Capítulo 9

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Luiza

Essa é a primeira vez que piso na escola depois de tudo o que aconteceu, senti falta deste lugar e das minhas colegas medrosas.

Para matar a saudade delas, coloquei um insecto na sua lancheira e não demorou muito para se ouvir o som agudo de sua voz.

— Você não muda. – diz Carlos e se senta na mesma mesa que eu.

— Quem te convidou para sentar aqui? – pergunto de implicância com ele.

— Eu não preciso de ser convidado. Como está? – pergunta Carlos.

— Estou maravilhosa. Sentiu minha falta? – pergunto bem humorada.

— Eu não, só quis saber porque do jeito que foi embora naquele, pareceu que... – o interrompo.

— Não foi nada, não faltarei mais à aula. Me verá todos dias. – digo.

— Quer que eu te ajude com a matéria? – pergunta.

— Obrigada, mas já falei com a professora e terei aulas extras. – respondo.

— Luiza. – diz Eliza me abraçando.

Que mania das pessoas é essa agora, ao me ver, me abraçam?

— Senti sua falta, como está? – desfaz o abraço.

— Estou bem. Não sabia que iam sentir minha falta. – digo.

— Somos amigas, claro que sinto sua falta. O que aconteceu naquele dia? – pergunta Eliza.

— Não foi nada, não vamos falar sobre isso. Luana me contou algo que Ana disse para ela. – digo.

— O quê? – pergunta Eliza curiosa.

— Que você é uma ladra. – digo olhando nos olhos dela.

— Que absurdo, a Eliza jamais faria isso. – diz Carlos, a defendendo.

Eliza abaixa a cabeça.

— Por que fez isso? – pergunto séria.

— Não acredito que pensa que isso é verdade. – diz Carlos indignado.

— Estou falando com ela. Aposto que nem sabe, então caladinho. – faço uma pausa. – Aquela pessoa que você defende está dizendo que você é uma ladra, por que tomou a culpa no lugar dela?

Eliza olha para mim com os olhos cheios de lágrimas.

— Eu não queria que seus pais se decepcionassem, pois ninguém se importa se tiver sido eu, mas ela tem seus pais e não existe pior coisa do que ver os pais decepcionados. – diz ela.

Entendo cada palavra que ela disse, eu mesmo faço de tudo para que meu pai tenha orgulho de mim, inclusive sacrificar minhas fantasias de menina pelo sonho dele de comandar nossos negócios. Porém, isso não significa que ela tenha que se sacrificar por essa ingrata e sei que ainda irá se arrepender de a ajudar.

— Pretende fazer isso, se sacrificar por ela? – pergunto.

— Eu sei que não entende, mas eu farei isso. – diz Eliza.

— Eu respeito sua decisão, pode contar comigo para qualquer coisa. – diz Carlos.

— Eu preciso estudar, até logo. Não confia na Ana. – me levanto.

...

Eliza

Ao regressar à casa de meus tios, vi meu tio, Romeu. Corri até ele e o abracei.

— Que bom te ver. – digo e me afasto.

— Precisamos ter uma conversa séria. – diz ele.

...

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