Desejo carnal

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— Filha? — eu não acredito no que acabei de ouvir. Era a desculpa mais esfarrapada — Você tem coragem ainda de apoiar ele nessa loucura?

Ela riu ainda mais.

— Rhaenyra, é verdade! — Nettles parou de rir e segurou minhas mãos me olhando — acredite em mim.

— Acha mesmo que namoraria uma garota de 18 anos? — se respondesse ele dizendo que sim, com certeza me bateria.

Meu deus eu me sinto uma idiota.

— Certo — respondi observando os dois — por que ela nunca apareceu em uma página de fofoca ou fotos de vocês juntos? Como seus fãs não sabem da sua filha?

— Você procurou sobre nós no Google? — me olhava doido para rir, ele realmente estava se divertindo com essa palhaçada.

— Sim, procurei, fiquei curiosa...

— E ciumenta...

— CALA A BOCA! — eu juro que vou enforcá-lo — responda à pergunta.

— Eu tenho uma ótima assessora e nunca quis expor minha vida. Então tudo é feito com muito sigilo. Existem algumas teorias doidas na Internet se você buscar mais a fundo.

Nunca imaginei que ele pudesse ter uma filha. Ninguém pode me julgar, essa não seria a primeira opção que pensaria sobre ele.

— O que acha de parar de conclusões precipitadas, sentar sua bunda gostosa na cadeira e jantar conosco? — revirei os olhos concordando. A sutileza se perdeu faz tempo ali.

***

Devo confessar que ele cozinha bem. Não elogiei da última vez, pois seu ego se transformaria em um balão e falaria disso por horas. Analisei com atenção os dois conversando e os sorrisos doces que ela dava para ele.

Seu jeito e forma de responder eram idênticos aos dele, mas sua aparência não lembrava nada de nossa família. Suponho que herdou os traços da mãe. Quem seria a mãe afinal? Outra dúvida que se destacou em meus pensamentos, seria sobre sua idade. Se ela tem 18 anos, temos a diferença de 7 anos, então ele foi embora por causa dela? Tenho tantas perguntas, hoje ele precisa responder todas.

O som de notificação do celular de Nettles reverberou pela sala.

— Opa, minha carona chegou! — levantou com o prato nas mãos colocando na pia da cozinha.

— Você vai sair? — perguntei mais como um alívio do que surpresa. Nada contra ela, agora que a verdade veio à tona, mas preciso encher esse homem de perguntas e matar todas as minhas curiosidades.

— Sim, fico 3 dias fora.

Pegou sua mochila transbordando de roupa e beijou a bochecha de Daemon. Foi algo fofo até, era raro ter uma visão dele sendo pai e não fantasiando ele, me fodendo no chão.

Ela foi embora.

— Por que você não me contou desde o início?

— Você precisava aprender a não tirar conclusões da vida dos outros. Foi uma lição, deveria me agradecer — pegou todos os pratos e direcionou até a pia — e claro, ver você ciumenta foi algo realmente gostoso.

— Você só me chamou aqui para encontrar com ela não é?

— E ainda tem dúvidas? Não queria você imaginando por muito tempo que sou um canalha.

— Isso não mudou. Continuo pensando o mesmo!

Ele gargalhou inclinando-se na parede para me olhar.

Seu olhar percorreu as pontas dos pés até o último fio do meu cabelo. Olhava devagar e não escondia onde realmente o agradava quando pausava alguns segundos em uma parte do corpo. Engoli seco e um arrepio percorreu a espinha me obrigando a encostar no sofá.

Daemon gostava desse jogo. O fato de não ir para os finalmentes era algo que o excitava e me ver desnorteada deixava seu dia ainda melhor.

— Ela foi o motivo de ir embora e nunca mais ver nossa família? — a pergunta fez sua expressão mudar.

— Sim, foi o motivo maior — caminhou até o sofá sentando bruscamente e bufando impaciente.

Sentei ao seu lado apoiando o cotovelo no encosto do sofá e entrelaçando as pernas me acomodando melhor. Queria ouvir essa história com atenção.

— Me casei bem novo, tinha 17 anos — ergueu sua cabeça olhando o teto — Eu a odiava e ela me odiava. Isso me fez um péssimo e infiel marido. Não ficava em casa, saía praticamente todas as noites, aprendi a tocar no meio dessa loucura. Então conheci a mãe da Nettles.

O nome nunca foi pronunciado. Parecia que não queria citar ela, lembrar dela, pensar nela.

— Me apaixonei. Passamos dois anos juntos e um dia ela sumiu. Não atendia minhas ligações, não morava mais no mesmo lugar, ninguém sabia dela. Depois de muitos meses, ela apareceu na porta de casa, com um bebê no colo. Entregou dizendo ser minha e sumiu.

Imaginei diversas histórias, menos essa.

— Por que não criou a criança conosco?

— Ninguém queria a criança Rhaenyra. Depois do divórcio, seu pai sugeriu deixá-la em um orfanato. Dizia que talvez a criança nem era minha e estava usando para futuramente pedir algum dinheiro em troca — virou seu rosto finalmente com o olhar melancólico. Nunca o vi desse jeito — no momento que ela estava nos meus braços, não poderia deixá-la. Era minha, nunca abandonaria. Viserys não aceitou, então continuei sozinho.

Não sabia como me expressar. Meu pai foi um escroto por deixar essa situação acontecer. Chamou Daemon para seu casamento tentando se reconciliar.

— Deveria ter levado ela no casamento do meu pai.

— Ela não quis. Só aceitou ver você por que insisti. Não posso culpá-la, seus motivos são genuínos, eu faria o mesmo.

— Por que você foi?

— Eu gosto do Viserys, infelizmente não consigo deixar de procurar sua aprovação, mas quando vi com quem ele estava se casando, entendi que o castigo veio mais rápido do que imaginei.

Rimos debochando de Alicent. Aquele não era o mesmo Daemon confiante que sempre mostrava. Uma pontada de orgulho percorreu meu peito me sentindo vitoriosa por somente eu, ver esse lado dele. Serei egoísta nesse momento.

Sua cabeça encostada no sofá me analisava. Como ele conseguia expressar seu desejo apenas com o olhar?

Ajeitou a mecha de cabelo caída em meu rosto, colocando atrás da orelha. O silêncio era ensurdecedor. Estava de noite, perdi a hora com nossas conversas. Observei o pulso do seu pescoço pular. Talvez seu coração estivesse acelerado igual ao meu. Passei a língua molhando meus lábios e sua atenção permaneceu na minha boca. Sua presença me deixa tonta, quente e ofegante. Tinha um ar opressivo e sensual sempre que me olhava e não conseguia alinhar meus pensamentos e trazer um pouco de sensatez para o meu cérebro.

— Vou tocar em um pub agora de noite, quer ir comigo?

Droga Daemon por que você não me pega logo?

— Não me preparei para ocasião, estou simples — olhei para a regata e calças jeans me achando casual demais.

— Você está linda, não precisa ir extremamente arrumada.

Por que não ir? Não vou conseguir nada aqui mesmo.

***

Estava no banco de passageiro do seu Mustang clássico preto. Não sabia de qual ano era, mas tinha certeza que era antigo, uma relíquia.

— Disse que não precisava ir extremamente arrumada, mas você precisava sair assim? — não queria elogiar muito, mas puta merda, era apenas uma calça jeans, camiseta preta e jaqueta de couro e continuava estupidamente gostoso.

— Gostou? — maldito sorriso canalha.

Revirei os olhos para não concordar. Ninguém merece seu ego inflado.

Estranhos PrazeresOnde histórias criam vida. Descubra agora