Paz antes da tormenta

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As lembranças surgiram em minha mente adormecida. Tentava voltar para a realidade, mas não queria. Estava confortável e aquecida com o melhor cobertor do mundo.

Abri os olhos, finalmente vendo Daemon dormindo ao meu lado de bruços com o rosto virado para mim e seu braço em minha cintura. Estava próxima dele e parei um tempo para analisá-lo. Os cabelos loiros-prateados estavam soltos percorrendo suas costas largas e algumas mechas perto do queixo. Ele não tinha o costume de deixá-los soltos, sempre estava com um coque frouxo e meu deus ele era lindo desse jeito. Senti vontade de guardar a mecha atrás da orelha, entre os brincos de argola prateados. Seu cheiro era tão bom. Ele sempre usava um perfume amadeirado suave que chamava qualquer mulher para ficar ao seu redor, era aquele radar de canalha que fazia qualquer santa implorar por mais.

A intimidade de nossa posição me deixou sem fôlego. Será que poderíamos estar assim todos os dias? Será que ele ainda me queria?

Por que eu sabia que me perderia em você!

Essa frase mexeu mais comigo do que um simples te amo. Tirar isso dele provou que sim, ele é meu e eu sou dele. Infelizmente fui ingênua de acreditar na história do meu pai e decidi que isso não vai acontecer de novo, nenhuma desconfiança cairá sobre nós.

Não sabia que horas eram, mas lembrei que não estava em casa e sim no quarto de hóspedes de Rhaenys. Não podia continuar aqui e ser vista saindo do seu quarto. Com certeza levaria um belo puxão de orelha e um sermão que duraria sete dias, sete noites e ainda um ano de serviço voluntário.

Deslizei para o lado devagar tentando tirar seu braço da minha cintura sem acordá-lo. Consegui sentar na beirada da cama ainda nua. Olhei novamente para ele e confirmei se ainda estava dormindo. O cobertor cobria apenas abaixo das suas coxas. Cataloguei cada parte do seu corpo e poderia passar horas olhando-o inteiro, os músculos torneados, as pernas grossas, as costas definidas e largas... Eu já disse largas? Céus eu também estava perdida nesse homem lindo. Continuei repassando meu olhar pelo seu corpo com a boca entreaberta salivando, até perceber seus olhos abertos e um sorriso no canto da sua boca.

— Peguei você olhando — murmurou se espreguiçando com o rosto ainda sonolento.

Seus olhos percorreram cada parte do meu corpo.

— Onde pensa que vai?

— Para o meu quarto.

— Não, não, não continue aqui — pegou em meu braço me puxando até ele.

— Você está doido? Não posso ser vista saindo do seu quarto, Rhaenys nos mata.

— Rhaenys sabe de nós sua boba — respondeu passando uma mecha dos meus cabelos atrás da orelha.

— Como assim? — pisquei duas vezes tentando entender essa informação — enfim, mesmo assim é uma falta de respeito isso.

— Você nua, não gemendo em cima de mim, é uma falta de respeito — ele sentou ficando na mesma altura dos meus olhos. Seus lábios traçaram um caminho molhando entre meu pescoço até a clavícula — Eles só acordam depois das 7h, ainda é 4h da madrugada.

Sua voz rouca, sussurrando, estremecia meu corpo. Ele tinha razão, estava cedo demais, poderia passar mais algumas horas aqui. Meus dedos passaram de novo em sua tatuagem.

Dragões não são escravos — disse em alto valiriano, idioma de nossos antepassados que estava tatuado envolta de seu antebraço.

— Fala de novo — ele estava com o olhar fixo em meus lábios e falar assim despertou algo nele.

Dragões não são escravos — pronunciei lentamente, enfatizando cada sílaba.

Daemon me puxou para o seu colo com as minhas pernas ao redor de sua cintura.

— Diga de novo — sussurrou e foi aí minha perdição. Jurava que entraria em combustão naquele exato momento.

Dragões não são escravos — repeti baixinho, mordendo seu lábio inferior.

Seu membro já estava pronto e erguido para mim. Levantei os quadris apenas para encaixar e mergulhar fundo acabando com nossa agonia, gemendo baixo, adorando aquela posição.

— Está indo tão fundo — sussurrei — consegue sentir? — respondeu acenando a cabeça.

A testa caiu em seu ombro e meus quadris se impulsionaram para frente, penetrando ainda mais fundo. Cavalguei devagar, preguiçosamente aproveitando a extensão do seu pau. Quando descia, circulava meus quadris e via seus olhos revirarem e sua respiração ofegar.

— Porra Rhaenyra — ele apertava forte minha cintura deixando marcas avermelhadas dos seus dedos na pele.

— Gosto de estar em cima de você — estava ofegante, extasiada por ele.

— Eu adoro quando você me doma — disse deslizando seu polegar para dentro da minha boca, chupando-o e fazendo um sorriso canalha estampar seu rosto.

Percorreu seu polegar molhado para os meus mamilos duros, passando suavemente, fazendo meu corpo tremer. Aquilo era bom, tudo nele era bom. Agarrei seus cabelos entre meus dedos intensificando mais meus movimentos.

— Quer mais rápido? — perguntei quase não saindo as palavras.

— Deus não, continue assim.

Continuei subindo e descendo me perdendo na luxúria.

— Eu vou gozar, Daemon! — eu sabia que ele amava quando avisava, mesmo sentindo minha boceta convulsionar pressionando seu pau.

