas preocupado com você enquanto se aproveitava e me testava?

— Não ouvi mais nada depois da safada cachorra — envolveu seus braços em meus ombros e ergueu um pouco a ponta dos pés. Ela não era baixinha, mas gostava de ficar no mesmo nível dos olhos quando falava comigo — Eu sei por que você veio aqui, sentiu minha falta.

Estava bem próxima do meu rosto, mas não avançava. Era como se quisesse me deixar no ápice do desejo e ela sempre conseguia. Esse maldito perfume me deixava tonto e a vontade de fodê-la no meio da rua parecia apropriado naquele momento.

Olhei para os seus lábios inchados e pareciam tão macios. Engoli seco inebriado por sua beleza e sua sensualidade jovial. A energia entre nós, era palpável. Estava puto da vida com ela, mas não conseguia resistir. O sorriso dela se alargou em seu rosto fazendo-a parecer uma pequena diabinha e sabia que venceu mais uma vez.

Eu a beijei algumas vezes apenas com os lábios, sendo mais carinhoso do que as últimas vezes. Então abri minha boca sugando seu lábio inferior e devorando-a ali mesmo.

— Dorme aqui hoje — disse sussurrando mordendo meu queixo.

— Não precisa pedir duas vezes.

Rhaenyra sorriu maliciosamente, puxando-me pelo cinto das calças, entrando no condomínio em direção ao elevador.

***

Espero que gostem e por favor deixem comentários, eu amo ler cada um deles. Me siga no Twitter: moneceles

Beijooos

Estranhos PrazeresOnde histórias criam vida. Descubra agora