Apenas uma diversão

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Acordei uma verdadeira bagunça. Após ter sido deixada com tesão no chão do banheiro, corri para o meu quarto sem ser vista. Estava tão inebriada, com raiva, ódio pelo meu tio, que decidi trocar de roupa, roubar uma garrafa de vodca e beber como se não houvesse amanhã. Porém, o amanhã chegará e a dor latejante na minha cabeça avisava sem fim.

Vestia apenas uma camiseta larga branca com estampa de gatinhos e um short folgado curto preto com uma listra fina nas laterais. Me espreguicei na beirada da cama e no espelho que estava na penteadeira da frente, percebi as marcas no pescoço do cinto de Daemon. Droga, como vou esconder isso? Está um sol e mormaço lá fora. Preciso de base e pó e jogar meus cabelos para frente. Como queria minhas longas madeixas que iam até à cintura nesse momento, faz 1 semana que cortei na altura dos ombros com um repicado que aparentava curto na frente e mais longo nas costas.

Caminhei até o banheiro com meu kit de maquiagens, lavando o rosto, escovando os dentes e passando da base mais cara ocultando o vermelho no pescoço. Posso afirmar que essa marca era boa, poderia até fazer um review comparando e divulgando para todas as safadas da internet à "como esconder seu lado vadia sem sua família saber." Penteei meus cabelos e deixei todos os fios para frente. Pronto, assim consigo disfarçar e passar pelo café da manhã ilesa.

***

Desci as escadas cantarolando uma música indie rock que não saía da cabeça. A mesa estava posta, meu pai e Alicent começaram o desjejum a pouco tempo.

— Bom dia Rhaenyra — meu pai dizia alegremente — Não te vi mais ontem na festa, estava cansada? Seu tio te entediou com os assuntos das turnês dele?

Se contar o que exatamente Daemon fez, meu pai teria um ataque cardíaco. Entediar foi a última coisa, me fez desejá-lo ainda mais.

— Estava apenas cansada, pai, foi um dia cheio — mentir é algo que sabia bem, fazia descaradamente sem sentir um pingo de vergonha ou remorso.

— Pretendemos sair ainda pela manhã para o aeroporto. Se quiser continuar aqui em casa antes de voltar para o seu apartamento em Londres, não me importo. Fique o tempo que precisar.

Por que continuaria aqui? Vou arrumar as malas quanto antes e voltar para o aconchego da minha cama. Tudo o que passei nesses dias foram a mais pura tortura.

— Quero voltar para casa pai, vou comprar as passagens para amanhã mesmo.

— Bom, Daemon vai embora daqui a dois dias, pode pegar uma carona no caminho para o aeroporto.

Calma! ELE AINDA ESTÁ AQUI?

— Ouvi meu nome? Já tenho tarefas para esses dias? — falando no diabo.

Apareceu descendo as escadas descalço, vestia uma velha camiseta da banda Iron Maiden e um jeans rasgado. Procurava no bolso algum elástico de cabelo para prender suas madeixas longas e andava na direção da mesa de forma presunçosa.

Deveria estar com raiva, mas ele realmente tinha o poder de puxar todos os meus pensamentos mais sujos e deixar hipnotizada só pela forma que andava.

— Estava sugerindo para a Rhaenyra ir com você até o aeroporto, pegar uma carona e não ir sozinha.

— Hmm — cantarolava com o elástico nos lábios enquanto formava um coque frouxo na cabeça — se ela quiser, levo minha doce sobrinha sem problemas.

— Aceito, claro — eu disse.

Sentou ao meu lado e uma fragrância masculina preencheu meu olfato. Um aroma de ervas frescas com madeira molhada após uma chuva de verão no pôr-do-sol. Esticou seu braço para agarrar a garrafa térmica de café e despejar na xícara branca que estava bem na sua frente. Nessa posição analisei melhor as tatuagens dos seus braços. Dragões entrelaçados em torno do seu antebraço, uma caveira ornamentada no braço com uma escrita valiriana próxima ao ombro que significava "Fogo & Sangue", lema que nossa família usou com nossos ancestrais. Respirando fundo, queria memorizar seu cheiro.

Seus olhos encontraram os meus. Tentei decifrar sua expressão e querendo compreender o por que me analisava curioso e sem vergonha com meu pai, seu irmão, bem na nossa frente. Carinhosamente ele colocou uma mecha do meu cabelo atrás da orelha e estremeci com seu toque inesperado.

— O que seria isso no seu pescoço Rhaenyra? Está machucada? — Eu não acredito que esse desgraçado está fazendo isso comigo.

Meu pai aproximou seu rosto tentando encontrar o machucado, preocupado se alguma coisa grave tinha acontecido comigo.

— Agora consigo ver, o que houve filha? Está com um leve arroxeado, alguém te machucou? — Não pai, só seu irmão que me encheu de tesão no banheiro da sua casa e decidiu não terminar com o que começou.

Estranhos PrazeresOnde histórias criam vida. Descubra agora