Então ele direciona os movimentos mais rápidos e mais fortes com suas mãos grandes em meus quadris largos. Se estivéssemos em nosso apartamento, ele estaria soltando todos os palavrões possíveis, mas agora disse apenas:

— Você fica tão gostosa suada assim em mim — isso abalou qualquer estrutura que segurava meu orgasmo.

Agarrei-o mordendo forte em seu ombro tentando abafar meus gemidos. Meus espasmos fortes desencadearam seu orgasmo e senti me preencher inteira, se derramando fundo.

Ele me abraçou com minhas mãos pressionando seu peito sentindo os batimentos acelerados e a respiração rápida. Desabamos na cama e Daemon envolveu seus braços e puxou a coberta para aquecer, entrelaçando nossas pernas.

Algo mudou nessa loucura de vida e só pensava em ter ele todos os dias.

***

Definitivamente era cedo e as luzes do nascer do sol entravam pela fresta aberta da janela.

Precisava sair imediatamente antes de ser vista. Estava suada e uma bagunça entre minhas pernas, precisava me limpar antes de vestir qualquer roupa. Por sorte, todos os quartos eram suítes, então consegui tomar um banho, vesti meu moletom e caminhei devagar até a porta.

— Me dá um beijo antes de sair pelo menos — não notei quando saiu da cama rápido e me ergueu agarrando em minha bunda.

— Desse jeito não consigo sair.

Ele riu e me beijou, abrindo a boca e acomodando nossas línguas.

Abri a porta gesticulando com as mãos para ele sair de perto, sorrindo igual uma adolescente. Quando virei, me deparei apenas com Laena cara a cara com os braços cruzados e seu olhar julgador.

— Você não tem vergonha na cara? Se minha mãe ver ela te mata.

— Shhh! — agarrei seu braço e seguimos até meu quarto que graças a deus estava perto — não é isso o que você está pensando. Estávamos apenas conversando.

— Ah, não foi o que ouvi aí dentro e com certeza não era uma conversa — disse sorrindo com o canto da boca.

Pensei em algo rápido para falar, mas falar o quê? Como explicar nossa situação sem parecer tão estranha.

— Tá bom Laena, estava transando, pronto, satisfeita? — não é o melhor modo, reconheço, mas era Laena, ela não me julgaria.

— NA MINHA CASA? — tampei sua boca na mesma hora como um ato de desespero.

Claramente ela ficou brava com a minha atitude porque me beliscou forte no braço.

— Ai! Sua vaca! — grunhi nervosa — Laena, por favor, somos adultas, não duas crianças.

— Por que você não me conta a verdade? Antes de dormir, você disse que provavelmente esse relacionamento não tinha mais futuro.

— Eu me enganei certo — sussurrei sentando na cama — agora, nós resolvemos.

— Resolveu falando ou transando?

Droga! Ela tinha razão. Não vou dizer nunca isso em voz alta. Certamente apontaria seu longo dedo indicador dizendo "Eu sei!" "Eu avisei" e isso é irritante. Acredito que pedir uma conversa franca com o Daemon é um ato preocupante. Nesse caso o melhor é deixar acontecer como está, ele não teria outra pessoa além de mim, não é?

— Você está conversando com você mesma, né? Dá para ver pela sua cara confusa olhando para cima, fazendo caretas com interrogação.

— Eu te odeio — exclamei.

— Por que te conheço? Aposto que não falou com detalhes sobre o que vocês têm e simplesmente foi logo para cama.

Maldita garota!

— Laena... Eu aprendi uma coisa sobre ele, e forçar demais alguma demonstração de sentimento é afastar. Ele é com ações, então vou seguir assim — dei de ombros.

Laena me olhou desconfiada, mexendo ansiosa em um dos cachos prateados.

— Meu medo é você se machucar — respondeu sentando ao meu lado — se ele fizer algo com você, me avisa que eu vou correndo cortar o pau dele fora.

Eu ri. Sempre amei Laena, crescemos juntas, estudamos juntas e sempre compartilhamos nossos segredos.

***

Passou 20 dias após o acerto sobre nosso relacionamento. Estava ainda em meu apartamento aproveitando o momento para trabalhar na nova coleção e por Deus estava finalmente pronta. Daemon seguiu em turnê pela Europa e não conseguia acompanhá-lo. Todos os dias ele me envia algo da viagem e conversamos de noite sempre quando dá.

Meu pai infelizmente perdeu o contato, nem quando tentei me aproximar ele quis algo. Deixei assim, não vou insistir.

Me arrumava para uma reunião na empresa e gostaria de apresentar tudo com detalhes. Em meio a tudo isso, fiz um presente para Daemon e vou presenteá-lo assim que voltar. Fiz um lindo... Meus pensamentos foram interrompidos com o toque do celular. Não conhecia o número, mas atendi mesmo assim.

— Alô?

— Rhaenyra?

— Nettles, você está usando outro número? Não apareceu que era você...

— Escuta por favor, eu preciso desesperadamente falar com você — sua voz estava embargada.

— Está chorando? O que houve?

— Minha mãe apareceu aqui! Eu não consigo parar de chorar e quero apenas sumir.

As palavras fizeram um frio na espinha, percorrer meu corpo. A mulher que Daemon nunca comenta, diz o nome, nem ao menos a aparência, voltou.

— Estou indo agora, me envia sua localização, eu vou te ajudar minha menina.


***

Espero que gostem e por favor deixem comentários, eu amo ler cada um deles. Me siga no Twitter: moneceles

Beijooos

Estranhos PrazeresOnde histórias criam vida. Descubra agora