Um novo começo

636 49 15
                                    


— Pai, você tem um filho favorito?

Os olhos de meu pai me observavam sentado na frente da escrivaninha de seu escritório. Ele não gostava de deixar o trabalho acumular e sempre adiantava em casa para ter mais tempo comigo, Viserys e mamãe.

Ele tira os óculos e fecha seu laptop deixando toda a sua atenção apenas para mim.

— Amo você e seu irmão igualmente! Não seria capaz de escolher.

— Você diz isso apenas para não me deixar triste — brinco com o fio solto da jaqueta tentando parecer despreocupado.

Ele ri, achando graça da minha afirmação. Seu corpo desliza para fora da cadeira sentando no sofá encostado com a janela e me chamando para estar ao seu lado.

Obedeço, encontrando seu olhar carinhoso e calmo.

Não importava quantas vezes Baelon Targaryen precisava conversar com seus filhos, ele sempre parava o mundo para ouvi-los. Sentir que não era um filho para se ter orgulho machucava. Eu o admirava, mais do que tudo.

— Eu sei que Viserys é melhor do que eu...

— Você tem tantas qualidades Dae, só precisa enxergar isso.

Viro o meu rosto observando o jardim de casa rindo ironicamente.

— Sou apenas uma dor de cabeça para vocês.

— Você é diferente de Viserys. Seu temperamento é mais explosivo, suas respostas mais rápidas, sua vontade de fazer o que deseja em primeiro lugar. Me deixa feliz em saber que você não será manipulado facilmente.

— Isso não quer dizer que você me ama.

Meu pai agarrou meu braço tão gentil e bondoso, que meu coração doeu por soltar palavras tão cortantes.

— Você é a cara de sua mãe Daemon, como não vou te amar?

E naquele momento meus olhos queimaram ao sentir as lágrimas se acumularem. Eu era parecido com ela, não apenas fisicamente, mas a personalidade quente como o sangue de dragão

— O que os meus dois homens fazem trancados nesse escritório? — os lábios de minha mãe se curvam em um sorriso — O céu está lindo lá fora, deveriam aproveitar!

— Vá Daemon, preciso conversar outro assunto com sua mãe.

Levanto do sofá correndo para fora do escritório. Em um último momento, olho escondido para eles antes de brincar no jardim.

Minha mãe sentava no colo de meu pai entrelaçando os dedos e sorrindo para alguma história que ele contava em seu ouvido.

Desejei ter algo parecido com o que eles tinham.

Alguém que eu amasse igual como eles se amavam.

***

— Pai, você tem um filho favorito?

Oh deus, eu conhecia bem essa pergunta e agora estava do outro lado entendendo o sentimento que meu pai precisava dizer.

Sentado no chão do estúdio enquanto afinava minha guitarra olhei meus quatro filhos com enormes olhos atenciosos pela minha resposta.

Tiro os óculos que agora usava após a idade exigir uma visão melhor.

Não, não estou velho, é apenas temporário.

Um mantra que falava todos os dias ao acordar.

Os cabelos também não eram mais os mesmos agora mais curtos depois dos diversos puxões que Visenya e Baelon davam quando eram bebês descobrindo novos movimentos e possibilidades.

Estranhos PrazeresOnde histórias criam vida. Descubra agora